Cinco ideias para desemperrar a escrita

Hoje em dia, todos escrevemos imenso: na nossa vida profissional, na nossa vida pessoal — às vezes, até por prazer.
Ora, nem sempre estamos para aí virados: ou estamos cansados, ou não temos ideias, ou achamos que tudo vai sair mal — ou talvez até tenhamos coisas mais interessantes para fazer, mas o prazo para entregar o relatório acaba hoje e temos apenas uma palavra escrita: «Relatório».
Lembrei-me, por isso, de vos deixar por aqui cinco sugestões para desemperrar as mãos e começar a escrever:
Ler alguma coisa antes de começar — por exemplo, textos do mesmo género ou sobre o mesmo assunto. Aliás, pensando bem, podemos usar qualquer texto bem escrito. Já reparei que, mesmo quando quero escrever algum relatório ou outro documento daqueles bem aborrecidos, ler um pouco de um qualquer livro bem escrito é remédio santo para escrever melhor — e talvez até conseguir um documento um pouco menos aborrecido.
Imaginar que estamos a escrever uma carta a alguém nosso conhecido. No final, podemos retirar os andaimes, ou seja, o aspecto de carta, mas se estivermos a pensar naquela pessoa em particular, costuma ser mais fácil escrever.
Começar por contar uma pequena história. Escrever é como falar em público: temos de ser claros e precisos, mas também agarrar a atenção de quem nos ouve ou lê. Assim, contar uma pequena história relevante é uma boa forma de começar.

Para mais, contar uma história ajuda-nos a escrever de forma mais descontraída.
Criar uma lista. Tal como neste pequeno texto que aqui vos deixo, uma boa ideia para escrever quando nada parece resultar é pensar numa lista do género: «cinco motivos para…», «sete formas de…», «dez erros de…». Pode ser um género cansativo, se abusarmos dele, mas também pode ser um truque para começar a bater nas teclas furiosamente. Se quisermos, podemos usar como exercício e depois transformar a lista num texto normal.
Estabelecer um objectivo de palavras e escrever sem parar até chegar a esse objectivo. Ou seja: tenho de escrever duas mil palavras? Escrevo sem parar até chegar às duas mil palavras. No fim, podemos ter um texto sem qualquer valor — ou até podemos ter uma base de trabalho, com algumas boas ideias. Vai na volta, conseguimos escrever um texto que precisa apenas de um ou dois retoques (não é provável)…
Estas são apenas cinco ideias. Há muitas outras, claro está.
Mas deixem-me que vos diga que, na minha opinião, a grande culpada de todos estes blogueios é a insegurança. Será que vou escrever bem? Que vou conseguir o que se quer? Ora, lembremo-nos de que tudo o que escrevemos pode ser revisto no fim. Não temos de ter medo: o truque é começar — e depois se vê. (Mas convém mesmo rever, no fim…). Haverá algum leitor que queira partilhar mais algum truque para desemperrar a escrita?

O autor não aderiu ao novo acordo ortográfico

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