CBDCs

A Corrida Global em Direção às Moedas Digitais dos Bancos Centrais

No meio das evoluções nas paisagens financeiras globais, as Moedas Digitais dos Bancos Centrais (CBDCs) tornaram-se um ponto focal de discussão, provocando debates sobre a possível perda da liberdade financeira e a mudança para o controlo centralizado. Enquanto vários países estão a apressar-se para lançar as suas CBDCs, um número significativo está a resistir a esta tendência transformadora. Neste artigo, exploramos as últimas atualizações sobre os desenvolvimentos das CBDCs em todo o mundo, lançando luz sobre as diversas posturas que as nações estão a adotar.

América do Norte:
Uma Perspetiva Dividida

Nos Estados Unidos, a jornada em direção às CBDCs tem enfrentado resistência de estados individuais. North Carolina e Florida passaram leis a proibir o uso de CBDCs. A divisão entre democratas, que defendem as CBDCs para aumentar a competitividade, e republicanos, que expressam preocupações sobre o controlo centralizado, reflete o discurso mais amplo na nação.

América Latina:
Testes e Preocupações

O Brasil tem participado ativamente nos testes de CBDCs, com preocupações sobre códigos que indicam a possibilidade de congelamentos de transações. Enquanto isso, a Argentina mostra pontos de vista conflitantes, com várias figuras a favor das CBDCs para combater as altas taxas de inflação no país.

Europa:
Encontrando um Equilíbrio

Em toda a Europa, onde o Euro é predominante, a França tem bancos a oferecer contas em Yuan digital, levantando preocupações sobre a estabilidade do Euro. Já o Reino Unido estuda uma libra digital com foco especial na privacidade. De acordo com a cronologia dos estudos sobre o euro digital pelo BCE, o tempo de trabalho foi estimado em cerca de dois anos, tendo começado em 2021. O termo “euro digital” já se encontra devidamente registado em preparação para um possível lançamento.

Rússia:
Desenvolvimento Acelerado
e Sanções

Enfrentando sanções sem precedentes, a Rússia acelerou o desenvolvimento da sua CBDC, aprovando uma lei, revelando uma tabela de taxas, logótipo e iniciando testes, destacando o impacto dos desafios geopolíticos nas estratégias financeiras.

Ásia:
Testes Ativos e Interesse Variado

A China tem sido pioneira no desenvolvimento de CBDCs, testando ativamente o seu yuan digital e concluindo negociações transfronteiriças. Curiosamente, Hong Kong, apesar de fazer parte da China, mostra-se reticente. Já a Índia, segue o exemplo da China e tem avançado com testes da rupia digital, com foco especial em pagamentos offline.

Oceânia e Médio Oriente:
Um Ato de Equilíbrio para o Controlo

A Austrália está atrás das CBDCs e a tokenização para controlo, enquanto os UAE planeiam testes de CBDC. Israel condiciona a emissão de um shekel digital à adoção generalizada de stablecoins, enfatizando as considerações estratégicas em torno da implementação das CBDCs.

África:
Empurrões Agressivos e Obstáculos Inesperados

Na África, a Nigéria tem promovido agressivamente a adoção de CBDCs, recorrendo a medidas como restringir o uso de dinheiro. Pelo contrário, o Quênia adiou seus planos de CBDC, reconhecendo que as tecnologias existentes podem resolver efetivamente questões de pagamento. O Zimbábue introduziu uma reviravolta única, emitindo um token de ouro para competir com o dólar, abrindo um novo capítulo na interseção de metais preciosos e moedas digitais.

Perspetivas Globais e Sentimento Público

A atitude global em relação às CBDCs varia, com os mercados desenvolvidos expressando menos entusiasmo em comparação com os mercados em desenvolvimento, possivelmente indicando diferentes níveis de conscientização. Pesquisas recentes na Espanha e na Rússia revelam a relutância dos cidadãos em relação às CBDCs, apesar das iniciativas governamentais.

Enquanto as nações procuram ativamente as CBDCs, desafios técnicos e a necessidade de confiança pública representam obstáculos significativos. A ausência de identidades digitais, uma peça crítica de infraestrutura, também é observada, enfatizando a necessidade da sua adoção generalizada antes que as CBDCs possam ser totalmente abraçadas.

Em conclusão, a corrida em direção às CBDCs é uma paisagem dinâmica e em evolução. Enquanto algumas nações abraçaram entusiasticamente essa evolução financeira, outras mostram cautela e resistência. Nos próximos anos provavelmente vamos ver um diálogo contínuo entre governos, bancos centrais e cidadãos, à medida que o mundo navega nas complexidades das moedas digitais e seu impacto na autonomia financeira.

Delfim Cascais
Head of Marketing da RealFevr

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