Keeptalent Portugal

Empresa associada do mês

Pode-nos contar um pouco sobre o seu percurso profissional antes de se tornar CEO da Keeptalent Portugal?

Isso é uma longa história… Mas, resumidamente, há muitos muitos anos… (risos) eu entrei nas empresas pela “porta da formação” e rapidamente passei a assumir funções de direção, primeiro na formação, e mais tarde enquanto diretor de recursos humanos. Fui diretor de recursos humanos (de “Pessoas”, como agora gostamos de chamar à área) durante quase trinta anos em várias empresas de grande dimensão em Portugal e com uma experiência multinacional. Estive ligado a vários setores de atividade, mas acabei por “andar” muito no setor dos transportes e, mais concretamente, nas várias áreas do setor da aviação onde estive a maior parte do tempo. Entretanto, tive também uma experiência enquanto administrador executivo de uma empresa, onde cumpri um mandato de três anos, tendo sido um dos primeiros DRHs em Portugal a “sentar-se no Conselho de Administração” de uma empresa. Em 2021, no meio da pandemia, resolvi deixar definitivamente este mundo das empresas enquanto DRH e resolvi “passar para o outro lado” enquanto consultor de empresas e de gestores de pessoas.

Como foi a transição de uma carreira de 30 anos em Recursos Humanos para a liderança da Keeptalent Portugal? Quais foram os maiores desafios?

Diria que a transição foi muito pacífica. Eu, não só com a minha “rodagem” de quase trinta anos a viver as “dores” de uma área tão crítica para as empresas, mas também pela minha já longa experiência enquanto docente universitário, “estudioso” e autor de várias obras, “agente muito ativo” nos meios associativos nacionais e sobretudo internacionais com outros gestores, consegui rapidamente passar para o lado “mais fácil” (diria eu) de, sentindo as “dores dos outros” poder ajudá-los primeiro a compreender os problemas e ajudá-los a encontrar boas soluções para os vários desafios… O segredo julgo, passa pela minha consciência que serei sempre aluno, sempre professor ou, melhor, “compartilhador” (desculpem a tradução livre da expressão espanhola de “compartir” que gosto imenso!) de conhecimento e experiências e eterno mobilizador das melhores práticas em cada momento. Depois, há aquela “coisa” de que o que parece simples, afinal dá mesmo muito trabalho. Trabalhar, trabalhar, trabalhar… é mesmo o segredo.

O que o motivou a trazer a Keeptalent para Portugal, e como vê o crescimento da empresa no mercado português?

Há época havia duas hipóteses: ou constituir uma empresa de consultoria de novo e de raiz ou, até porque eu já tinha essa vontade até pela minha profunda ligação ao Brasil, havia a hipótese de trazer uma empresa que já existe desde 2008 e que nasceu numa cidade chamada Blumenau em Santa Catarina, fazendo crescer o conceito ajustado aos vários mercados da lusofonia. E foi assim que aconteceu… Fundei com o meu sócio a Keeptalent Portugal como uma empresa de consultoria em gestão de pessoas que, para além de recrutamento nacional e internacional, também desenvolvesse todas as dimensões do desenvolvimento das Pessoas das empresas com o objetivo de as ligar mais ao negócio. Pessoas e Negócios é, na verdade, a nossa “fórmula mágica” para que as empresas consigam proporcionar boas experiências aos seus colaboradores, ao mesmo tempo que as alinham mais ao negócio produzindo mais e melhores resultados. Crescemos muito rápido com o negócio de recrutamento internacional, em busca de profissionais qualificados e bem em falta em Portugal, e logo avançamos também para os mercados de Cabo Verde, Angola e Moçambique com outro tipo de serviços de consultoria estratégica, reformulação de processos de articulação das pessoas, reformulação dos propósito e valores das empresas, construção de modelos de competências, desenvolvimento de lideranças, entre outros. Posteriormente, introduzimos uma forte componente tecnológica (pois sem tecnologia não se consegue hoje potenciar estes processos nas organizações) e mais recentemente a partir da experiência dos colaboradores, desenvolvemos bastante as áreas de bem-estar e felicidade organizacional, ajudando as empresas a construírem os seus planos estratégicos nesta área. Assumimos, desde sempre, que o nosso mercado é global. Portugal é demasiado pequeno para potenciar crescimentos sustentados.

Pedro Ramos, CEO da Keeptalent Portugal

Quais foram as principais lições que retirou do seu trabalho em diferentes mercados internacionais, como o Brasil e países africanos?

Trabalhar em mercados internacionais tão distintos, como o Brasil e países africanos, proporcionou-me uma série de lições valiosas. Primeiramente, a importância da adaptabilidade. Cada mercado tem as suas próprias especificidades culturais, económicas e sociais, e é fundamental adaptar estratégias e abordagens às realidades locais.
No Brasil, percebi a relevância de uma abordagem colaborativa e humana na gestão de pessoas, dada a forte dimensão relacional do mercado de trabalho. A ênfase na inovação e no dinamismo do mercado brasileiro também me ensinou a importância de estar sempre à frente das mudanças.
Nos países africanos, como Cabo Verde e Angola, aprendi a valorizar a resiliência. Estes mercados muitas vezes enfrentam desafios estruturais, mas a criatividade e a capacidade de superação das suas populações são notáveis. A noção de crescimento sustentável e o foco no desenvolvimento de talentos locais são fundamentais para gerar impacto a longo prazo.
Por fim, uma lição transversal a todos os mercados é a valorização das pessoas. Independentemente do contexto, o sucesso de uma organização depende sempre da sua capacidade de cuidar, motivar e desenvolver os seus colaboradores. Este princípio é universal, mas deve ser implementado com sensibilidade às particularidades de cada região.

Como é que a Keeptalent diferencia as suas soluções no mercado português e em relação a outras empresas de consultoria de Recursos Humanos?

A Keeptalent Portugal diferencia-se no mercado português pela combinação de proximidade ao cliente, personalização das soluções e uma abordagem inovadora que alia tecnologia e o fator humano. Ao contrário de outras consultoras, a nossa abordagem é profundamente centrada nas necessidades específicas de cada cliente, evitando soluções de ‘tamanho único’. Acreditamos que cada organização tem uma identidade própria e, por isso, as nossas soluções são desenhadas à medida, com um acompanhamento muito próximo e contínuo.
Além disso, apostamos fortemente na digitalização dos processos, utilizando ferramentas tecnológicas avançadas que permitem não só maior eficiência, mas também uma visão estratégica de longo prazo para a gestão de talentos. No entanto, mantemos sempre o foco no fator humano, que consideramos essencial em qualquer transformação empresarial.
Outro fator que nos distingue é o nosso conhecimento profundo do mercado nacional e internacional. Com experiência em vários países e culturas, trazemos uma perspetiva global, mas com adaptação local. Esta combinação permite-nos oferecer soluções com uma visão holística e ao mesmo tempo prática, alinhada com as tendências mais inovadoras em Recursos Humanos.
Por fim, o nosso compromisso com o desenvolvimento sustentável e a responsabilidade social corporativa são elementos centrais da nossa atuação, assegurando que criamos valor não só para as empresas, mas também para a sociedade como um todo.

Na sua opinião, quais são as principais tendências que irão moldar o futuro do mercado de trabalho em Portugal e nos países lusófonos?

O futuro do mercado de trabalho será fortemente influenciado por diversas tendências. A transformação digital e a automação continuarão a redefinir funções, exigindo novas competências e sinergia entre humanos e tecnologia. O modelo de trabalho remoto e híbrido também se consolidará, destacando a necessidade de uma boa infraestrutura, especialmente nos países lusófonos.
Outro ponto central é o foco crescente no bem-estar e na felicidade dos colaboradores, essenciais para a fidelização de talentos. As práticas de sustentabilidade e os critérios ESG (Environmental, Social, Governance) estarão cada vez mais no centro das decisões empresariais.
A educação e a requalificação contínua serão imperativas para acompanhar o ritmo das mudanças, e a promoção de ambientes de trabalho mais diversos e inclusivos ganhará ainda mais força. Finalmente, a internacionalização e a colaboração entre os países de língua portuguesa criarão um ecossistema de talentos mais conectado, impulsionando novas oportunidades.

Com o aumento da mobilidade internacional, quais os principais desafios culturais e demográficos que as empresas enfrentam ao integrar profissionais de diferentes origens?

As empresas enfrentam desafios como a diversidade cultural, que exige adaptação para respeitar diferentes valores e formas de comunicação. A verdadeira inclusão é outro ponto crucial, garantindo que profissionais de todas as origens se sintam valorizados. A gestão de equipas globais também é desafiadora, pois requer flexibilidade para lidar com diferentes fusos horários e estilos de trabalho.
Além disso, atrair e “fidelizar” talentos globais demanda políticas adaptadas às várias realidades culturais. Por fim, a gestão de uma força de trabalho multigeracional requer ajustes que equilibrem as expectativas de diferentes faixas etárias, adaptando-se às mudanças demográficas.

A Keeptalent tem uma abordagem inovadora na gestão de pessoas. Pode partilhar um exemplo de um projeto em que essa inovação tenha feito a diferença?

Um dos casos mais marcantes (e recentes) foi com a principal empresa de telecomunicações de um dos países lusófonos. Conduzimos, num registo de cocriação, um processo de transformação completo com foco nas pessoas, começando pela redefinição do propósito e dos valores da organização. Diante dos novos desafios do mercado e do negócio, redesenhamos o novo modelo de competências, ajustando-o às exigências da era digital e à necessidade de inovação contínua. Realizamos também um assessment dos colaboradores com base nesse novo modelo de competências, o que permitiu identificar lacunas e oportunidades de desenvolvimento individuais. Esse processo não só alinhou a estratégia de gestão de pessoas aos objetivos da empresa, como também promoveu uma cultura de maior agilidade e colaboração. O impacto foi significativo: maior alinhamento e engajamento dos colaboradores, adaptação mais rápida às mudanças e, consequentemente, melhores resultados operacionais.

Pedro Ramos

Como vê o futuro da Keeptalent em Portugal e a sua expansão para outros mercados internacionais?

Vejo um futuro promissor para a Keeptalent em Portugal, especialmente à medida que aprofundamos o nosso envolvimento nas temáticas do Bem-Estar e da Felicidade Organizacional. Estamos a desenvolver uma Certificação Internacional online que será acessível a todos os países lusófonos, o que representa um passo significativo na nossa missão de promover práticas de gestão de pessoas que priorizam o bem-estar dos colaboradores.
Este programa contará com a participação de grandes individualidades mundiais, tanto como formadores como convidados, enriquecendo a experiência e o desenvolvimento dos participantes.
Acreditamos que este foco no bem-estar na felicidade não só fortalecerá a nossa presença em Portugal, como também abrirá portas em outros mercados internacionais.
O nosso compromisso é criar ambientes de trabalho mais humanos e positivos, e a expansão para outros países lusófonos permitirá que partilhemos esta visão, adaptando as nossas soluções às necessidades locais. Estamos entusiasmados com as oportunidades que se avizinham e confiantes de que a Keeptalent será uma referência na promoção da felicidade organizacional em toda a comunidade lusófona.

Que conselhos daria a gestores que procuram melhorar o envolvimento e a valorização dos seus colaboradores no atual ambiente empresarial?

Primeiramente, é crucial promover uma comunicação aberta, onde os colaboradores se sintam à vontade para partilhar ideias e preocupações. O reconhecimento regular do desempenho, seja através de agradecimentos ou recompensas, também faz uma grande diferença na motivação.
Além disso, investir no desenvolvimento pessoal e profissional dos colaboradores através de formações e oportunidades de crescimento é fundamental. Criar um ambiente de trabalho positivo, com iniciativas que promovam a felicidade e o bem-estar, contribui para um clima organizacional saudável.
Incluir os colaboradores nas decisões que os afetam e liderar pelo exemplo, mostrando empatia e apoio, são ações que aumentam o sentido de pertença e compromisso. Ao adotar estas práticas, os gestores podem fortalecer a cultura organizacional e garantir que os colaboradores se sintam valorizados e motivados.

Há alguma parceria futura que esteja particularmente entusiasmado em anunciar?

Sem dúvida, gostaria. A parceria que estabelecemos com a Academia da Felicidade ainda dará mais frutos num futuro próximo…

A AILD está a criar uma rede internacional de pessoas que se vão poder interligar e colaborar entre si. Como vê este projeto e quais as vossas expectativas?

Vejo este projeto da AILD como uma iniciativa extremamente relevante e necessária. Criar uma rede internacional de luso-descendentes permitirá não só o fortalecimento das relações entre as comunidades espalhadas pelo mundo, mas também a criação de novas oportunidades de colaboração em áreas como a cultura, a economia, e a inovação e, claro, com impacto nos negócios…
Esta rede vai possibilitar a troca de experiências e conhecimentos, facilitando o surgimento de projetos conjuntos que poderão ter impacto positivo nas diferentes sociedades onde os luso-descendentes estão inseridos. É uma plataforma que promove a partilha de ideias e a criação de sinergias, permitindo que as raízes e a identidade lusófona se mantenham vivas, ao mesmo tempo que se projetam para o futuro.
As nossas expectativas são muito positivas. Acreditamos que esta rede tem o potencial de criar um movimento global que, para além de unir pessoas, gerará impacto a nível económico e social. Estamos entusiasmados com a possibilidade de colaborar com pessoas de diferentes áreas e países, criando uma verdadeira comunidade global que valoriza e potencia o legado lusodescendente.

Tendo em consideração que esta entrevista será lida por muitos empresários espalhados por todo o mundo, que palavras deixaria sobre a AILD relativamente a esta plataforma global?

A AILD representa uma oportunidade única para empresários e líderes de todo o mundo se conectarem com a vasta e diversa comunidade de luso-descendentes. Esta plataforma global não só promove o networking, mas também facilita a colaboração em projetos que cruzam fronteiras culturais e geográficas.
É, também, na minha opinião, uma iniciativa que permite aos empresários aceder a uma rede de talentos e oportunidades de negócio, potenciando a troca de conhecimentos, parcerias estratégicas e o desenvolvimento de novos mercados. A diversidade e o espírito empreendedor das comunidades lusodescendentes, aliados a uma plataforma que os une, poderá criar um ambiente propício à inovação e ao crescimento sustentável das organizações, das empresas e da comunidade em geral.

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