De Exeter a Lisboa
A nossa viagem de ida e volta

Em 2015, fizemos as malas, despedimo-nos da família e dos amigos e partimos de Portugal rumo ao Reino Unido. O país atravessava uma crise económica profunda e, salvo erro, o desemprego jovem rondava os 25%. Tínhamos acabado de terminar os nossos cursos — Matemática Aplicada (Pedro) e Gestão (Ana) — e eu tinha acabado de conseguir uma bolsa para um doutoramento em Matemática na University of Exeter. Parecia a oportunidade certa na altura.
De um dia para o outro, trocámos a nossa zona de conforto por uma cidade nova, uma cultura diferente e um futuro cheio de incertezas. A Ana começou uma carreira na área de finanças e contabilidade, enquanto eu iniciei o meu percurso na tecnologia, ciência de dados e inteligência artificial. Os anos passaram depressa, construímos carreiras sólidas, casámos, tivemos um filho… e até um cão.
Quando as raízes começam a chamar
Depois de dez anos no Reino Unido, percebemos que algo estava a mudar dentro de nós. Por mais que tivéssemos crescido profissionalmente e pessoalmente, sentíamos que faltava qualquer coisa. A ideia de criar os nossos filhos longe da família e da nossa cultura começou a pesar cada vez mais.
As nossas conversas passaram a girar em torno de um mesmo ponto: “Se é para regressar, não podemos adiar muito. Quanto mais tempo ficarmos, mais difícil vai ser.”
E assim, depois de muito planeamento, decidimos dar o passo. Deixámos para trás a nossa vida em Exeter e regressámos a Portugal para começar um novo capítulo — mais perto da família, do sol, do mar e, claro, da nossa comida.

O regresso: alegria e cansaço em partes iguais
Estamos muito felizes com esta decisão. Cada vez que vou ao mercado, sinto-me como uma criança numa loja de brinquedos. O nosso filho está radiante na escola e adoramos poder partilhar o dia a dia com a família, algo que durante anos parecia impossível.
Mas seria mentira dizer que foi fácil. Estes últimos seis meses foram provavelmente os mais cansativos das nossas vidas — gerir a mudança, reorganizar tudo e ainda manter as responsabilidades profissionais exigiu bastante de nós. Ainda assim, cada esforço tem valido a pena.
Novos projetos, novas rotinas
De volta a Portugal, a vida ganhou um novo ritmo. Eu trabalho como profissional independente na área de direção de tecnologia, ciência de dados e inteligência artificial, enquanto a Ana integra o departamento financeiro de uma empresa internacional na área das energias renováveis, como Senior Accountant.
Foi também durante o planeamento do nosso regresso que descobrimos o Programa Regressar. Inicialmente, soubemos dele através de pesquisas online, mas rapidamente confirmámos a sua utilidade junto de amigos que já o tinham utilizado. O processo de candidatura exigiu alguma organização, especialmente na recolha de documentos, e sentimos que poderia ser mais simples e intuitivo. Ainda assim, tivemos um apoio incrível por parte da equipa do programa, que nos acompanhou de forma personalizada e garantiu que tudo corresse bem.

Uma nota para o futuro
Se tivermos de dar uma classificação ao Programa Regressar, seria um 9/10. Acreditamos que o programa deve, sem dúvida, continuar — Portugal só tem a ganhar ao recuperar cidadãos com experiências internacionais e vontade de contribuir para o desenvolvimento do país.
A única sugestão que deixamos é que o apoio financeiro pudesse ser antecipado, no momento do regresso. Muitas famílias não dispõem dos meios necessários para suportar todos os custos da mudança e este ajustamento poderia tornar o processo mais acessível a quem, como nós, deseja voltar.
Voltar não foi apenas regressar a uma geografia; foi reencontrar um sentido de pertença. Hoje, sentimos que estamos finalmente onde devemos estar. E, apesar de todos os desafios, não podíamos estar mais felizes por termos voltado a chamar Portugal de casa.
O Programa Regressar deseja muitas felicidades neste regresso e muitos sucessos!



