A importância dos Grupos Terapêuticos

em Saúde Mental Infanto-Juvenil


Os Grupos Terapêuticos permitem aumentar e diversificar a resposta, na área da Saúde Mental, indo ao encontro das necessidades mais específicas das crianças/adolescentes. Permitem também, um foco importante na mudança e consequentemente rapidez e eficácia na melhoria sintomática.
A presença de outros elementos que sofrem, maioritariamente, dos mesmos sintomas, fomenta a normalização e cria sinergias no processo de tratamento.
Os Grupos Terapêuticos trabalham as dificuldades de socialização das crianças e adolescentes abrangidos pela intervenção, promovendo uma tomada de consciência de como reagem com os seus pares e com os adultos, da sua vida familiar e escolar. Potenciam a aprendizagem, o assumir da responsabilidade daquilo que fazem, bem como, experimentação de novos comportamentos.
O Terapeuta oferece-se como apoio empático, tranquilo e encorajador, num meio que facilita a verdadeira comunicação. Está presente e atento em todos os momentos, promovendo o diálogo.
A Terapia de Grupo, em geral, é identificada como fonte contentora de conforto e segurança, na qual as emoções, pensamentos, comportamentos e fantasias mais perigosas podem ser exploradas e compreendidas.
Os Grupos Terapêuticos que realizo e de que Vos falo hoje, centram-se na dinâmica do próprio Grupo, muitas vezes, no aqui e agora mas nunca descurando a história pessoal e familiar de cada interveniente. Não existem interpretações diretas, no sentido estrito do termo mas tudo o que acontece no grupo é levado à palavra pelos Terapeutas. Assim, dá-se significado aos comportamentos inscritos nas interações dos diferentes elementos e aos afetos que surgem, nesse mesmo contexto. Fomenta-se a criatividade através do recurso a expressões artísticas ( plástica, dramática e musical), muitas vezes usadas como mediadores de certos conflitos e na elaboração de angústias. Considero os Grupo pedagógicos e terapêuticos, uma vez que estas categorias parecem intrinsecamente ligadas, sobretudo nas faixas etárias em que trabalho (infância, pré- adolescência e adolescência). Estes Grupos têm 3 fases que correspondem a: “ritual de entrada”, desenvolvimento/atividade e “ritual de saída”. Os Grupos são, na sua maioria, heterogéneos, na linha do que defendia o grande mestre, Professor Coimbra de Matos, uma vez que facilitam o reconhecimento e comunicação com o diferente (de si), promovendo o desenvolvimento e o crescimento de cada participante.

Irvin Yalom, psiquiatra e escritor americano nomeou 11 fatores terapêuticos decorrentes da Psicoterapia de Grupo. São eles: 1- Esperança (a expectativa elevada de ajuda antes de começar a terapia está significativamente correlacionada com um resultado positivo); 2 – Universalidade (a não-validação dos sentimentos de singularidade de um paciente é uma poderosa fonte de alívio; clichés: “estamos todos no mesmo barco” ); 3 – Partilha de informações (aconselhamento, sugestões ou orientação direta do terapeuta ou de outros membros do grupo), 4 – o Altruísmo (os pacientes, entre eles, proporcionam apoio, tranquilização, sugestões, insight e partilham problemas semelhantes entre si. Até podem aceitar com maior facilidade observações do par do que do próprio terapeuta); 5 – Reprodução do grupo familiar primário (o grupo de terapia assemelha-se a uma família em vários aspetos: existem figuras de autoridade/parentais; figuras de irmãos/fraternas, revelações pessoais profundas, emoções fortes e intimidade; sentimentos hostis e competitivos); 6 – Desenvolvimento de competências sociais (aprendizagem social); 7 – Imitação (reprodução do modelo); 8 – Aprendizagem interpessoal (J. Bowlby concluiu que a vinculação é necessária para a sobrevivência, mas também que ela é essencial, intrínseca e geneticamente programada); 9 – Coesão grupal (a necessidade de fazer parte é inata em todos nós. Os grupos de terapia produzem um circuito de auto-reforço positivo: confiança – auto-revelação – empatia – aceitação – confiança. Tem de se ter em conta as variáveis como a frequência de participação e a expressão da hostilidade); 10 – Catarse (libertação da emoção ou sofrimento reprimido com posterior sensação de alivio) e por fim, 11 – Fatores existenciais (reconhecer, enfrentar e aprender/assumir).
Os Grupos Terapêuticos têm qualidades especiais, das quais se destacam a multiplicidade de relações; o reforço das emoções, a emergência da criatividade; a partilha e suporte; a aprendizagem social; a oportunidade de crescimento e mudança; a contenção dos impulsos e eficácia no cumprimento das normas.
Acredito e confio que os Grupos Terapêuticos, promovem per si o crescimento psíquico.

Ana Sofia Oliveira Psicóloga Especialista em Clínica e Saúde. Terapeuta EMDR


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