Mensagem do Presidente Philippe Fernandes

Associação Internacional dos Lusodescendentes

Hora da Incerteza

Nos últimos anos uma nova vaga de portugueses tem saído de Portugal para o desempenho de funções no estrangeiro.

Nos tempos atuais, temos sentido a falta, principalmente, do grande número de enfermeiros e médicos, grande mais-valia para os países de acolhimento, mas cuja ausência é agora notada nos hospitais portugueses, começando a ser modestamente compensada pela vinda de profissionais estrangeiros….

A decisão destes jovens portugueses de rumarem para o estrangeiro, não deverá ter sido fácil, já que para trás deixam amigos, familiares, amores, o seu doce lar, talvez sonhos, os direitos de cidadania e ainda mais grave, colocam os seus filhos nascidos no estrangeiro em risco de perderem a nacionalidade portuguesa.

A saída destes profissionais melhora as taxas de desemprego em Portugal, facilita a vida para os que ficam e sobretudo equilibra a balança de pagamentos portuguesa. É impressionante o volume das remessas dos nossos emigrantes, que são dos mais elevados entre todos os países da União Europeia, talvez porque os portugueses mantenham uma grande ligação ao seu país, aos seus e o desejo de voltarem está sempre presente.
Há países europeus com menos nacionais no estrangeiro, e que lhes oferecem melhor assistência nos países onde estabelecem a nova residência, como por exemplo escolas, representação política nos parlamentos nacionais e facilidade de acesso ao voto.
Os portugueses no estrangeiro deverão ser facilmente 7 milhões, a grande parte jovem e ativa. Decerto que haverá mais população ativa fora de Portugal que em Portugal. Portugal caminha a passos largos para se transformar no grande lar de idosos.

Apesar do número significativo de portugueses residentes no estrangeiro e do seu contributo significativo para Portugal, o seu país não os tem tratado com o devido respeito. Não têm uma representação proporcional no parlamento português, e o acesso ao voto, acaba por ser tão tortuoso, que desmotiva os mais patrióticos. O simples ato de acesso ao cartão de cidadão é um processo penoso, e mesmo tendo acesso, este é incompleto, porque vem sem número de segurança social. Deste modo, mesmo com um documento válido são obrigados a pedir um novo quando regressam, somente para terem o seu número de segurança social como qualquer outro cidadão que não saiu de Portugal.

Os seus filhos dificilmente terão acesso ao ensino da língua portuguesa e por conseguinte, perderão, provavelmente, o direito a acederem à nacionalidade portuguesa. Quando um dia pedirem a reforma deverão talvez esperar dois a três anos para acederem a esse direito.
O simplex, a evolução tecnológica e o respeito, parecem não estar ao serviço destes portugueses que muito fazem e prestigiam o seu país. Talvez por isso faça sentido tratá-los como fazendo parte da Diáspora, refletindo a diferença dos de cá e dos de lá. Não se deveria dar o mesmo tratamento a todos os portugueses independentemente do seu país de residência, somos ou não somos todos iguais? Somos todos portugueses, uma única nação, uma única comunidade…

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