Olinda Beja

Solidão

Na minha terra há um rio
que nunca vai ter ao mar
trago-o eu dentro do peito
e o meu corpo é o seu leito
onde ele se pode espraiar

na minha terra há um pranto
de uma mãe que o não secou
escorre nas minhas veias
como o mar por entre as areias
que o oceano afundou

na minha terra há um porto
com barcos por atracar
as amarras trago-as eu
no destino que me deu
outro porto p’ra embarcar

na minha terra há um mundo
diferente deste onde estou
mas não o trago comigo
ficou para meu castigo
no canto do ôssobô…

Olinda Beja

Olinda Beja

Olinda Beja nasceu em S. Tomé e Príncipe, em 1946, na cidade de Guadalupe.
É uma Poeta, romancista e contadora de histórias. Divulga – através de conferências e recitais de poesia – a cultura de S. Tomé e Príncipe por vários países, como o Brasil, Austrália, Timor, França, Espanha, Suíça, Inglaterra, Luxemburgo, Cabo Verde, entre outros.
As obras de Olinda Beja são estudadas nas escolas de Portugal, Suíça, Luxemburgo e também em variadas universidades do Brasil. Tem trabalhos publicados na Alemanha (Universidades de Frankfurt e de Berlim), cuja temática é a língua portuguesa. Tem também, publicados poemas dispersos em revistas nacionais e estrangeiras, em livros didáticos dos Ministérios Português e Francês da Educação e em diversas antologias.
Parte da sua obra encontra-se traduzida em espanhol, francês, inglês, chinês (mandarim), árabe e também esperanto.

Esta rubrica pretende dar a conhecer ao mundo o melhor da poesia por diversos autores lusófonos. Os poemas são selecionados por Gilda Pereira, uma fã incondicional de poesia.

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