Encontro Anual do Conselho da Diáspora

Mais de 10 anos contam a história do trabalho desenvolvido pelo Conselho da Diáspora Portuguesa, uma organização que integra atualmente 227 Conselheiros de Portugal no Mundo. Representantes Institucionais, Empresários, Académicos, Cientistas e Artistas portugueses sediados no exterior, com perfil e atividade relevantes e reconhecidos, que promovem a imagem e o bom nome de Portugal nos cinco Continentes e em mais de 35 países. São estes Conselheiros que, trabalhando em distintas dimensões a nível mais macro ou regional, em projetos concretos de acordo com as geografias, concretizam o plano anual de atividades do Conselho.

© Conselho da Diáspora Portuguesa

No final do ano passado, o Conselho da Diáspora Portuguesa realizou o seu 10º Encontro Anual, momento que reuniu – durante os dias 20 e 21 de dezembro, no Palácio da Cidadela em Cascais – aproximadamente 200 convidados, incluindo líderes políticos, cerca de 100 Conselheiros e figuras de grande relevo no mapa empresarial e institucional português.
O primeiro dia do encontro marcou o momento de avaliação e “prestação de contas” de 2023 e a definição dos objetivos e prioridades para 2024, apresentadas pelo Presidente da Direção do Conselho da Diáspora Portuguesa, António Calçada de Sá. Entre as iniciativas macro realizadas em 2023 destaca-se o EurAfrican Forum – plataforma de contacto internacional e “softpower” orientada a apoiar as relações bilaterais e a colaboração, pública e privada, entre Europa e África, nos mais diversos domínios – que, em julho, reuniu no Auditório da Universidade Nova SBE mais de quatrocentos participantes durante dois dias (50% africanos, 50% europeus) para promover o debate, analisar propostas, realidades e projetos de interesse comum para os dois continentes.
Para a edição de 2024 do EurAfrican Forum, já em preparação, estarão em análise temas como a “geopolítica”, a “saúde”, a “educação” e o “emprego”, a “energia e a transformação digital”. Novidade em relação ao último EurAfrican Forum será a realização de uma série de painéis laterais para promover a máxima interação entre os participantes e que aprofundarão temáticas concretas e o respetivo papel das empresas e instituições.

Porque a ambição dos Conselheiros de Portugal no Mundo é grande, 2024 será também marcado pelo futuro EuroAméricas (previsto para o quarto trimestre do ano), que pretende aproximar e aprofundar a relação entre os continentes Europeu e Americano, através da reflexão dos assuntos e projetos prioritários para estas regiões e, particularmente para os interesses de Portugal e da sua Diáspora. Em curso continuarão também dois outros projetos de grande ambição. Um acordo de parceria com a Rede Global (da Fundação AEP), numa estratégia acordada de máxima aproximação e partilha com esta associação e com o grande objetivo de fomentar a colaboração em projetos e eventos conjuntos e a expansão da Rede da Diáspora pelo mundo. Por outro lado, o acordo assinado entre o Conselho da Diáspora Portuguesa e o Conselho das Comunidades, tem como objetivo aproximar estas duas instituições e as associações regionais/locais representantes, com vista a fomentar sinergias na defesa dos interesses de Portugal, das Comunidades Portuguesas presentes pelo mundo e do próprio Conselho. A nível regional e nos vários países, de forma a assegurar maior “tração” e “execução dos projetos” o Conselho criou e lançou os Núcleos Regionais da Diáspora, com diversos projetos em curso. Projetos que têm como foco as especificidades de cada região, existindo alguns mais orientados para a cultura e a educação e outros para a economia e o investimento. Atualmente existem nove núcleos regionais com os seus respetivos responsáveis, organizados em duas macrorregiões, África e Américas e Europa e Ásia.

Na área da Educação e do Conhecimento em específico, estão em avaliação dois projetos do Conselho da Diáspora Portuguesa: um acordo de colaboração com a futura NOVA Medical School, iniciativa inserida no projeto “Baía do Conhecimento” da Universidade Nova de Lisboa e da Câmara Municipal de Cascais; e o Projeto “Friends of Universities of Portugal”, uma iniciativa de recente criação e que tem como objetivo promover a colaboração e o apoio entre empresas ou investidores estrangeiros e academia (universidades). Esta iniciativa procura explorar as possibilidades de investimento de investidores (ex: dos Estados Unidos ou de outros países) na academias e na ciência em Portugal.
Os jovens são também um dos públicos-alvo do Conselho da Diáspora Portuguesa. Em 2024 será lançada a “Diáspora Jovem” com o grande objetivo de identificar a enorme massa de talento português espalhada pelo mundo e que tem a vocação, a motivação e a energia para ajudar Portugal.
Destinada aos jovens portugueses que apostaram no estrangeiro como destino pessoal e, ou profissional, a Diáspora Jovem tem como objetivo aproveitar o conhecimento e o expertise destes jovens, identificando e desenvolvendo novos projetos que possam criar valor para Portugal, para a sua imagem e prestígio no mundo.
Ainda com foco nos jovens, particularmente aqueles que se encontram em anos formativos, o Conselho continuará a desenvolver os projetos Ponto PT e Erasmus + Diáspora. O Ponto PT é uma plataforma digital destinada ao ensino da língua e da cultura portuguesa para crianças e jovens lusodescendentes. Trata-se de uma plataforma de recente criação e que visa ajudar e complementar outras já existentes no interesse comum de ajudar ao conhecimento da nossa língua e da nossa cultura.
Já o Erasmus + Diáspora pretende fomentar o contacto de lusodescendentes com instituições de ensino e empresas portuguesas, não só para difundir a nova realidade de Portugal, das suas universidades e empresas, mas também para explorar eventual interesse de colaboração e até no regresso deste jovens no futuro. O Erasmus + Diáspora será instrumentado através de Cursos e Programas Específicos para estudantes ou mestrados lusodescendentes, cursos de Pós graduação, Campus de Verão e Estágios em Empresas.
O segundo dia do Encontro Anual 2023 foi dedicado ao debate e análise das políticas globais e a colaboração entre os setores público e privado como condição-chave para o desenvolvimento sustentável e cumprimento das Metas 2030.
“Sustentabilidade: Que presente e que futuro?” foi o grande tema em debate neste Encontro Anual, que juntou mais de duas centenas de convidados, incluindo líderes políticos, cerca de 100 conselheiros de vários países do mundo onde Portugal está representado e figuras empresariais e institucionais do mais alto relevo.

António Calçada de Sá, Presidente do Conselho da Diáspora Portuguesa, que discursou na cerimónia de abertura, destacou, entre outros, “o enorme compromisso e o trabalho desenvolvido pela Equipa da Diáspora Portuguesa em consolidar e expandir a sua rede e que atualmente está presente em cinco continentes e 35 países com 227 conselheiros portugueses presentes em todo o mundo”, sublinhando a enorme satisfação que é ver “uma Diáspora e um Conselho da Diáspora Portuguesa cada vez mais extensos, cada vez mais fortes e cada vez com mais projetos”. Com a estratégia lançada por esta nova Equipa foi possível aumentar o número de Conselheiros em todo o mundo, concretizando assim o compromisso assumido. O Ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho, saudou os novos conselheiros que integraram o Conselho da Diáspora e sublinhou que “a Diáspora é hoje uma entidade em crescimento e que se sente em todo o mundo”, esclarecendo que “os objetivos do Conselho da Diáspora Portuguesa são também os objetivos de Portugal”.
José Manuel Durão Barroso, Presidente da Assembleia Geral do Conselho da Diáspora Portuguesa, analisou o atual contexto na Europa e no Mundo, perspetivando o futuro. Os conflitos armados que persistem no mundo fizeram parte da reflexão de José Manuel Durão Barroso, que esclareceu que será difícil atingirmos um nível total de paz dado que, apesar de todos os esforços diplomáticos que têm sido feitos ao longo do tempo, o cenário global é pior do que nas últimas décadas.
Para o ex-primeiro-ministro de Portugal e ex-presidente da Comissão Europeia, disse ainda que o Mundo tem de encarar a transição climática como uma condição necessária para um futuro mais sustentável. “Não acredito que ninguém, no seu bom senso, seja contra a descarbonização”, afirmou. Abordando também os temas da inflação e da evolução de tendências políticas na Europa, Durão Barroso terminou a sua intervenção com uma mensagem de esperança apelando à “Paz e Prosperidade”. Com a moderação da jornalista Ana Rita Ramos, estiveram a debate no primeiro painel o Contexto Atual, Tendências e Metas 2030 com Catarina de Albuquerque, CEO Sanitation and Waterfor All; Isabel Ucha, CEO EuroNext; Fernando Marta, Chefe de Gabinete da Diretora Executiva da Altice e Pedro Oliveira, Dean Nova School of Business and Economics. A discussão deixou bem patente a importância do trabalho concertado entre o setor privado, público e o Governo a nível Ambiental, Social e de Governança para a prossecução da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável. O painel concluiu que as políticas públicas podem permitir servir melhor os direitos de todos, podem ajudar a orientar os setores privados e público para melhores comportamentos, garantindo segurança e sustentabilidade e a transposição dos modelos globais para o mercado nacional. É absolutamente essencial que o Estado, a academia, os setores privado, público e social se “sentem à mesa”, trabalhem de forma integrada, promovam e facilitem a transposição dos modelos globais para os nacionais, contribuindo, paralelamente, para a correção dos desequilíbrios de poder. A academia, como acelerador da sustentabilidade, tem o dever de acolher as ideias, desenvolvê-las e facilitar a sua implementação no mundo prático, nas empresas e na comunidade.

No segundo painel do Encontro Anual, sobre o Papel das Empresas e das Organizações na Sustentabilidade, participaram Gonçalo Saraiva Matias, Presidente da Fundação Francisco Manuel dos Santos, João Pedro Oliveira e Costa, CEO Banco BPI, José Barreto, Managing Director, Private Equity,Goldman Sachs, e Renata Ramalhosa, CEO Beta-i-Brasil.
Da discussão, destacaram-se duas ideias principais: um dos grandes desafios das empresas é a atração e retenção de talento nacional, bem como a integração, de forma organizada, de imigrantes; os consumidores estão cada mais exigentes, obrigando as empresas a inovar os seus produtos e procedimentos e “empurrando-as”, a um ritmo acelerado, para a necessidade de cumprimento das Metas 2030.
Neste sentido, as empresas que não tenham em consideração as mensagens que recebem, oriundas dos diversos stakeholders, criarão resistências e má publicidade nas mais diversas dimensões: na captação e retenção de talento, no acesso ao financiamento, na inovação, tornando-se assim em empresas “mal vistas” , menos competitivas e com problemas de sobrevivência a médio e longo prazo. A não compreensão das políticas ESG (políticas relativas ao Meio Ambiente, ao impacto social Social e à Governança), a dificuldade de acesso ao financiamento e as dificuldades associadas à contratação e retenção de talento são talvez um dos maiores problemas que a gestão das PMEs enfrenta ou irá enfrentar. Numa altura em que é fundamental aderir à agenda para a sustentabilidade, definir o propósito e ser coerente com ele, colocará as empresas num patamar de maior atratividade. António Costa Silva, Ministro da Economia e do Mar, afirmou que Portugal é sinónimo de inovação e esclareceu que o país “está a mobilizar a sua capacidade produtiva, exportadora e de atração de investimento estrangeiro em diversas indústrias”, como servem de exemplo “os 7,6% de aumento do registo de patentes e os 2,4 mil milhões de euros em parcerias tecnológicas e na área da engenharia em 2022”.
Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da República e Presidente Honorário do Conselho da Diáspora Portuguesa, discursou no encerramento do 10º Encontro Anual com uma mensagem de felicitação pelo trabalho realizado e reiterando o seu apoio ao projeto assim como a importância do Conselho da Diáspora Portuguesa.
S.Exa o Presidente da República afirmou que “esperado era o crescimento, a diversificação, o rejuvenescimento e o dinamismo do Conselho da Diáspora, já prenunciado em 2022, e que corresponde sem dúvida, a uma nova fase da sua existência”. O Presidente da República referiu ainda as viagens que fez ao estrangeiro, sublinhando que “tudo o que vi no exterior do território português justifica uma felicitação a todos os conselheiros e conselheiras, e o contributo excecional que vão dar para este tempo de transição.

Temos o Conselho mais preparado para um mundo e uma diáspora mais exigentes e mais desafiantes”. O Presidente da República deu ainda as boas-vindas aos 96 conselheiros que integraram o Conselho da Diáspora Portuguesa, em 2023, numa cerimónia em que agradeceu individualmente a cada um(a) dos novos membros. O Conselho da Diáspora Portuguesa foi criado em 2012, tendo celebrado o seu décimo aniversário no ano passado. Naquela altura, há 11 anos, o Presidente da República em funções, Aníbal Cavaco Silva, reuniu um grupo de fundadores composto por empresários, académicos, cientistas e artistas portugueses sediados no exterior, com perfil e atividade de destaque, para que promovessem a imagem e o bom nome de Portugal no mundo. Liderado atualmente pelo seu Presidente Honorário e Presidente da República Portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa, o Conselho da Diáspora Portuguesa tem uma agenda com ambição e exigência,e, que resulta no contínuo crescimento de iniciativas realizadas e do número de Conselheiros que, com energia, talento e grande motivação, abraçam esta missão. O Conselho da Diáspora Portuguesa continua comprometido em agregar o talento português, reunindo os mais diversos especialistas em iniciativas que, gerando conhecimento, partilha e sinergias possam ajudar o nosso país. Os Conselheiros de Portugal no Mundo, muitos a colaborar com algumas das mais importantes empresas e instituições a nível global, não se dedicam apenas a criar valor para o país, mas na verdade, também ajudam ou podem ajudar a criar valor para Portugal e para todos os portugueses.

© Conselho da Diáspora Portuguesa

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