Brasil

Ilha da Queimada Grande

Esta ilha situa-se a cerca de 35 quilómetros do estado de São Paulo. O local não possui água potável e a temperatura é muito alta, devido à humidade excessiva. Além disso, o seu acesso é muito complicado. O desembarque chega a ser caótico, deparando-nos com penhascos e rochedos Não existem praias ao redor.
Antes da automação do farol da Ilha, faroleiros viviam ali. Lendas contam que aqui já viveram faroleiros cujas suas famílias foram mortas por cobras e que esses moradores perdiam – antes da sua vida – animais domésticos, como cães e galinhas e que por isso todas as pessoas foram retiradas do local. Assim, hoje em dia, esta ilha apenas pode ser visitada por analistas ambientais do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, e também, por cientistas previamente autorizados por essa mesma entidade.


Também conhecida como Ilha das Cobras, é um enorme serpentário natural onde habita uma das espécies mais venenosas do mundo, a jararaca-ilhoa, espécie endémica desta ilha. Estima-se que lá vivam entre 2000 a 4000 espécies, uma concentração de cobras tão grande que se calcula que em alguns pontos da ilha exista entre uma a cinco cobras por metro quadrado.
O nome Queimada Grande vem do facto de, em tempos remotos, os pescadores terem o hábito de pegar fogo à vegetação de forma a afastar as cobras e poderem desembarcar na ilha.
Esta ilha já foi intitulada como o lugar mais perigoso do mundo, em 2010.
Na ilha existe uma grande quantidade de serpentes, mas a espécie em maior número é a Jararaca-Ilhoa, sendo esta a responsável por 90% dos ataques de cobras no Brasil. Estima-se que existam cerca de 4.000 Jararacas-Ilhoa em toda a Ilha. A ilha foi palco de grandes incêndios ao longo da história.
Na época das grandes navegações, os navegadores que passaram pelo local atearam fogo à ilha antes de voltarem aos seus barcos. O desembarque fazia-se no sentido de se alimentarem, caçando fragatas e mergulhões. Na hora de voltar, temendo a má sorte, eles deixaram a ilha em chamas. O relato consta do artigo “Instituto Butantan e a jararaca-ilhoa: cem anos de História”, publicado nos Cadernos de História da Ciência do Instituto Butantan.

E essa não foi a única vez que as cobras morreram queimadas. Durante o século 19, a própria Marinha ateava fogo na região, na tentativa de conter a população de cobras.
O nome oficial, então, vem daí. Os relatos históricos dizem que as queimadas na ilha eram tão grandes que eram vistas no litoral.
A própria Marinha brasileira apenas desembarca na ilha uma vez por ano, aproveitando para fazerem a manutenção do farol presente na ilha e automatizado desde os anos 20. Foi por essa altura que as autoridades resolveram isolar a ilha assaltada pelas cobras.
As cobras Jacaracas-ilhoa são uma espécie de cobra altamente perigosa, especialmente para aves. A sua adaptação a esta ilha já conta com muitos séculos. O seu veneno é até 5 vezes mais potente que o da jararaca comum, embora mais eficiente em aves que em mamíferos.
Elas não contam com concorrentes nem predadores e podem sobreviver até 6 meses sem se alimentar. A sua alimentação é à base de aves e dos seus ovos, habitualmente capturados nas copas das árvores. O repasto preferido da jararaca-ilhoa, é o atobá-pardo, muito comum no lugar e por isso sacrificado.
Estranhamente, as cobras dessa ilha não põem ovos. A jararaca-ilhoa é vivípara e a gestação das suas crias é feita no ventre, como os mamíferos. Dão à luz cerca de 10 filhotes de cada vez, sempre na época mais quente do ano.
Apesar da Ilha das Cobras ser um verdadeiro santuário para elas, a jararaca-ilhoa encontra-se ameaçada de extinção. Apesar de ser um local proibido a visitantes, pescadores clandestinos, ainda insistem em atear fogo ao local.
Outra grande ameaça à sobrevivência desta espécie é a biopirataria, muito presente no Brasil. Muitos também capturam as cobras, que são vendidas por até cerca de 31 mil reais no mercado negro. Em novembro de 2019, uma equipa de reportagem brasileira junto com um biólogo visitaram de helicóptero a ilha e recolheram dados adicionais dos corpos de vários animais, no sentido de aprofundarem o conhecimento desta peculiar fauna.

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