A cidade e a árvore

– Agora é de vez! Disse a árvore.
– Era uma vez? Perguntou a cidade.
– Não, não «era uma vez», mas «agora é de vez», respondeu árvore. Hoje vim para ficar para sempre, porque estás doente e precisas de mim.
– Para sempre? Vais mudar-te para cá?
– Sim, as minhas irmãs e primas ficam nas aldeias e nos campos, afinal somos necessárias em todos os cantos e podemos sempre ficar ligadas pelas raízes, todos pertencemos à mesma enorme casa: a Terra. Que saiba, não tenho família na Lua.
– Não me lembro de ver a Lua, o céu está sempre muito escuro ou com muito fumo, explicou a cidade. És muito bonita, árvore. Só de olhar para ti fico mais calma. Tão verde e frondosa. Escolhe bem onde ficas, espero que não te enfiem num buraco apertado rodeado de cimento, daqui a unas anos nem te consegues espreguiçar.
– Estás a falar a sério? Onde estava tinha todo o espaço do Mundo. Não quero ser culpada por causar acidentes nas ruas, mas para isso não me podem plantar em zonas muito impermeáveis à chuva e não me podem podar excessivamente.
– O que é podar?
– Podar significa cortar os ramos inúteis das árvores.
– Sou de uma espécie adaptada às cidades e às ruas e assim posso crescer saudável e de modo equilibrado.
– O que tens mais para me contar sobre ti, árvore?
– Consigo renovar o ar. Sabes como?
– Explicas-me? Perguntou a cidade.

Parte II

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