Mensagem do Presidente Philippe Fernandes
Património Imaterial
Acabámos de viver o Carnaval, para mim que sou de Viseu, o Carnaval está marcado por um som muito peculiar, o som dos tambores e sobretudo o som dos bombos do “Zé Pereira de Vildemoinhos” que com os seus desfiles anunciam a festa e que faz a festa durante a festa.
É difícil ficar indiferente ao desfile do “Zés Pereiras”, o som ecoa no nosso corpo e o nosso coração sente o ritmo dos tambores.
Este ritmo peculiar, está também presente nas romarias, nas festas de aldeia, e é um som muito nosso, que está presente por esse mundo fora onde deixámos parte da nossa herança.
Quem vivenciar o Carnaval pelo Rio Janeiro ou em Minas Gerais, vai imediatamente sentir-se em casa embalado por este ritmo que nos é tão familiar.
Este ritmo está ligado à chula, que é uma dança popular e género musical de Portugal, de andamento ligeiro e de ritmo bastante marcado por um tambor conhecido por zabumba, por triângulo e chocalhos, originária do Alto Douro e do Minho. Quando há canto este é acompanhado por rabecas, violas, sanfonas e percussão.
Aprofundado o conhecimento da Chula e dos conjuntos de tambores usados, identificamos que a nossa presença Minhota e do Alto Douro, ainda hoje se faz ouvir na grande maioria dos sons nordestinos no Brasil, e faz sem dúvida parte da nossa herança e do nosso património imaterial.
Temos um riquíssimo património imaterial que não deve ficar confinado a museus ou arquivos históricos, temos de ter a perceção que tem uma componente de passado, que tem que ser preservado, tem uma componente de presente, que deve ser mantido vivo no nosso dia-a-dia, e tem uma componente de futuro, que deve ser projetado para aumentar essa riqueza.
Não resisto a homenagear o projeto REPASSEADO, que tem promovido artistas que mantêm vivas o nossa herança musical de uma forma moderna e atual, partilhando o nosso património imaterial por esse mundo fora de uma forma notável, projetando artistas da vanguarda da música portuguesa com traços tão nossos.
Destes artistas, não posso deixar de destacar o sucesso da Chula Alentejana, do artista OMIRI, que vos convido a descobrir no YouTube, e se calhar não vão resistir a ouvir o mega sucesso da “Canarinho” do mesmo artista, quem diria que veríamos as nossas avós com as suas velhas canções em top internacionais.
Saibamos valorizar a nossas heranças culturais, o nosso património imaterial que muito define quem nós somos e donde descendemos.