Eduardo Lourenço

Um dos maiores pensadores e críticos da Pátria portuguesa, da sua cultura, identidade e destino.

Vida e percurso académico

Eduardo Lourenço nasceu a 23 de maio de 1923, na Guarda, cidade onde frequentou o Liceu, tendo vindo a terminar os seus estudos secundários no Colégio Militar, em Lisboa. Licenciou-se em Ciências Histórico-Filosóficas na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, a 23 de julho de 1946. Casou com Annie Salomon em 1954. Em 1966, nasceu o seu filho adoptivo, Gil.

Foi Professor Assistente na Universidade de Coimbra, até 1953. Desde esse ano, até 1958, assumiu as funções de Leitor de Língua e Cultura Portuguesa nas Universidades de Hamburgo, Heidelberg e Montpellier. Entre 1958 e 1959, foi regente, como Professor Convidado, da disciplina de Filosofia na Universidade Federal da Baía, no Brasil. Posteriormente, passou a ser Leitor a cargo do Governo francês nas Universidades de Grenoble e de Nice. Em Nice, veio a desempenhar as funções de Maître-Assistant, até à sua jubilação no ano letivo de 1988-1989. Em 1988, assume-se diretor da revista Finisterra – Revista de Reflexão e Crítica e é nomeado Adido Cultural junto da Embaixada de Portugal em Roma. Foi, também, Doutor Honoris Causa pelas Universidades do Rio de Janeiro, em 1995; Universidade de Coimbra em 1996; Universidade Nova de Lisboa, em 1998 e Universidade de Bolonha, em 2006. A partir de 2002, exerceu as funções de administrador não executivo da Fundação Calouste Gulbenkian.

«Todos os meus livros são de circunstância, ou antes, são-me impostos. De resto já só escrevo de empreitada: fulano vai fazer uma conferência a tal parte, é preciso que eu escreva, eu escrevo. Senão não escrevia nada. Nunca teria nenhum destes textos. Nunca me quis servir dos autores».

 Algumas Obras

Heterodoxia I, 1949, Coimbra Editora

O Desespero Humanista na Obra de Miguel Torga, 1955, Coimbra Editora

Fernando Pessoa Revisitado. Leitura Estruturante do Drama em Gente, 1973 , Editorial Inova

O Labirinto da Saudade – Psicanálise Mítica do Destino Português, 1978, Publicações D. Quixote

O Espelho Imaginário – Pintura, Anti-Pintura, Não-Pintura, 1981, Imprensa Nacional – Casa da Moeda

Nós e a Europa ou as Duas Razões, 1988, Imprensa Nacional – Casa da Moeda

O Lugar do Anjo – Ensaios Pessoanos, 2004, Gradiva

Pequena meditação europeia. A propósito de Guimarães, 2011, Verbo-Babel

Tempo da Música, Música do Tempo, 2012, Gradiva

Estudos sobre Camões, (O.C. Vol. VI), 2019, Fundação Calouste Gulbenkian

Pessoa revisitado: critica Pessoana I, (O. C. Vol IX) 2020, Fundação Calouste Gulbenkian

Prémios, distinções e condecorações

Para além de outros prémios, condecorações e distinções recebe o Prémio Casa da Imprensa, em 1974. Em 1981, é condecorado com a Ordem de Sant’Iago d’Espada. Em 1986, é distinguido com o Prémio Nacional da Crítica graças a Fernando, Rei da nossa Baviera e é também galardoado com o Prémio Europeu de Ensaio Charles Veillon, que distingue toda a sua obra. Em 1988, é condecorado com a Ordem do Infante D. Henrique, Grande Oficial. Recebe em 1995, o Prémio D. Dinis de Ensaio; recebe o prémio Chevalier de L’Ordre des Arts et des Lettres pelo Governo francês, em 2000; recebe o Prémio Vergílio Ferreira da Universidade de Évora, em 2001; é agraciado com o prémio Cavaleiro da Legião de Honra, em2002; recebe o Prémio da Latinidade, em 2003; é agraciado com a  Grã-Cruz da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada, em 2003; é-lhe atribuído o Prémio Extremadura a la Creación, em 2006; recebe a Medalha de Mérito Cultural pelo Governo português, em 2008 e a Encomienda de Numero de la Orden del Mérito Civil pelo Rei de Espanha, em 2009. Em 2011, recebe o Prémio Pessoa. Em 2013, foi distinguido com o Prémio Jacinto do Prado Coelho.

Extratos da homília, pelo Cardeal Tolentino Mendonça, na missa do funeral de Eduardo Lourenço

Eduardo Lourenço faleceu, em Lisboa, no dia 1 de dezembro, de 2020.

No Mosteiro dos Jerónimos, na missa oficiada pelo cardeal patriarca, D. Manuel Clemente, e pelo Cardeal Tolentino Mendonça, bibliotecário da Santa Sé, foi ouvido na homília:

«O caixão de Eduardo Lourenço tem a forma de Portugal, do qual ele foi (e será para muitas gerações futuras) um explorador e um cartógrafo, um detetive e um psicanalista do destino, um sismógrafo e um decifrador de signos, uma antena crítica e um instigador generoso e iluminado. Depois dele, todos podemos dizer que nos entendemos melhor a nós próprios… A história do livro é, antes de tudo, a história do desejo humano de permanecer, de vencer a morte, de experimentar sobre a terra algo mais do que uma precária verdade destinada ao esquecimento. Voltamos sempre à mesma sede de transcendência, à mesma desabalada paixão de eternidade, ao mesmo dramático grito para que a existência humana não se consuma como mera passagem. Tornamos sempre, para recorrer a uma expressão de Lourenço, à “insepulta nostalgia de Deus”…».

A Cultura portuguesa ficou mais pobre, mas enriquecida pelos livros que nos deixou.

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