O Instituto Diplomático
O Instituto Diplomático (IDI) foi fundado há 30 anos durante o mandato de José Manuel Durão Barroso como Ministro dos Negócios Estrangeiros. Arrancou primeiro como um pequeno centro de formação e, logo à partida, ficou responsável pela organização anual do seminário diplomático que junta em Lisboa todos os anos, no início de Janeiro, os nossos Embaixadores acreditados no estrangeiro.
Ao contrário dos Institutos e Academias Diplomáticas de outros países, o IDI foi crescendo aos poucos, como resposta às solicitações dos serviços, dos funcionários, e claro está, das progressivas necessidades da política externa que, ao longo dos anos, ditaram o aumento das suas valências e a transformação do seu quadro legal.
Hoje o Instituto Diplomático tem Protocolos e Memorandos de Entendimento com muitas dezenas instituições nacionais e estrangeiras e a sua estrutura é essencialmente formada por quatro pilares distintos: o Centro de Formação; o Centro de Análise Estratégica; o Arquivo Histórico-Diplomático e o Núcleo de Estágios.
Tal como o seu nome indica, o Centro de Formação é responsável pelo ensino ao longo da carreira profissional dos funcionários diplomáticos, técnicos e administrativos do Ministério, organiza os cursos para os Adidos de Embaixada recém-aprovados no concurso de acesso à carreira diplomática e igualmente os cursos específicos para os funcionários que mudam de posto. Mas uma das valências que mais se tem desenvolvido nos últimos anos é a organização de formações para diplomatas estrangeiros, com especial ênfase nos cursos para os jovens profissionais dos PALOP.
Por seu turno, o Centro de Análise Estratégica sempre funcionou como um prestador de serviços para o resto do Ministério, fazendo a ponte com as Universidades e os think tanks para a organização de ciclos de conferências, estudos, seminários, sendo igualmente responsável pela revista bianual “Negócios Estrangeiros”, o podcast “Mala Diplomática” e a diplomacia pública do Ministério afirmando-se o Centro como um instrumento de apoio à análise estratégica, reflexão e atualização sobre temas de política externa.
O Arquivo Histórico-Diplomático beneficia de um riquíssimo acervo documental que contém todas as comunicações entre os postos no estrangeiro e Lisboa desde a primeira metade do século XIX. São mais de 30 quilómetros de estantes com documentação muito procurada por investigadores nacionais e estrangeiros e que tem permitido ao longo dos anos a publicação de inúmeras publicações sobre temas internacionais não só em Portugal como no estrangeiro. Nesse contexto, o Instituto promove a edição de obras baseadas na documentação do Arquivo e organiza posteriormente seminários com os autores, académicos e diplomatas.
Ao núcleo de estágios cabe gerir os estágios curriculares e profissionais que permitem anualmente a centenas de jovens estagiar nos serviços do Ministério em Lisboa, ou nas Embaixadas, Missões e Consulados espalhados pelo mundo. Os estágios curriculares são para alunos de licenciatura ou mestrado que ainda estão a prosseguir os estudos, enquanto os profissionais visam jovens que já terminaram o ensino e obtêm assim uma primeira experiência profissional remunerada.
As atividades do Instituto Diplomático incluem a organização de palestras, debates, encontros, e videoconferências reservadas aos funcionários do MNE sobre temas relevantes para a política externa portuguesa; bem como iniciativas para dar a conhecer publicamente a política externa portuguesa. As videoconferências visam informar os diplomatas portugueses sobre um determinado tema e são normalmente restritas apenas aos funcionários para permitir um debate mais aberto. Outras ações são dirigidas ao grande público pretendendo dar a conhecer a quem estiver interessado temas de interesse para o Ministério. São igualmente organizadas iniciativas dirigidas ao público estrangeiro, muitas vezes preparadas em conjunto com entidade congéneres de outro país, com o duplo objetivo de estreitar as relações bilaterais e dar a conhecer as posições de Portugal.
A diplomacia pública, isto é, o ir ao encontro da sociedade civil nacional e estrangeira a fim de dar a conhecer Portugal e a diplomacia portuguesa é uma das atribuições do IDI. Para esse fim são utilizados diversos instrumentos, enquadrando-se no projeto que foi designado MNE Digital. Essa promoção do país tanto é feita de forma tradicional, através de conferências e da publicação de artigos, como cada vez mais se recorre aos meios digitais tirando partido dos portais e das plataformas do ministério e das diversas redes sociais.
Nos últimos meses temos vindo a avaliar a possibilidade desenvolver um sistema interno de inteligência artificial (IA) que possa ajudar os funcionários no seu dia a dia. A inteligência artificial pode ser utilizada para analisar e interpretar grandes quantidades de dados, auxiliar nos processos de tomada de decisão e fornecer informações através da análise de dados. Com a grande quantidade de informação hoje disponível, as plataformas de IA podem no futuro ajudar os diplomatas a recolher e analisar dados de diversas fontes, incluindo redes sociais, notícias e sondagens de opinião. Acresce que esses programas são igualmente eficazes na tradução e interpretação de idiomas estrangeiros e é por isso que estamos a dar os primeiros passos na avaliação da possível utilização interna desse tipo de algoritmos.
José de Freitas Ferraz Diretor do Instituto Diplomático