Dietas há muitas…


A origem etimiológica do termo “dieta” (do grego diaita), assumiu, na sociedade atual, um diferente significado do seu constructo cultural primitivo, subtraindo à ampla construção do “estilo de vida saudável”, a noção de hábito como prática assídua, consistente e perdurável.

A fast fashion impressa nos padrões alimentares atuais, promovida e alimentada através do digital marketing e da autoridade influencer que se observa presentemente, traz também à tona uma série de questões relacionadas com o papel elementar dos nutrientes e dos alimentos.

Dieta, não assumida categoricamente como o “padrão de hábitos de vida saudável”, é ainda hoje, um conceito muito subvalorizado, e que carrega em si, e até ao presente, muitos pressupostos restritivos, limitados e até, de quando em vez, superficiais.

São muitas as promessas: desde os detox e as dietas do grupo sanguíneo, à exclusão de alimentos e/ou nutrientes. E com mais ou menos fundamento científico, entre o padrão paleolítico, vegetariano ou macrobiótico, até ao mais recente jejum intermitente (entre um sem número de outros) a escolha é variada, mas nem sempre a mais sábia.

A exclusão de alimentos e/ou nutrientes da alimentação, deve sempre visar cumprir as necessidades energéticas do ciclo de vida e do nível de atividade física do indivíduo. E o maior risco associado à utilização de abordagens desadequadas que usam frequentemente o carimbo “dieta da moda”, depende dos desequilíbrios do ponto de vista nutricional por estas se apresentarem pouco seguras e potencialmente iatrogénicas. Para além do risco, devemos relembrar-nos regularmente de que muitas vezes são pouco eficazes a longo prazo, dado que não permitem a adoção de hábitos saudáveis, não promovendo assim, saúde.

A adoção de um padrão alimentar saudável é considerado como factor de risco modificável, relacionado com a promoção do bem-estar físico, mental e social, e determinante não só na promoção da saúde como na diminuição do risco de doença.

A ciência e o processo evolutivo da sociedade nos últimos séculos tem vindo a demonstrar que a nutrição e alimentação se constituem como fatores determinantes da saúde de indivíduos e populações, integrados num contexto cultural que se deseja dinâmico.

Indubitavelmente, a dieta representa portanto uma fração fundamental da identidade cultural e social de cada indivíduo, pelo que a(s) influência(s) dos comportamentos alimentares se pretendem sempre oportunas e benéficas.

A cultura alimentar mediterrânica é a evidência da estrutura fundamental de valores materiais e imateriais inscritos na história das civilizações, que se alimenta também de construções simbólicas, como o comportamento, os valores sociais, a relação com a comunidade, e a forma como aprendemos e transmitimos esse património.

Uma dieta sustentada no consumo de produtos frescos e locais, respeitando a diversidade e a sazonalidade, com predomínio na ingestão de alimentos de origem vegetal (particularmente hortícolas, fruta, cereais pouco refinados, leguminosas frescas e secas, e frutos secos e oleaginosos), moderação no consumo de lacticínios e carnes vermelhas, bem como na preferência pela utilização do azeite e de ervas aromáticas, é fundamental em qualquer fase do ciclo de vida.

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