Vera Duarte
Desejos
Queria ser um poema lindo
cheirando a terra
com sabor a cana
Queria ver morrer assassinado
um tempo de luto
de homens indignos
Queria desabrochar
– flor rubra –
do chão fecundado da terra
ver raiar a aurora transparente
ser r’bera d’julion
em tempo de são joão
nos anos de fartura d’espiga d’midje
E ser
riso
flor
fragrante
em cânticos na manhã renovada
Vera Duarte
Vera Valentina Benrós de Melo Duarte Lobo de Pina
Juíza Desembargadora, licenciou-se em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade Clássica de Lisboa em 1978. Membro da Academia Caboverdiana de Letras, de Ciências de Lisboa, Gloriense de Letras e da Academia de Letras dos Municípios Cearenses. Integra a World Poetry Movement e a Unión Hispanomundial de Escritores. É investigadora correspondente do Centro de Humanidades da Universidade Nova de Lisboa e membro do Institut for African Women in Law e do Global Advisory Board.
Foi Ministra de Educação e Ensino Superior, Presidente da Comissão Nacional para os Direitos Humanos e Cidadania, Conselheira do Presidente da República e Juíza Conselheira do Supremo Tribunal de Justiça. Integrou organizações como Centro Norte-sul do Conselho da Europa, Comissão Internacional de Juristas, Comissão Africana dos Direitos do Homem e dos Povos, Associação Caboverdiana de Mulheres Juristas e Federação Internacional de Mulheres de Carreira Jurídica, entre outros. Integrou a Comissão Africana dos Direitos do Homem e dos Povos e a Comissão Internacional de Juristas.
Vera Duarte Pina tem ainda variada colaboração em prosa e poesia em jornais e revistas, além de participação em mais de sessenta obras coletivas nacionais e internacionais. A sua obra é objeto de teses de mestrado, doutoramento e pós-doutoramento em várias universidades nacionais e estrangeiras. Tem sido conferencista em nível nacional e internacional.
Esta rubrica pretende dar a conhecer ao mundo o melhor da poesia por diversos autores lusófonos. Os poemas são selecionados por Gilda Pereira, uma fã incondicional de poesia.