Os 400 anos da descoberta do Tibete

© Joaquim Magalhães de Castro

País das Neves Eternas, Tecto do Mundo ou Shangri-la, são algumas das expressões mais comuns quando nos referimos ao Tibete. Porém, a verdade é que tais palavras se revelam insuficientes para definir a grandiosidade e amplitude desta extensão de terra nos confins dos Himalaias.

Fonte de fascínio no mundo asiático, a realidade do Tibete manteve-se desconhecida no Ocidente até ao século XVII, quando jesuítas portugueses sedeados em Goa, levados pelos rumores de que ali existiriam comunidades cristãs, abriram o caminho a uma série de exploradores e aventureiros que só três séculos depois ousariam partir em busca das riquezas materiais e espirituais dessa vasta nação.

Ora, o protagonista dessa aventura foi um jesuíta português, o padre António de Andrade, que em Agosto de 1624 chegou ao remoto Tibete.

Era a primeira vez que um europeu conseguia tal feito.

As viagens himalaicas

A aventura europeia nos Himalaias tem a sua origem nas faldas montanhosas de Oleiros, Beira Alta, onde nasce, em 1580, ano fatídico para a nação, António de Andrade, o homem a quem com toda a justeza se atribui o pioneirismo nos Himalaias e planalto tibetano.

Passariam dezasseis anos até que, na quase vizinha aldeia de Mação, visse a luz do dia Manuel Marques, companheiro de viagem de Andrade, e não menos pioneiro. Protagonistas, um e outro, de uma das mais emocionantes sagas levadas a cabo por portugueses. E foram muitas, como bem sabemos.

Entretanto, em 1582, da distante Índia, Rudolfo Acquaviva, missionário italiano ao serviço do Padroado Português do Oriente, enviava para a Europa as primeiras notícias acerca de um misterioso reino chamado Potente, ou seja, o Tibete. Dois anos depois, o catalão Antonin Montserrat, subalterno de Acquaviva, dava os últimos retoques num relatório onde detalhadamente eram descritas as crenças e costumes dos “boths” ou “bothantas”, i.e., tibetanos.

Passado um ano, o padre Jerónimo Xavier (sobrinho de São Francisco Xavier) e o leigo Bento de Góis, tratam de recolher informações acerca do Tibete no decorrer de uma viagem efectuada à região de Caxemira, resumindo-a nas cartas que dali despacharam para Goa. Xavier remeteria novas informações na missiva do ano seguinte, isto vinte e quatro meses antes do desembarque de António de Andrade em Goa.

A busca propriamente dita do mítico reino do Cataio iniciar-se-á com a partida de Góis em direcção à Rota da Seda, em 1603, no decorrer da qual, em Yarkand (actual Xinjiang chinês), este irmão jesuíta encontra-se com um príncipe tibetano que era prisioneiro dos muçulmanos. Chama-lhe Gombuana Miguel, e após a conversa mantida com ele, em persa, concluia erradamente o açoriano de Vila Franca do Campo serem cristãos todos os tibetanos.

Por essa altura, 1603-1604, é possível que alguns jesuítas tivessem já tentado penetrar no Tibete através da acidentada Caxemira, certamente inspirados pelas pistas fornecidas por Xavier e Góis, e, sobretudo, as de um mercador de seu nome Diogo de Almeida que acabara de viver dois anos em Basgo, reino tibetano do Ladakh, dele dando notícia primeira ao arcebispo de Goa Dom Aleixo de Meneses. Dizia o comerciante que os tibetanos tinham “muitas igrejas ricamente decoradas, com pinturas nos altares e imagens de Jesus, Nossa Senhora e os Apóstolos.” Haveria por ali também muitos padres, que eram celibatários e se vestiam como os religiosos ocidentais. Com uma só diferença: rapavam a cabeça. Almeida fala ainda da presença de um bispo, a que chamavam ‘lamão’ – provavelmente a menção mais antiga à designação ‘lama’ em todo o Ocidente…

© Joaquim Magalhães de Castro

Homem do seu tempo, imbuído pelos mitos medievais do reino do Cataio e do Preste João, Diogo de Almeida confundia o budismo tibetano praticado além Himalaias como uma forma abastardada de cristianismo.

A 30 de Março de 1624, António de Andrade e Manuel Marques partem de Agra, e só um mês depois chegam a Deli, tendo como destino o Tibete. Alcançam a pequena povoação de Srinagar, actual província do Himachel Pradesh, a 11 de Maio e, depois de uma visita a Badrinath, local de peregrinação hindu, descobrem a nascente do rio Ganges, “as fontes do Ganges”, como diz Andrade numa das cartas que escreveu. Logo a seguir, atravessam o colo de Mana – limiar entre as enflorestadas montanhas himalaicas e o árido planalto tibetano – atingindo em Agosto, e depois de uma tentativa gorada, a cidade de Tsaparang, a tão almejada capital do Reino do Guge. Setembro é altura de regresso a Agra, de onde Andrade enviará uma primeira carta, que só dois anos depois, e após a obtenção de “todas as licenças”, será publicada em Lisboa, pelo editor Matheus Pinheiro.

O padre beirão voltaria a encetar a mesmíssima rota a 17 de Junho de 1625, desta feita acompanhado pelo confrade Gonçalo de Souza. Atingido o destino a 18 de Agosto, regressa Souza à Índia pouco tempo depois. A 10 de Setembro, Andrade redige nova carta relatando esta segunda deslocação ao Tibete.

1626 seria um ano frutífero. Enquanto em Lisboa era editado sob o título Novo Descobrimento do Gram Cathayo ou Reinos do Tibet a primeira missiva de Andrade, escrita a 8 de Novembro de 1624, algures entre 15 de Março ou 30 de Abril de 1626 deixavam Cochim os padres Estêvão Cacela e João Cabral rumo ao Tibete Central, decididos a estabelecer aí uma missão católica semelhante àquela que entretanto fora estabelecida com sucesso em Tsaparang.

Por essa altura, conduzidos por Manuel Marques, demandavam a essa cidade João de Oliveira, Francisco Godinho e Alan dos Anjos, de seu verdadeiro nome Alain de Beauchere, pois era francês de nacionalidade. São eles que a 12 de Abril irão colocar a primeira pedra naquela que virá a ser a Igreja de Tsaparang, dedicada a Nossa Senhora da Esperança.

A 12 de Julho é expedida de Hugli a primeira circular de Estêvão Cacela, e a 2 de Agosto, este e o companheiro João Cabral, deixam Bengala rumo ao norte. O mês de Agosto de 1626 assinala o envio de dois relatos da missão do Tibete: um de Andrade (o terceira da conta pessoal) e um outro de João Godinho. Informes enviados, note-se, com um dia de diferença.

Quando, em Outubro, Cacela e Cabral alcançam Cooch Bihar, já Manuel Marques deixara Tsaparang com destino à Índia em busca de novos missionários, inaugurando um período marcado por sucessivas viagens de ida e volta. Eram viagens épicas, feitas em dificílimas condições e que muitas vezes custavam a vida a quem as realizava.

Na passagem de 1626 para 1627 Thi Tashi Dagpa, o rei de Guge, que tão bem recebera os padres portugueses, inicia uma perseguição continuada aos monges locais, facto que comprometerá a médio prazo o futuro da Missão Católica.

Criar esse pólo de cristandade em terras tão inóspitas fora façanha basta mas não suficiente, já que na Primavera seguinte seria estabelecida uma estação missionária no ainda mais remoto povoado de Rutok, na fronteira entre o Ladakh e o Ngari. Erguida numa colina sobranceira ao lago Pangong e a uma altitude de quatro mil metros, Rutok caracteriza-se pelas suas casas construídas em socalcos, caiadas de branco, todas elas muradas. No topo da colina avista-se um grande palácio e vários mosteiros pintados de vermelho, a assinalar território budista. 

O insucesso da missão

No mesmo ano em que era aberta a missão de Rutok, 1627, Cacela e Cabral chegam no Butão. Em Maio desse ano, seguirá Godinho para Caxemira, e a 29 de Agosto é expedida de Agra uma carta colectiva – redigida por Andrade, Anjos e Oliveira – dando conta da perseguição aos lamas, motivo de grande preocupação, pois aqueles previsivelmente se iriam tornar cada vez mais hostis. Andrade escreverá ainda outra epístola, na mesma altura em que Cacela enviava o seu informe “do reino de Cambirasi”, i.e, o Butão.

Em Setembro chega António Pereira a Tsaparang e três meses volvidos é a vez de Anjos escrever uma carta antes de deixar o Tibete a caminho de Goa. No início de 1628 Cabral alcança a cidade tibetana de Xigatsé (Cacela havia chegado um mês antes), tendo partido pouco depois para Bengala, via Nepal, estando de regresso a Hugli em Abril. É pena que não exista um relato dessa viagem pioneira; de resto como não há qualquer comunicado sobre as viagens a Caxemira anteriormente mencionadas. O texto de João Cabral enviado de Hugli não nos dá grandes pormenores.

Não satisfeito com tanta andança parte uma vez mais para Cooch Bihar o nosso padre, desta feita na companhia de Manuel Dias. No início de 1629 tentará prosseguir até Tsaparang, mas acaba por regressar a Bengala. Chega no Verão à capital do Guge António da Fonseca, mais ou menos na altura em que Cabral e Dias partiam para Xigatsé, decididos a encontrar nova rota para o Tibete, desta feita através do Sikkim. Não atingiriam o destino almejado, pois o padre Dias morre algures no reino de Morongo, zona oriental do Nepal, a 3 de Novembro. Consta que existe um alegado túmulo seu alvo de concorrida romaria, já que a população local santificou esse português…

Em 1630 Andrade dirige-se a Goa onde é eleito provincial dos jesuítas, ano com nova baixa de relevo: Estevão Cacela falece em Xigatsé, facto que leva o rei tibetano local Demba Cemba a pedir o regresso de Cabral. Em Tsaparang revoltam-se os lamas contra Thi Tashi Dagpa, senhor de Guge, em conflito com o seu parente Sengge Namgyal, rei de Ladakh. Tirando proveito da grave crise as forças ladakhis invadem o reino e sitiam a fortaleza de Guge, até então impenetrável. Face à ameaça inimiga de diariamente executar cinco habitantes, Thi Tashi Dagpa decide render-se, tendo sido de imediato decapitado, ele e toda a sua família, por ordem do rival.

Sengge Namgyal, o “Rei Leão”, governou o Ladakh de 1616 até à sua morte, em 1642. No rescaldo do conflito, a maioria dos cristãos de Tsaparang é feita prisioneira e a estação missionária de Rudok, a centenas de quilómetros dali, arrasada.

© Joaquim Magalhães de Castro

Em 1631 o rei de Xigatsé volta a convidar Cabral, enquanto o português António Pereira, acompanhado pelos transalpinos Domenico Capece e Francisco Morando, preparam uma viagem ao Tibete. Na mesma altura, Francisco de Azevedo parte para Tsaparang na sua qualidade de visitador (inspector) – função que Andrade, seu superior, lhe conferira – o que diz bem da importância que a Companhia de Jesus atribuia à missão naquelas paragens.

Chegará João Cabral a Xigatsé na segunda semana de Maio, enviando daí um relatório um mês depois. Entretanto, em Agra, Capece, Morando e Pereira aguardam notícias da capital do Guge. Era um esperar para ver.

A 25 de Agosto o visitador alcança a cidade, tendo aí permanecido até 4 de Outubro, altura em que, na companhia de João de Oliveira, ruma a Leh, capital do Ladakh, com o intuito de se encontrar com o vencedor de Thi Tashi Dagpa, para tentar negociar a continuidade da missão católica. Eles chegam a Leh a 25 desse mês e imediatamente são recebidos pelo rei. Voltarão a merecer a honra de uma audiência cinco dias depois. Mas como não conseguem os seus intentos, a 7 de Novembro, em vez de regressar a Tsaparang, Azevedo e Oliveira optam por seguir para a Índia, via Reino de Kulu, inaugurando assim uma nova rota para o Tibete.

© Joaquim Magalhães de Castro

Cabral partirá de Xigatsé rumo a Hugli esse mesmo mês, testemunhando pouco depois o saque da cidade pelas forças mogóis…

Logo no início de 1633 Andrade endereça uma carta a Roma dando conta dos trágicos acontecimentos em Guge e do regime de residência vigiada vivida pelos padres da Missão. Libertado das suas funções de provincial, o beirão pede para regressar ao Tibete. Um ano depois, e no momento em que se preparava para abalar na companhia de seis outros jesuítas, Andrade é promovido a Visitador para o Japão e a China, função que nunca chegará a desempenhar pois morre envenenado, em Goa, a 16 de Março, supostamente por um indivíduo que ele pretendia denunciar ao Santo Ofício. A questão, porém, é bastate controversa. Muito provavelmente, o padre Andrade foi assassinado por elementos rivais da sua Ordem.

Datada de 1675, existe no arquivo jesuíta de Praga uma representação alegórica da morte de Andrade extraída de um martirológio dos jesuítas; interessante gravura da autoria de Mathias Tanner.

Na Primavera do ano 1634, o espanhol Nuno Coresma liderará a equipa anteriormente reunida por Andrade, mas dois dos membros morrem pelo caminho, junto a Agra, e Coresma segue com Ambrósio Correia até Tsaparang, substituindo alguns dos padres que lá se encontravam e que aproveitaram a companhia para regressar a Goa. Foi o caso de Alan dos Anjos.

Em Agosto desse ano era enviado um relatório sobre a missão do Tibete da autoria de Coresma e co-assinado por Correia e Manuel Marques – já então o missionário com mais experiência do Tibete –, ao qual se seguiria nova missiva para Roma. No fim de Verão, Coresma e Marques ver-se-iam privados da sua liberdade, contudo, algures em Novembro, estavam de partida para Goa, pois Álvares Tavares, o novo provincial de Goa, ordenara aos padres que abandonassem o reino de Guge. Coresma e Marques chegam a Agra a 11 de Dezembro e três dias depois redigem uma carta dando conta do abandono forçado da missão.

O cativeiro de Manuel Marques

Após dez anos de actividade a missão no Ngari, Tibete Ocidental, fora desactivada, mas nem por isso se deram por vencidos os valorosos padres. Em Junho de 1636, chega a Agra, vindo de Goa, António Pereira que um mês depois, acompanhado pelo experiente Alain dos Anjos, parte para Srinagar, nos contrafortes do Himalaias, disposto a seguir dali para o Tibete se as condições o permitissem.

A 17 de Setembro, o visitador Francisco de Castro propõe ao provincial de Goa a transferência dos recursos reunidos para a missão tibetana em Agra para a do Grande Mogol, contudo, Anjos acabaria por falecer em Srinagar, deixando uma vaga que seria preenchida em Janeiro de 1637 com a chegada do napolitano Stanislau Malpichi, que aí se junta a António Pereira. A esperança de reabrir a missão mantinha-se inabalável!

Em Srinagar, apenas a alguns dias de caminhada do temível colo de Mana, os padres aventureiros estavam a um passo do Tibete, embora fosse um passo gigante. Nessa Primavera o governador Guge – mero fantoche às ordens do rei de Ladakh – pede o regresso dos missionários portugueses, mas Pereira e Malpichi, cautelosos, aguardando ainda ordens superiores, decidiram não abandonar Srinagar. O tão esperada édito de Roma só chegaria em 1640. E com ele novos reforços prontos a reabrir a missão. Eram eles Tomé de Barros, Inácio da Cruz e Luiz da Gama, conduzidos por Manuel Marques, quem mais haveria de ser… Marques e Malpichi serão capturados por soldados tibetanos no colo de Mana, quase já com um pé no Tibete, conseguindo, porém, escapar. Mas Marques volta a ser apanhado. Não mais verá terra portuguesa! Afinal, o convite do governador não passara de um insidioso ardil.

A 25 de Agosto de 1641, Gama, Barros e Cruz estão já de regresso a Agra e no ano seguinte recebem carta do infeliz Manuel Marques, encarcerado em Tsaparang. Ao lê-la constatam que os tibetanos se recusam a libertar o seu compatriota, e a verdade é que o desafortunado aventureiro acabará por morrer, em data desconhecida, agora, de novo, num enclausurado e xenófobo Guge.

© Joaquim Magalhães de Castro

Manuel Marques foi um dos dois primeiros jesuítas a chegar ao Tibete e o único a aí permanecer para sempre. Após a sua morte não mais haverá missionários no Tecto do Mundo, o que não significa que a Companhia de Jesus tenha renunciado a tarefa evangelizadora.

Sob as ordens do Superior Geral, a Missão do Tibete renascerá em 1709-1715 com a chegada do italiano Ippolito Desideri e do seu superior hierárquico, o português Manoel Freyre. Em Setembro desse mesmo ano tinham partido de Deli, passando por Lahore, “onde na época não havia nenhum missionário em exercício”, e Srinagar, capital de Caxemira, onde se detiveram seis meses devido a uma grave doença contraída pelo italiano, prosseguindo depois para Leh, capital do reino de Ladakh, onde, em Junho de 1715, foram muito bem recebidos pelo rei. Este mostrou vontade que os padres permanecessem o tempo necessário para fundar uma missão. Freyre, porém, não autorizou o interregno, lembrando o objectivo e meta final da missão: o Tibete Central.

Os andarilhos atravessaram o inóspito Tibete Ocidental do lago Manasoravar e do monte Kailash, locais sagrados para hindus e budistas, e antes da chegada a Lhasa, em Março de 1716, estanciaram em Xigatsé, tendo prestado romagem ao túmulo de Estêvão Cacela.

Ao contrário de Desideri, que permaneceria longos anos no Tibete e solidificaria a moderna tibetologia iniciada por Andrade, Freyre pouco tempo se quedou na santificada capital dos lamaístas, e depressa retomou o caminho da Índia.

Já antes, em 1661, dois outros jesuítas, Gruber e D’Orville, tinham visitado Lhasa no decorrer de uma viagem exploratória por terra. Caso fosse bem sucedida, teriam doravante os missionários alternativa segura para chegarem à China, agora que os portugueses, com a perda do monopólio comercial, iam sendo rapidamente substituídos pelos holandeses, os novos donos do mar.

Ao longo da atribulada jornada, D’Orville fez vários apontamentos geográficas, determinando com exactidão a longitude e a latitude dos lugares por onde passavam. Do planalto tibetano os viajantes cruzaram a cadeia dos Himalaias e entraram no Nepal, tendo permanecido um mês em Katmandu (Janeiro de 1662). De lá, desceram à bacia do rio Ganges, entraram na Índia a 8 de Fevereiro – visitas a Patna e a Benares – antes de chegar a Agra, a 31 de Março. D’Orville, exausto pela jornada e gravemente doente, acabaria por morrer uma semana depois.

Acompanhe-me nesta magnífica e peculiar viagem que revisita muitos dos lugares palmilhados por esses nossos bravos jesuítas

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