Saúde Mental no processo de aceitação da Diabetes
A saúde mental refere-se à saúde psicológica que resulta da interação entre as experiências físicas, psicológicas e sociais de cada um de nós. Por essa razão, a pessoa com diabetes tem a seu cargo o exigente exercício diário de procurar este equilíbrio, cuidando em ter um bom controlo da doença, uma boa integração da terapêutica no seu quotidiano familiar, social e laboral, assim como cuidar e assumir que expressar emoções, pensamentos e dúvidas é uma atitude preventiva relativamente à manutenção da sua saúde mental.
Discutir a prevenção, não retira importância à necessidade de intervenção em casos de doença mental ou alterações de humor pré-existentes. No entanto, estas são situações que exigem análise e intervenção personalizada, pelo que, sugerimos que devem ser abordadas com a respetiva equipa de saúde, uma vez que o desconforto psicológico poderá refletir-se no próprio controlo da diabetes.
Tratando-se de uma doença com uma gestão diária bastante complexa, marcada por um tratamento exigente que requer atenção e tempo, tem forte probabilidade de se apresentar, na vida da pessoa, como algo pesado. A noção de “peso” é tão subjetiva quanto a variabilidade entre cada indivíduo que vive diariamente com esta doença.
O impacto físico, a sintomatologia inerente, o tratamento, a representação mental e o impacto familiar, social e laboral, condicionam a aceitação psicológica da mesma.
Pelo descrito, é perfeitamente adequado aceitar, mas, ao mesmo tempo, sentir-se triste, zangado ou até negar esta realidade. Estes sentimentos fazem parte da adaptação Psicológica a esta nova condição, o “ter diabetes” ou “ser diabético”, como muitas pessoas dizem, demonstrando que a sentem quase como uma característica identitária.
Importa, no entanto, considerar que este “desconforto Psicológico” é também necessário para agir, por forma a enfrentar as exigências e fazer o caminho até à aceitação e “tranquila” convivência.
Este processo (ou caminho) é também condicionado pela família. Dentro deste conjunto de pessoas, cada uma tem a sua própria representação mental do que é a doença, da gravidade, consequências, etc…, daí ser tão importante falar abertamente, discutir sentimentos, ideias, medos, duvidas e certezas. A comunicação sempre foi a melhor forma de desmistificar e de abrir caminho à clarificação de informação, por vezes errada e que apenas contribui para o mal-estar e geral e possibilidade de influenciar a Saúde Mental da pessoa que tem a doença. No entanto, a família é um microssistema bastante complexo, mas com uma incrível capacidade de autoregulação e gestão de conflitos, condição fundamental para a manutenção do Bem-Estar da pessoa com doença.