Alda Espírito Santo

Ilha nua

Coqueiros e palmares da Terra Natal
Mar azul das ilhas perdidas na conjuntura dos séculos
Vegetação densa no horizonte imenso dos nossos sonhos.
Verdura, oceano, calor tropical
Gritando a sede imensa do salgado mar
No deserto paradoxal das praias humanas
Sedentas de espaço e devida
Nos cantos amargos do ossobô
Anunciando o cair das chuvas
Varrendo de rijo a terra calcinada
Saturada do calor ardente
Mas faminta da irradiação humana
Ilhas paradoxais do Sul do Sará
Os desertos humanos clamam
Na floresta virgem
Dos teus destinos sem planuras…

Alda Espírito Santo

Alda Espírito Santo

Alda Espírito Santo, poeta, professora e jornalista, também conhecida por Alda Graça, nasceu em 30 de abril de 1926, na cidade de São Tomé, capital do Arquipélago de São Tomé e Príncipe. Teve a sua educação superior em Portugal mas teve que abandonar, em parte devido às suas atividades políticas, mas também por motivos económicos. Alda escreveu o hino nacional de São Tomé, “Independência Total”. Na organização do país, após a emancipação, tornou-se Ministra da Educação e Cultura do governo de transição,  foi presidenta da Assembleia Popular Nacional (1980-1990), e desde  1987 até a sua morte, presidiu a União de Escritores e Artistas de  São Tomé e Príncipe. Os seus poemas aparecem nas mais variadas antologias lusófonas, bem como em jornais e revistas de São Tomé e Príncipe, Angola e Moçambique. Depois de publicar O Jogral das Ilhas, em 1976, publicou em 1978 É nosso o solo sagrada da terra, o qual é até ao momento o seu trabalho mais importante.

Esta rubrica pretende dar a conhecer ao mundo o melhor da poesia por diversos autores lusófonos. Os poemas são selecionados por Gilda Pereira, uma fã incondicional de poesia.

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