Poderá o feijão salvar o mundo?

Alimento básico e milenar, o feijão, tem marcado presença em muitas mesas espalhadas pelo mundo. Caso se verificasse o aumento do seu consumo para o dobro dos valores actuais, esse facto poderia reservar-lhe um lugar de honra no pódio da protecção do planeta, assim como no combate ao crescente e imparável custo de vida.
Hoje, as pessoas questionam-se como podem continuar a fazer refeições nutritivas para as suas famílias, quando o preço dos alimentos e o custo de vida se encontram tão elevados e com tendência crescente para o seu agravamento. A resposta mais adequada a esta situação poderá estar na compra e no incremento da produção de leguminosas em quintais e hortas comunitárias.
Vários grupos ambientalistas vão mais longe ao considerarem que a chave para se resolverem os desafios climáticos, os problemas de saúde e económicos que o planeta enfrenta, está centrada nos alimentos.
Sendo assim, que ganhos ambientais e que benefícios nutricionais poderão advir do aumento do consumo de feijão e de outras leguminosas, em detrimento de outros alimentos?
Como sabemos, a produção de alimentos à escala global tem fortes impactes no ambiente, contribuindo, grosso modo, com cerca de um terço dos gases responsáveis pelo aquecimento do planeta, de entre aqueles que resultam da actividade humana.

Todavia, existe uma grande variação entre a quantidade de gases produzidos pelos vários tipos de alimentos. A título de exemplo, a carne, sobretudo aquela que é produzida em modo intensivo, responde por 60% da totalidade dos gases relacionados com a produção de alimentos. Um Kg de carne emite cerca de 70Kg de emissões nocivas para o ambiente.
Comparativamente, o feijão, liberta cerca de 90% menos gases com efeito estufa, que a produção de proteínas de origem animal. Por outro lado, o feijão, a par com outras leguminosas (amendoins, lentilhas, favas, ervilhas, soja e grão-de-bico, entre outras), muito ricos em nitrogénio, contribuem para a fertilização e regeneração lenta e natural dos solos, dispensando, desse modo, o uso de fertilizantes químicos. Como resultado, obteremos melhores colheitas, produtos mais saudáveis e uma maior biodiversidade. Para bem do planeta, devemos optar por alimentos mais amigos do ambiente.
O consumo médio diário de leguminosas por pessoa situa-se nas 21g, um valor muito aquém das 112g atribuídas à carne. Alterar este paradigma poderia contribuir fortemente para melhorar as condições ambientais do planeta.
Sendo o feijão muito rico em proteínas, poderá ser uma boa alternativa na redução do consumo de carne. Além disso é muito mais barato.

Por outro lado, poderá ser um forte aliado no combate à fome no mundo, que afecta cerca de 9,8% da população mundial.
Existem, no mundo, milhares de variedades de feijão, ervilhas e outras leguminosas. Esta grande diversidade contribui para o aumento do seu valor nutricional, sendo que, se trata de alimentos muito ricos em proteínas e ferro, fibras e vitaminas C, K e complexo B. Possuem também quantidades consideráveis de fósforo, potássio, magnésio, cálcio, enxofre, zinco, cobre, boro e manganês.
Se queremos um planeta melhor e nós próprios queremos viver mais e viver melhor, nada melhor que optarmos por uma alimentação mais saudável. Nesse âmbito, as leguminosas deverão ocupar um lugar de destaque, até porque, se outras razões não houvesse, o consumo deste tipo de produtos naturais, está associado a uma maior longevidade.

O autor não aderiu ao novo acordo ortográfico

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