António Calçada de Sá

Presidente do Conselho da Diáspora Portuguesa

Fotografia ©Tiago Araújo

Licenciado em Engenharia Química (ramo de Tecnologia e Indústria) pelo Instituto Superior Técnico (IST) de Lisboa, obteve posteriormente um MBA pela IE Business School de Madrid e outro em Gestão de Recursos Corporativos no IMD em Lausanne, na Suíça.
Iniciou a sua carreira profissional nos anos 80, na multinacional energética americana Exxon (hoje Exxon Mobil) passando posteriormente a integrar o Grupo Repsol como membro da sua equipa de Direção. Conta com mais de 25 anos de experiência internacional no mundo da energia e muito concretamente em diferentes mercados (Espanha, Portugal, Itália, Brasil, Argentina, Perú e México). Foi o Administrador Delegado (CEO) da Repsol Comercial, Presidente Executivo da Repsol Portugal e Administrador em diferentes empresas do grupo em Espanha e também a nível internacional. Atualmente é Diretor Geral e Vice-Presidente da Fundação Repsol com atividade essencialmente vinculada à Transição Energética, Nova Economia “Low Carbon”, ESG e Impacto Social. Em 2010 recebeu o prémio de melhor gestor do ano na península ibérica (prémio atribuído pela Câmara de Comércio e Indústria Luso Espanhola) e em 2014 foi condecorado pelo Presidente da República com a Ordem Nacional do Infante D. Henrique com a categoria de “Comendador” pelos serviços prestados ao país como cidadão português no mundo e como executivo da Repsol. António Calçada de Sá é também o Presidente da Câmara de Comércio Hispano Portuguesa em Espanha.

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É longa a lista de cargos, funções e atividades que desempenhou ao longo dos últimos 30-40 anos, mas deixando as posições e ofícios de lado, quem é António Calçada de Sá?

Sou um cidadão português, nascido em Caminha, no Norte de Portugal. Um português com convicções de português e com motivação para ajudar Portugal. Pela trajetória e pelas experiências que tive a oportunidade de viver, quer a nível profissional, quer a nível pessoal e familiar, e após ter vivido em países distintos – Espanha, onde vivo atualmente, Itália, Brasil, Argentina, México – posso dizer que sou também um bocadinho cidadão do mundo. Algo que, no fundo, penso que faz muito parte da nossa história e do “ser português”. Se pensarmos bem durante séculos os portugueses ajudaram de forma muito clara a descobrir novos mundos para o mundo.

Para além da atividade profissional, a atividade associativa também faz parte da sua vida há muito tempo. Sendo que, em termos associativos, é o atual presidente da Câmara de Comércio Portuguesa em Espanha e um dos fundadores do Conselho da Diáspora, onde exerce também funções enquanto Presidente da Direção do Conselho. Podemos afirmar que esta veia associativa, naturalmente, o “empurrou” para este grande projeto que lidera desde 2021?

Não sei se tenho tanta “veia associativa” mas, é certo, foi com muita honra que fiz parte do núcleo dos fundadores do Conselho da Diáspora e foi também com muita honra e responsabilidade que, quando fui convidado em 2021 para assumir a presidência da Direção do Conselho, aceitei fazer parte da construção de uma nova diáspora. Uma diáspora mais aberta, mais inclusiva e mais moderna, com mais presença no mundo, que represente a marca “Portugal”, dentro, e fora dele.
Uma diáspora capaz de atrair interesses para Portugal, nomeadamente, no investimento mas também no mundo da academia, das ciências, do talento e da cultura.
Acredito, sem dúvida, que este é um projeto muito importante e também muito especial. Um projeto que requer algumas horas do dia e muitas vezes, algumas horas da noite.
Um projeto que conta com muita gente que, de forma voluntária, dedica muito do seu esforço e da sua energia. Perante isto, só posso ter uma motivação muito positiva relativamente a este novo grande projeto que abraço.

Quais as metas/objetivos que pretende alcançar ao longo deste mandato?

As metas que temos são muito claras. Queremos fazer mais e melhor diáspora, queremos uma diáspora que tenha uma presença sólida nos cinco continentes, uma diáspora moderna, inclusiva, capaz de tocar em vários ângulos (empresas e empresários, academia, ciências, cultura, talento jovem, inovação e cidadania).
Isto é tudo o que está consagrado nos estatutos do Conselho da Diáspora e o que pretendemos durante este mandato é potenciar tudo aquilo que já temos. A nossa ideia é muito simples, como alguém que respeita o legado que recebeu, queremos reforçá-lo e potenciá-lo.

Nasceu em Caminha, mas cedo fez do mundo a sua “casa”. Considera que a experiência pessoal, enquanto cidadão da diáspora, enquanto Presidente da Câmara do Comércio Portuguesa em Espanha, e profissional, enquanto executivo numa grande companhia como a Repsol, dão-lhe mais bagagem e visão para explorar novas vertentes, abordagens e estratégias dentro do Conselho da Diáspora?

Talvez ajude mas, importa ressalvar que isto não é “Rocket Science”. Este é um projeto que necessita de muita dedicação, que precisa de ação, muita energia e muita motivação. É um projeto que depende muito da energia que colocamos ao serviço da causa, da energia que colocamos na procura de pessoas com as mesmas motivações. Isto é, ajudar e promover o bom nome de Portugal.
Se olharmos para a história de muitas diásporas do mundo, percebemos que temos um potencial e um talento extraordinário. Nós facilmente conseguimos ver Portugal em todos os cantos do mundo. Conseguimos ver Portugal representado pela melhor versão de portugueses que estão em todo o lado do mundo.
Falo do mundo do desporto, mas também dos empresários, do mundo corporativo, das finanças, da indústria, da medicina, das instituições (ONU, UE, Banco Mundial, …), da academia e da cultura.
Perante este enorme potencial, torna-se fundamental criar uma rede que una os portugueses lá fora. E essa Rede chama-se All in One, uma plataforma digital que nos permite saber quem é quem, em que continente está, a que atividade/setor se dedica e quais são as áreas de interesse. Depois, em cima dessa rede, temos de encontrar projetos que possam efetivamente “fazer acontecer”. Projetos bidirecionais que convidem à inovação, ao investimento e aumentem a reputação do nosso país. Quando temos as duas coisas e temos um bocadinho de energia, renovada e renovável, temos tudo o que é bom e necessário.

Fotografia ©Tiago Araújo

Decorridos os primeiros dois anos deste mandato, que balanço faz desta experiência ao leme da presidência do Conselho?

Tive a honra e o privilégio de ter recebido, desde o primeiro dia, o apoio institucional necessário para poder fazer esta viagem. Devo dizer que, tive todo o apoio de S. Ex.ª o Senhor Presidente da República, que é Presidente Honorário do Conselho da Diáspora, recebi todo o apoio do Ministério dos Negócios Estrangeiros e do seu Ministro, que é também o Vice-Presidente Honorário do Conselho da Diáspora, e que mantemos uma relação muito boa com todas as instituições, nomeadamente, com o Governo.
Tive também um enorme apoio do anterior Presidente da Direção e das equipas que já cá estavam e que hoje nos continuam a apoiar de uma forma muito positiva e proativa . Começámos o Conselho da Diáspora com 22 fundadores. Quando recebi a presidência do Conselho da Diáspora contávamos com 80 conselheiros. Neste momento, já somos 150 e continuaremos a expandir a rede. Acho que temos portugueses em diversas partes do mundo que querem integrar esta rede.
Portugueses com ideias, com energia e com motivação para ajudarem Portugal. Eu acredito muito na construção desta rede e que, no momento em que esta rede começar a partilhar as suas ideias, os seus projetos, as suas iniciativas, ganharemos todos com ela. Ganhará Portugal e ganharão os portugueses da diáspora. Nós temos um potencial fantástico e temos que acreditar nele.

O Conselho da Diáspora foi criado em 2012, com o alto patrocínio da Presidência da República, e visa contribuir para a defesa da imagem e dos interesses de Portugal no mundo e para estreitar as relações entre Portugal e a sua diáspora. Olhando para os últimos dez anos, considera que o Conselho da Diáspora tem conseguido atingir este seu propósito?

Sem dúvida. Ao longo dos últimos anos lançámos vários projetos, como é exemplo o All in One. Realizámos também diversos acordos com o Conselho das Comunidades Portuguesas e também com a Rede Global. Neste momento, estamos também a desenvolver um programa no campo da educação, o Erasmus+ Diáspora, para atrair os lusodescendentes a conhecer a terra dos seus antepassados e conhecer a Língua Portuguesa.

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Ao longo de uma década muitas foram já as iniciativas e projetos desenvolvidos pelo Conselho da Diáspora. No entanto, há três eventos que se distinguem pela importância que representam para a diáspora: o Summer Metting da Diáspora, o EurAfrican Fórum e, por último, o Annual Metting. De que forma cada um destes eventos tem conseguido “reativar, pôr em contacto e melhorar esse ecossistema de portugueses espalhados pelo mundo e com responsabilidades diferentes, no mundo académico, científico, da cultura, das artes e empresarial”?

O Summer Metting da Diáspora e o EurAfrican Fórum costumam acontecer no primeiro semestre do ano. Este ano o Summer Meting acontece no dia 17 de julho, em Cascais, como é habitual, e o EurAfrican Fórum acontece no dia 18 e 19 de julho.
O Summer Metting da Diáspora tem como objetivo aproveitar a vinda ao país de portugueses que estão na rede da diáspora. No dia anterior ao evento, reunimos as pessoas, fazemos a revisão dos projetos e ouvimos as ideias que têm sobre eles. Fazemos, de certa forma, um balanço informal. A seguir fazemos uma revisão relativamente ao ponto de situação da nossa lista de conselheiros espalhados pelo mundo. Por último, mas não menos importante, analisamos a situação financeira do Conselho da Diáspora. Nos dois dias seguintes temos o EurAfrican Fórum. No ano passado, foi celebrado na Universidade Nova e teve nos dois dias uma média de 500 pessoas. Contou com a presença de ministros africanos, europeus e portugueses (50% africanos, 50% europeus). Conseguimos envolver grandes instituições, desde o Secretário-Geral das Nações Unidas ao Diretor-Geral da União Europeia, tivemos também uma representante de alto nível da NATO, empresários, académicos, pessoas vinculadas ao mundo da ciência, etc. Foram dois dias fantásticos, com uma agenda muito forte e preenchida.
Aliás, esperamos que a edição deste ano seja uma continuação mas ao mesmo tempo uma evolução, daquilo que foi o Euro África Fórum 2022.
Finalmente, terminamos o ano com uma reunião anual, o Annual Metting, que habitualmente acontece sempre por volta do dia 20 de dezembro, aproveitando a altura em que muitos portugueses regressam a Portugal.

Para além do EurAfrican Fórum, há a expectativa de realizarem fóruns deste teor entre outras áreas geográficas?

Sim. O EurAfrican Fórum (que tem como Chairman o Dr. Durão Barroso), é de facto um evento emblemático, que tem vindo a ganhar maior tração e impacto, com importância crescente e que, creio, se tem vindo a afirmar como um acontecimento verdadeiramente relevante na aproximação entre duas regiões do mundo que têm tudo a ganhar mutuamente, com mais envolvimento e mais cooperação. Respondendo concretamente à sua questão, diria que está efetivamente no nosso horizonte o desenvolvimento e criação de novos formatos, por estas experiências de sucesso que temos tido, e às quais os empresários e representantes institucionais têm respondido de forma bastante positiva. Nesse sentido temos na agenda o EuroAméricas para 2024.

Mais recentemente, foi também lançado o Programa “Erasmus+ Diáspora”, para facilitar que estudantes portugueses ou lusodescendentes residentes no estrangeiro possam frequentar cursos ou programas master em Portugal, e desenvolvida uma moderna plataforma de Comunicação chamada “All in One” que vai permitir “ligar” os 150 Conselheiros portugueses da diáspora no mundo, por regiões, setores de atividade, interesses e projetos. Quais as principais características desta plataforma e as grandes vantagens de a integrar?

Esses projetos que refere, entre outros, no fundo, são alicerces do soft power que estamos a construir. O Conselho da Diáspora Portuguesa nasce com o espírito e a missão de promover o bom nome de Portugal no mundo, de potenciar a marca Portugal, de identificar e aproximar talento dentro e fora do país, aproveitar a enorme comunidade de emigrantes e expatriados espalhados pelo mundo que tenham energia e motivação para ajudar Portugal.
Temos uma comunidade com experiência, vontade e talento que podemos aproveitar!
Nas empresas, na indústria, no mundo financeiro, na saúde, na academia, na ciência, na cultura, nas artes, na cidadania, em tantos domínios onde os portugueses e os lusodescendentes se afirmam e são reputados. Como tal, precisamos de capilaridade e de proximidade, precisamos de mais rede, de mais projetos, precisamos de criar pontes e relações objetivas que convidem ao envolvimento e à ação. Esta é uma relação que tem que ser recíproca (de fora para Portugal e de Portugal para fora). E isso só acontece quando disponibilizamos os meios e as ferramentas para o efeito. Para ter esse espaço de interação criamos a plataforma “All in one” (uma espécie de Linkedin privado, fechado, onde podemos identificar os portugueses da diáspora espalhados pelo mundo, por regiões, países, setores de atividade/ou áreas de interesse. Esta plataforma, funciona neste momento como um agregador de oportunidades e de valor.
Hoje somos 150, no final do ano seremos 200 e quem sabe se no final do ano que vem seremos 500 portugueses, em múltiplas geografias. É fundamental ter os portugueses da rede no radar porque só assim podemos assegurar a conexão e o engagement de todos.
A nossa diáspora é imensamente heterogénea e temos portugueses presentes em todas as geografias, separadas por dezenas de milhares de quilómetros e por fusos horários, por vezes, impossíveis de conciliar. Na “All in One” estamos juntos, em “tempo real”, e acredito que à medida que a ferramenta se for consolidando no quotidiano e que mais membros a ela adiram, que o seu potencial de gerar valor acrescentado se irá revelar de forma assinalável.

O Conselho da Diáspora tem ainda apostado em diversos protocolos de colaboração com instituições de ensino superior, como a Universidade Católica e a Universidade de Évora. Assinou também um protocolo de colaboração com o Conselho das Comunidades Portuguesas e, mais recentemente, com a Associação Empresarial Portuguesa (AEP). De que forma estes acordos de colaboração têm sido fundamentais para reforçar o papel do Conselho da Diáspora junto das comunidades portuguesas espalhadas pelo mundo?

Todas estas iniciativas assentam na ideia do soft power que há pouco referi. Precisamos de capilaridade se queremos que este projeto vingue. Capilaridade e ligação entre todos. E isso só se faz somando (nunca subtraindo). A Rede da Diáspora pretende somar, estar ao serviço e ajudar, a rede não substitui nenhuma instituição ou associação criada anteriormente. E nesse sentido, sempre trabalharemos da forma mais coesa e coordenada possível. Temo-nos deparado com casos excecionais e incríveis de êxito empresarial por parte de empresas e de empresários que não estavam no mapa. E esse é um valor que não podemos desperdiçar. Por isso estes acordos, porque eles dão-nos alcance, ajudam a potenciar o nosso radar para identificar talento e oportunidades para somar. Portugal precisa de uma diáspora forte, moderna, jovem e inclusiva e é isso que queremos criar.

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Falando especificamente do acordo estabelecido com a AEP, o objetivo passa por identificar oportunidades através da rede da Diáspora para as empresas (especialmente para as pequenas e médias empresas com vocação para se estabelecerem noutras regiões ou empresários portugueses que queiram voltar a Portugal para prosseguirem com a sua atividade). Qual o trabalho já desenvolvido, em colaboração pelas duas entidades, nesse sentido?

O acordo está assinado e no que diz respeito à diáspora, este é um acordo extremamente importante. Tudo o que fizermos será sempre em estreita coordenação com as restantes instituições que já estão envolvidas. O nosso papel é reforçar, o nosso papel é dinamizar. Se, através do nosso apoio, conseguirmos dar mais visibilidade a empresas que estão lá fora e que querem vir para Portugal ou empresas que estão em Portugal que querem internacionalizar-se, o Conselho tem de ser um facilitador, um dinamizador nesses processos. Volto a reforçar o papel determinante das ferramentas que temos à nossa disposição na diáspora e que já referi anteriormente. A ideia será construir uma rede muito forte, composta por pessoas “que estão no mundo”, que podem ajudar Portugal e que têm essa motivação para o fazer.

Está em curso o projeto dos núcleos regionais. Em que consiste e qual o objetivo?

Estamos ainda numa fase inicial, mas sabemos que precisamos de criar capacidade executiva nas regiões e nos países. Devemos portanto, ter uma agenda comum, um plano de atividades comum, e precisamos muito de assegurar ligação às comunidades locais, de ligação à realidade local, ao dia a dia. No fundo, os núcleos regionais, tendo mais autonomia e capacidade de dinamização local, funcionarão como potenciadores dessa agenda comum. A ideia é termos mais capacidade executiva, pois à distância tudo se complica se não tivermos quem, localmente, faça acontecer. Hoje são três, amanhã serão seis e no futuro vamos ver quantos serão, porque cada geografia tem as suas características.

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Curiosamente, o fomento de laços empresariais com as diferentes comunidades portuguesas espalhadas pelo mundo também é um dos principais objetivos da Associação Internacional dos Lusodescendentes, que conta já com delegações em França, Reino Unido, Brasil e Hong Kong. Na sua opinião, de que forma o trabalho desenvolvido por entidades e associações, como é exemplo a Associação Internacional dos Lusodescendentes, que tem contacto privilegiado com um público abrangente, nomeadamente com as comunidades portuguesas, se reveste de extrema importância na internacionalização empresarial?

Todo o trabalho sistemático e organizado que vise puxar por esta agenda é positivo e é bem-vindo. Como referi, estamos aqui para somar. Não nos queremos substituir a ninguém nem substituir nenhuma organização, pelo contrário, queremos ser motores de valor e criar uma agenda de relacionamento estreito e bidirecional entre Portugal e a sua diáspora. É assim que entendemos a nossa postura colaborativa, aberta e participativa. Temos o nosso espaço de atuação, acreditamos no caminho traçado e na estratégia desenhada, mas temos por vocação e característica colaborarmos com todas as organizações e entidades que persigam os mesmos objetivos. Portugal merece.

Falando agora da diáspora. O secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, Paulo Cafôfo, anunciou que a diáspora investiu em Portugal, desde 2020, mais de 153 milhões de euros, fruto de mais de 130 projetos, sobretudo no interior do país, no âmbito do Programa Nacional de Apoio ao Investimento da Diáspora (PNAID). Considera que o Governo tem sabido, até ao momento, criar um ambiente propício ao investimento da diáspora em Portugal?

Acho que sim e os números revelam que existe potencial. Agora deveríamos era estar focados em criar as condições para fazer acontecer mais e melhor. Precisamos de fazer um trabalho estruturado no reforço da proposta de valor do país, que tem segurança, talento, infraestruturas, está no espaço económico europeu, no qual as instituições globalmente, funcionam e funcionam bem. Quando competimos no domínio do investimento, há muitos fatores a ter em conta e Portugal só será verdadeiramente considerado, se estiver no mapa e no radar desse investimento.

Apesar de Portugal ser um país de tradição emigrante, regra geral, ainda é dada pouca atenção à sua diáspora. De que forma Portugal pode e deve tirar maior partido desse valor espalhado pelo mundo?

A estratégia acordada, nomeadamente com o MNE e com S. Ex.ª o Presidente da República trata disso precisamente. Através desta rede queremos dar, cada vez mais, atenção à diáspora e sobretudo a criar mecanismos e ferramentas para que esta possa libertar todo o seu potencial. O nosso papel é ajudar, promover, divulgar a marca Portugal junto dos líderes empresariais, e também noutras áreas como a ciência, a saúde, ou as artes, posicionar Portugal como destino capaz de atrair projetos estruturantes. Temos que mapear o talento, os decisores, os influenciadores e articulá-los em rede e motivá-los para um trabalho conjunto que nunca estará verdadeiramente acabado.

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Em 2022, o Conselho da Diáspora Portuguesa assinalou o 10.º aniversário, no seu encontro anual, sob o tema “Portugal – Desafios para o Futuro”. Pergunto-lhe então, quais são os “desafios para o futuro”?

O “Crescimento da Rede da Diáspora” e o seu “impacto progressivo e positivo na imagem e no prestigio de Portugal no Mundo”. Estes são os grandes desafios. “Crescer e fazer acontecer”. Estratégia e, sobretudo, execução. Temos que crescer em número de conselheiros e temos que crescer em rede, trabalho colaborativo e capacidade de execução. Crescer e fazer acontecer. Os conselheiros têm também que ser mais fazedores, precisamos de, como se diz na gíria, rematar mais à baliza.
À estratégia, à construção de jogo e de oportunidades precisamos de acrescentar capacidade de execução, de concretização. Os números ajudarão a isso e um saudável espírito competitivo também ajudará a esse objetivo de crescimento. Qual é o limite da rede ? Sinceramente, não sei. Mas deixa-me muito feliz e entusiasmado ver que o crescimento da rede, à medida que vamos juntando mais protagonistas e a rede de conselheiros ganha expressão local, tem um efeito de contágio positivo na agenda de afirmação que estamos a construir.

Enquanto português, emigrante e representante do Conselho da Diáspora Portuguesa, que mensagem gostaria de deixar aos milhões de portugueses e lusodescendentes espalhados pelo mundo?

“Vamos ajudar Portugal. Conto contigo ! Conta connosco !”
Que nos digam como podem e podemos ajudar. Que estamos aqui disponíveis para somar, para ligar interesses e fazer pontes. Em complementaridade com o Estado, com a academia, com associações empresariais… e sempre numa lógica bidirecional, não queremos apenas ajudar as empresas e os empresários que daqui procuram ir lá para fora, o inverso também é verdadeiro. Deixo uma palavra para os jovens, que têm energia, vontade e motivação. Precisamos da juventude no Conselho da Diáspora.
Todos juntos somos importantes nesta missão e, nunca seremos demais, na construção de uma diáspora forte, moderna, jovem e inclusiva. Em resumo, tudo e todos ao serviço de Portugal.

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