“Com a casa às costas”

Os fenómenos climáticos extremos, em parte associados às alterações climáticas, a par com os conflitos armados e outras catástrofes, além da perda de vidas e elevados prejuízos materiais, têm desencadeado deslocações forçadas das populações afectadas.
As grandes catástrofes climáticas da actualidade forçam milhares de pessoas a abandonar as suas casas e o lugar onde sempre viveram para engrossarem as fileiras dos 40 milhões de refugiados, apátridas, retornados e outros deslocados que vivem em países considerados muito expostos aos fenómenos climáticos extremos.
Para ilustrar alguns impactes resultantes de eventos relacionados com as alterações climáticas importa fazer uma breve referência às graves secas em países da Ásia, África, América do Sul e Europa Mediterrânica, assim como aos temporais e inundações na Europa e Sudeste Asiático. Além destas catástrofes, outros fenómenos da natureza, além daqueles provocados pelo homem, têm contribuído para deslocações em massa, como é o caso dos terramotos na Turquia e Médio Oriente, dos vulcões que, de repente, poderão entrar em erupção em qualquer parte do globo, assim como dos vários conflitos armados, com destaque para as guerras entre a Rússia e a Ucrânia e Israel e o Hamas (Palestina)/Hezbollah (Líbano).

Poderemos dizer que, guerras sempre houve, mas não com este poder destrutivo; secas e inundações sempre existiram, mas não com esta frequência e incerteza de onde poderão ocorrer. Embora haja países mais susceptíveis de serem atingidos pelas alterações climáticas, a crise é global e ninguém poderá dizer que está a salvo e ter que fazer uma migração forçada. Uma região árida pode, de repente, ser assolada por chuvas torrenciais, assim como, uma zona húmida, pode vir a sofrer de seca extrema. Estes flagelos inesperados e com grande poder destrutivo requerem uma resposta humanitária rápida e medidas de mitigação ajustadas e efectivas por parte dos governos e ONG’s. Importa referir que, dos refugiados deslocados, apenas cerca de 1% conseguem regressar às suas casas. Um número deveras preocupante, tendo em conta o elevado número de pessoas afectadas.

Esta realidade é deveras preocupante na medida em que estas populações estão em perigo no que toca a situações de violências de todo o tipo, insuficiências alimentares, falta de água potável, exposição a doenças e sob condições de vida precárias e indignas.
Perante estes factos, urge criar mecanismos que protejam estas vagas de deslocados afectados pelas alterações climáticas e por outros acontecimentos graves, nomeadamente, através da rápida assistência aos deslocados proporcionando-lhes, a posteriori, as condições básicas para refazerem as suas vidas (através da facilitação do acesso a recursos e da dotação de meios físicos e económicos), assim como, as ferramentas necessárias para poderem enfrentar e mitigar as consequências de catástrofes futuras.

O autor não aderiu ao novo acordo ortográfico

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