Florbela Espanca

A Mulher

Ó Mulher! Como és fraca e como és forte!
Como sabes ser doce e desgraçada!
Como sabes fingir quando em teu peito
A tua alma se estorce amargurada!

Quantas morrem saudosa duma imagem.
Adorada que amaram doidamente!
Quantas e quantas almas endoidecem
Enquanto a boca rir alegremente!

Quanta paixão e amor às vezes têm
Sem nunca o confessarem a ninguém
Doce alma de dor e sofrimento!

Paixão que faria a felicidade.
Dum rei; amor de sonho e de saudade,
Que se esvai e que foge num lamento!

Florbela Espanca

Florbela Espanca

Florbela Espanca é considerada uma das mais importantes poetisas portuguesas. Sua poesia densa, amarga, triste, erótica e egocêntrica, quase sempre era apresentada em forma de soneto, e principalmente com a temática amorosa. Florbela suicidou-se com o uso de barbitúricos, no dia do seu aniversário, às vésperas da publicação de sua obra-prima “Charneca em Flor”, que só foi publicada em janeiro de 1931.

Esta rubrica pretende dar a conhecer ao mundo o melhor da poesia por diversos autores lusófonos. Os poemas são selecionados por Gilda Pereira, uma fã incondicional de poesia.

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