Monchy Lacroix

Empresa associada do mês

Comecemos a nossa conversa por conhecer um pouco melhor a história/percurso da Monchy Lacroix e quais os valores que têm norteado a sua atividade?

A Monchy Lacroix nasceu em 2014 como uma empresa de consultoria e intermediação de negócios de produtos para a casa, como acessórios de cozinha e decoração. Com o decorrer dos anos a empresa tornou-se um grupo e atualmente atua também no segmento de importação de produtos para a casa, restaurantes e serviços financeiros.
Os valores que temos são os da inovação e qualidade do serviço. Acreditamos que para fidelizar o cliente temos de lhe dar, pelo menos, duas boas razoes.
Se tivermos o melhor serviço e estivermos constantemente a inovar, a probabilidade do cliente querer ouvir outras propostas diminui, pois não quererá trocar o certo pelo incerto, e é isso que as empresas do grupo têm dado aos clientes: certezas.

Como é que o Alexandre Pinheiro chega ao Brasil?

Cheguei em 2014 com uma ideia que queria por em prática e testar, depois de viver 4 anos em Inglaterra. A ideia era possibilitar aos grandes retalhistas o acesso o marcas de produtos domésticos de uma forma direta e não através de distribuidores locais. A grande carga fiscal para produtos importados sempre significou um preço de prateleira bastante alto no Brasil para produtos que na Europa e nos Estados Unidos não eram bens de luxo e que, por vezes, eram até banais na questão do preço. Obviamente era impossível mudar a questão da tributação de produtos importados no Brasil, então a solução para dar acesso a esses produtos aos consumidores finais, através dos retalhistas, era colocá-los em contacto direto com as marcas. A estratégia deu tão certo que, hoje em dia, 9 anos depois, esse tipo de operação é comum no mercado desde o grande retalhista até ao pequeno grupo de 2 ou 3 lojas. A concorrência cresceu muito, mas o mercado também e desde 2014 que todos os anos têm sido os melhores anos da empresa. Daí também a necessidade de investir em negócios diferentes. Se há coisa que se ouve no Brasil é que o Brasil é só para profissionais. O que é uma frase que se diz em tom de brincadeira acaba por ter muito a ver com o que é verdadeiramente o mercado brasileiro, pois com tantas grandes e pequenas crises as empresas têm de inovar e mudar o foco constantemente.

    Alexandre Pinheiro, CEO Monchy Lacroix Fotografia ©Raquel Scapinatti

    Por que decidiu emigrar para o Brasil?

    Por uma questão de dimensão do mercado principalmente. Esse foi o motivo para emigrar, mas possivelmente não o motivo do sucesso até ao momento. Efetivamente o mercado brasileiro é enorme, mas o poder de compra para certos tipos de produtos pode tornar com que o mercado seja, por vezes, mais pequeno que o mercado para esse produto em Portugal. Daí a necessidade de adaptar o produto ou serviço ao mercado local e escolher por uma estratégia de mass market ou de nicho.

    Como foi sua adaptação ao novo país e cultura?

    Foi muito tranquila excetuando algumas coisas como a segurança e a complexidade fiscal. Focando na questão da segurança, o Brasil, e principalmente São Paulo, é bem diferente do que são os países europeus. A falta de segurança não é uma questão como a que vemos nas novelas e que, por vezes, as pessoas pensam que é regra no Brasil, mas sim uma questão de segurança a nível dos pequenos furtos, o que faz com que as pessoas vivam numa bolha como dizia um amigo meu com quem trabalhei em Inglaterra. As pessoas vivem em prédios que na sua grande maioria têm porteiros e seguranças, sendo que saem da garagem do prédio já no seu carro e daí vão para o trabalho onde também têm uma garagem e segurança no prédio. Obviamente que este retrato é um exagero, mas há quem tenha essa rotina por receio e insegurança. Isso faz com que o custo de vida em São Paulo seja mais alto que o custo de vida em Portugal. Explico aos meus amigos brasileiros que em Portugal nascemos com 3 certezas: a certeza da segurança que nos faz andar com o telemóvel na mão ao andar pela rua, a certeza de um serviço de saúde público eficaz e a certeza de um ensino público gratuito, que eu corrijo para tendencialmente gratuito fruto dos meus anos de associativismo estudantil. No Brasil não há essas 3 certezas sem despender de muito dinheiro, o que torna o custo de vida alto.

    Fotografia ©Raquel Scapinatti
    Fotografia ©Raquel Scapinatti
    Fotografia ©Raquel Scapinatti
    Fotografia ©Raquel Scapinatti

    Qual foi a maior dificuldade que enfrentou durante a sua emigração?

    Parece graça, mas umas das dificuldades que tenho até hoje por ainda ter o sotaque português é a dificuldade que as pessoas me entendam. Nós portugueses somos consumidores assíduos de telenovelas e música brasileira, por exemplo, os brasileiros não consomem o produto das indústrias criativas portuguesas, salvo algumas raras exceções, logo não estão familiarizados com o sotaque português, confundindo-o por vezes até com o sotaque espanhol.

    A Monchy Lacroix é uma empresa global no Brasil ou uma empresa brasileira global?

    A Monchy Lacroix é um grupo de empresas Brasileiras que começou com um português nascido em França e como muitos filhos de pais portugueses atua globalmente, pois uma das empresas do grupo tem 100% das suas receitas vindas do exterior.
    Importante salientar que algumas empresas do grupo têm agora participação de sócios brasileiros, então a mistura é grande e para mim significa que o grupo se adaptou muito bem ao Brasil, que é só por si uma enorme mistura de nacionalidades e culturas dispares, mas que funcionam em harmonia. Que é aliás a melhor descrição que posso fazer do Brasil.

    Como é a sua relação com outros emigrantes portugueses no Brasil?

    Curiosamente essa relação só aconteceu nos últimos 3 anos, muito por culpa da AILD com quem tenho o prazer de colaborar aqui no Brasil e que tem sido algo de muito interessante. Interessante pelas sinergias que se têm proporcionado e pela troca cultural que me tem feito sentir um pouco mais próximo de Portugal estando tão longe.

    O que diria a alguém que está a pensar em emigrar para o Brasil?

    Que estude o país, que não venha com preconceitos nem com certezas. É um país gigante, diferente de Estado para Estado. O que é verdade aqui em São Paulo não é verdade no Rio ou na Bahía. Então há que entender o país como uma federação que é.

    A AILD está a criar uma rede internacional de pessoas que se vão poder interligar e colaborar entre si. Como vê este projeto e quais as vossas expectativas?

    Vejo como uma oportunidade fantástica de networking e colaboração não somente a nível empresarial, mas também nas outras vertentes em que a AILD está presente. Algo que eu acho muito positivo na AILD é que não é somente para portugueses ou lusodescendentes, mas para quem gosta de Portugal e a palavra é mesmo essa, gostar. Então isso permite que empresas ou pessoas que estão ligadas à AILD já tenham algo em comum mesmo antes de se conhecerem, o que sem dúvida potencializa a possibilidade de uma relação de negócios, cultural, científica ou de ação social se potencialize.
    A expectativa é que cresça e dê frutos. A associação está apenas a começar no Brasil e há um sem fim de oportunidades para juntar todas essas pessoas que já têm algo em comum e que possivelmente ainda nem se conhecem.

    Que palavras deixaria sobre a AILD aos empresários que irão ler esta entrevista relativamente a esta plataforma global?

    Que usem e abusem da AILD no bom sentido das palavras. O objetivo da AILD é conectar e é isso que as empresas fazem todos os dias. Então a AILD pode ser uma ferramenta para potencializar essa conexão. E que empresa não quer mais clientes, que empresa não quer melhores fornecedores de tudo o que a empresa consome, que empresa não quer melhores recursos humanos? A conexão que a AILD traz de uma forma tão despretensiosa é uma lufada de ar fresco que tem de ser respirado.

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