Dermatite Atópica

O que é? Como tratar?


A dermatite atópica ou eczema atópico consiste numa doença inflamatória crónica da pele que geralmente tem início durante a primeira infância. Estima-se que afete cerca de 10% a 20% das crianças e está geralmente associada a história familiar ou pessoal de doença alérgica. É mais frequente nos países desenvolvidos e a sua prevalência tem vindo a aumentar. O diagnóstico é clínico, ou seja, não são precisos exames, basta a observação médica. As principais características da doença são: prurido (comichão), distribuição típica que varia de acordo com a idade e evolução crónica com exacerbações (alturas em que está pior e alturas em que está melhor). Em 85% dos casos a doença tem início na primeira infância, após os 3 meses de idade. No lactente, a doença atinge sobretudo a face, couro cabeludo, superfícies extensoras e tronco. Na segunda infância tende a localizar-se na região dos sangradouros e região politeia, persistindo xerose cutânea (pele seca). O adolescente tem um padrão mais semelhante à doença do adulto. Cerca de 50% das crianças com dermatite atópica vão ter manifestações da doença na idade adulta.
As crianças pequenas têm muitas vezes alterações do sono, pelo prurido que se intensifica à noite, o que tem também impacto no sono dos pais. Esta sensação de prurido intenso leva a coceira permanente, com agravamento das lesões e um sono muito agitado.Existe também impacto social pelo estigma da doença cutânea, o que muitas vezes condiciona no adolescente perturbações da imagem corporal e baixa autoestima. Pode também condicionar o rendimento escolar e a escolha do tipo de exercício físico a praticar. Nas famílias, o impacto da doença crónica e as despesas acrescidas com o tratamento destas crianças são uma realidade.

Existem várias estratégias para minimizar o impacto na qualidade de vida, que passam por medidas para alívio do prurido e do desconforto, melhorar o sono, controlar a inflamação, reduzir as lesões e as recorrências.
Para atingirmos todos estes objetivos, medidas básicas de hidratação e proteção da barreira cutânea são fundamentais.Nestes bebés, crianças e adolescentes os banhos devem ser curtos, pouco quentes, utilizando agentes de limpeza com pH neutro, seguidos de aplicação de emoliente duas ou mais vezes por dia. Sabemos que estas medidas simples minimizam a agressão da pele e a perda de água. As crianças devem usar roupas de algodão e devem ter as unhas curtas e limpas para evitar a infeção da pele. O stress emocional também pode ser um fator desencadeante e condicionar o agravamento das lesões de dermatite atópica.
Outro pilar fundamental para o controlo da doença é a terapêutica tópica (aplicada na pele) anti-inflamatória que passa pela utilização dos corticoides tópicos (cortisona) e numa segunda linha pela utilização dos inibidores da calcineurina, prescritos na consulta de Pediatria. Existe uma corticofobia generalizada que deve ser combatida. As famílias não devem ter medo de utilizar estes fármacos, devem ter um plano escrito, pelo seu médico, de como os utilizar e devem saber onde podem aplicar cada fármaco. Os anti-histamínicos sedativos( medicação oral) também poderão ter o seu papel no controle do prurido noturno em fases agudas da doença.
Embora não tenha cura, é possível controlar a dermatite atópica melhorando a qualidade de vida das crianças e dos pais.

Sara Ferreira Médica Pediatra


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