Vinhedos, ovelhas e rosas!

A tecnologia tem contribuído muito para o desenvolvimento e melhoria da produção agrícola, todavia, os conhecimentos e as práticas ancestrais continuam a ter o seu valor.
A presença de animais domésticos e selvagens traz imensas vantagens na manutenção dos terrenos e no controle de pragas associadas às culturas.

Tomemos como exemplo os vinhedos: Ao invés de utilizarem produtos químicos, os vitivinicultores poderão colocar animais de várias espécies que, entre outras “competências”, se ocuparão de fazer as mondas das ervas e de controlar as indesejáveis pragas.
De entre os vários animais domésticos merecem destaque os cavalos, ovelhas, porcos, gansos e galinhas. Cada um ao seu modo contribuem para debelar vários problemas que afectam as vinhas.

Os vinhedos trabalhados no modo tradicional e biológico, em locais de acesso difícil para as máquinas, poderão ser lavrados, entre os pés das videiras, por cavalos. Este modo de manejo natural, ao contrário do uso de maquinaria, nomeadamente, tractores, traduz-se numa menor compactação dos solos e numa redução da potencial degradação, causada pelas máquinas. Além disso, os cavalos fertilizam naturalmente os solos e alimentam-se da copa das videiras, possibilitando uma maior entrada de sol para o amadurecimento dos cachos de uvas, reduzindo desse modo o volume de trabalho de desfolha manual.
Também os rebanhos de ovelhas são muito “requisitados” para tratarem da monda das ervas daninhas e para a fertilização do solo, sobretudo no Outono e Inverno, enquanto as videiras não começam a brotar.
Em relação aos porcos, os vitivinicultores optam por animais de pequeno porte, pois executam na perfeição a tarefa de reduzirem o tamanho das ervas, mas não conseguem alcançar as uvas.

As aves domésticas – gansos, galinhas, entre outros – são muito úteis no controle de insectos e outras pragas nocivas ao desenvolvimento dos vinhedos, dando também o seu contributo na fertilização dos solos.
Mas, nem só com animais domésticos se cuida da vinha. O uso de colmeias de abelhas é cada vez mais comum. Estas maravilhosas criaturas, além de produzirem um mel delicioso e contribuírem para a polinização das vinhas, ajudam também a polinizar outras plantas autóctones e flores silvestres, facilitando a chegada de insectos benéficos às culturas, que, por sua vez, contribuem para a redução de pragas (pulgões, por exemplo).
Há ainda as aves de rapina e os morcegos que, embora não seja possível controlar a sua presença junto das culturas, a sua permanência é desejável. As primeiras, porque controlam as populações de pássaros e de roedores; os segundos, porque comem as traças que causam problemas fitossanitários às videiras.

Além dos claros benefícios proporcionados pelos animais relativamente às vinhas, também a plantação de outras plantas nos vinhedos pode trazer benefícios acrescidos. É o caso das rosas. Com alguma frequência vemos roseiras plantadas nos topos das vinhas e isso não acontece por acaso. A explicação é muito simples: como as rosas são susceptíveis de contrair as mesmas doenças que as vinhas (oídio e míldio), aquelas podem funcionar como um alerta, pois são mais precoces na manifestação dos sintomas. Desse modo, os tratamentos aplicados às vinhas podem ser antecipados, obtendo-se assim melhores resultados e a minimização dos prejuízos. Para além desta preciosa ajuda, as roseiras complementam a beleza ímpar das plantações de videiras, sobretudo na época da floração e no período outonal, quando termina o ciclo vinhateiro e as folhas mudam de cor e começam a cair.
A sustentabilidade e a preservação da biodiversidade passam pela salvaguarda e implementação destas práticas amigas do ambiente. Menos agro-tóxicos, mais ecologia, mais saúde!

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