Mensagem do Presidente Philippe Fernandes

São João dia dos Portugueses do Oriente

©Johan Nieuhof

No passado dia 23 de Junho na festa do Clube Lusitano, o senhor embaixador Alexandre Leitão, Cônsul-geral de Macau e Hong Kong, referiu que os portugueses, foram os primeiros a contribuir para a criação de uma primeira rede global interligando todos os continentes do mundo e a maioria dos seus povos, que se iniciou em 1300.

Portugal foi sempre um país pouco populoso, pelo que nunca teve um grande número de soldados. A rede criada com os descobrimentos assentava sobretudo em parcerias locais e em entrepostos comerciais.

Tomemos como exemplo Macau, território chinês, mas cuja administração estava confiada a Portugal desde o século 16 até ao ano 1999, como sinal de amizade entre os dois povos.

Macau tornou-se rapidamente no primeiro entreposto europeu na Ásia, interligando a China o Japão e a Europa e não só.

Entre os factos negativos de termos tido reis espanhóis como reis de Portugal, é o facto dos inimigos de Espanha terem passado automaticamente a ser inimigos, também de Portugal. As nossas possessões estiveram permanentemente sob ameaça e cobiça de todos os inimigos de Espanha, tendo provocado graves danos nos nossos entrepostos comerciais.

Por essa razão, em 1622 os holandeses, ajudados pelos nossos aliados ingleses, decidiram invadir Macau, cidade que não era fortificada, mas que tinha uma grande frota naval.

1.300 homens armados, dos quais 800 soldados, desembarcariam, para fazer face ao poderoso e sempre temido exército português, constituído por homens de garra, mas com apenas 60 soldados portugueses e 90 mosqueteiros locais.

Assim, na madrugada do dia da Festa de São João, no dia 24 de Junho, os Holandeses decidiram tomar posse de Macau e aniquilar os portugueses, no entanto, foram surpreendidos com a coragem, união e bravura dos soldados portugueses, que se juntaram aos jesuítas, frades, macaenses, chineses, criados e escravos africanos, que ao todo constituíam uma força impressionante de 200 homens. A atuação de cada uma dessa gente, foi crucial para esmagar de forma exemplar a ousadia holandesa. Por tal feito, os escravos tornaram-se homens livres e todos se livraram para sempre dos holandeses.

Na defesa de Macau 4 portugueses perderam a vida, dois espanhóis e vários escravos africanos e contaram-se ainda vinte feridos. Do lado holandês, quinhentos morreram, perderam todo o seu armamento, bandeiras, tambores e fugiram em desespero e de forma caótica, temendo pela vida.

Terminada a batalha, que durou umas três horas, os vitoriosos portugueses e moradores juntaram-se todos na Catedral para um Te Deum, dando graças pela vitória, tendo o Senado prometido, que dali em diante seria sempre feita igual comemoração na véspera da festa de São João Baptista, dado que o povo acreditou que a vitória alcançada se deveu à miraculosa intervenção de São João Baptista.

Faz, portanto, 401 anos que o 24 de Junho se tornou o dia dos Portugueses do Oriente, dia de Macau, e São João Baptista tornou-se padroeiro de Macau.

Para os holandeses este dia lembra a maior derrota de sempre na Ásia.

Muitos povos asiáticos também comemoram este dia porque celebram o início das Monções, não fosse o dia de São João Baptista…

Com a intervenção crucial e generosa do Clube Lusitano, para a AILD este dia passará também a ser o aniversário da criação da Delegação de Hong-Kong.

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