As iniciativas de resiliência global da FAO

A FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura) continua empenhada no desenvolvimento de iniciativas ligadas aos sistemas agro-alimentares, com forte implicação nos meios de subsistência e na qualidade de vida das diversas comunidades locais.
Estas acções, promotoras de uma maior resiliência perante a perda de biodiversidade, a gestão de águas subterrâneas e recursos hídricos, a sustentabilidade urbana, as alterações climáticas e a degradação dos solos, estendem-se a vários países.
A aposta incide em três vectores principais – adaptação às alterações climáticas, cidades sustentáveis e, por fim, na melhoria das terras e mares.
Adaptação às alterações climáticas
No âmbito da adaptação às alterações climáticas, os apoios contemplam projectos localizados em Angola e na Tanzânia através de abordagens focadas nas comunidades.
No caso de Angola, o apoio recai sobre uma melhor gestão de 250 mil hectares de terras tendo em vista a sua adaptação às alterações climáticas e impactará positivamente cerca de 180 mil pessoas, através do fortalecimento de cadeias de valor agro-alimentares, da promoção da nutrição e da segurança alimentar, do manejo sustentável de terras e florestas e da posse da terra por parte de pequenos agricultores. No que respeita à Tanzânia, o projecto tem como objectivo gerenciar 20 mil hectares de terra, beneficiando cerca de 1,5 milhões de pessoas, através da implementação de medidas de combate à degradação das terras e de mitigação da falta de água.
Cidades sustentáveis
No que diz respeito ao apoio direccionado para as cidades sustentáveis, foram seleccionados três projectos focados em sistemas agro-alimentares urbanos, localizados no Chile, Argélia, e Zimbabué.
No Chile prevê-se melhorar cerca de 1.325 mil hectares de paisagens e mitigar a emissão de 15 mil toneladas de emissões de gases de efeito estufa, com benefícios directos para 732 mil pessoas, através da melhoria de redes de infra-estruturas verdes para a biodiversidade e mitigação e adaptação às alterações climáticas em quatro cidades.

No caso da Argélia, o projecto incide na restauração de 17,5 mil hectares de florestas urbanas e outros espaços verdes e na melhoria de práticas em cerca de 21 mil hectares de paisagens, mitigando 715 mil toneladas de emissões de gases de efeito estufa, beneficiando 1.090 mil pessoas. Estes valores serão atingidos através da criação de espaços verdes e da implementação de métodos circulares de gestão de resíduos.
Relativamente ao Zimbabué, o projecto pretende restaurar 300 hectares de zonas pantanosas e florestas, assim como, melhorar práticas de gestão de paisagens em 136 hectares e mitigar 24 mil toneladas de emissões de gases de efeito estufa, com benefícios directos para cerca de 6 mil pessoas. Para atingir estes objectivos, a FAO ajudará o país a tratar a degradação e poluição dos ecossistemas em duas cidades, promovendo o seu restauro.
Melhoria das terras e mares
No caso do terceiro vector – melhoria das terras e mares – o apoio é mais amplo e abrange um maior número de países.
O primeiro grupo de países apoiados localiza-se na América Central – Belize, República Dominicana, Guatemala, Panamá, Nicarágua, El Salvador, Costa Rica e Honduras. Este projecto pretende aprimorar a gestão de 1,8 milhões de áreas protegidas em terra e no mar, além de restaurar 300 hectares de zonas húmidas e melhorar as práticas em mais de 353 mil hectares, com benefícios para 350 mil pessoas. Pretende-se aumentar a biodiversidade e a segurança hídrica das bacias hidrográficas e os ecossistemas marinhos do Pacífico e Caribe. O segundo grupo de países apoiados localiza-se na região do Caribe – Suriname, Trinidad e Tobago, São Vicente e Granadinas, Santa Lúcia, Guiana, Granada, Antígua e Barbuda, Bahamas, Dominica, Barbados, Haiti, Jamaica, São Cristóvão e Névis.

O projecto incidirá sobre a restauração de 28 mil hectares de terras agrícolas e beneficiará cerca de 6.9 mil agricultores. Entre as medidas aplicadas, destaque para os apoios direccionados para a gestão dos recursos terrestres para sistemas agro-alimentares e para meios de subsistência mais resilientes às alterações climáticas e mais produtivos.
Ainda no que concerne aos apoios direccionados para este terceiro vector, destaque para mais dois projectos, um em África, na Mauritânia, e outro na Europa, na Bósnia e Herzegovina.
O projecto da Mauritânia prevê a restauração de 80 mil hectares de terras florestais e a mitigação de 313 mil toneladas de emissões de gases de efeito estufa, beneficiando 60 mil pessoas, através da promoção da biodiversidade e de melhorias na gestão de paisagens para a agricultura, silvicultura e pecuária, combatendo assim a desertificação.
No caso da Bósnia e Herzegovina, o apoio da FAO servirá para melhorar a gestão de cerca de 193 mil hectares para conservação da biodiversidade e das florestas, além de restaurar 1.5 mil hectares de terrenos agrícolas degradados e de mitigar 2 milhões de toneladas de emissões de gases de efeito estufa, beneficiado 100 mil pessoas, através de melhorias no uso das terras e de planos integrados de gestão de espaços importantes para a biodiversidade.
Todos estes projectos supra citados são importantes no sentido de favorecerem um desenvolvimento global mais harmonioso, assente na interligação entre a implementação de sistemas agro-alimentares e a preservação da biodiversidade e do meio ambiente.

O autor não aderiu ao novo acordo ortográfico

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