EuroAmericas Forum 2025

A segunda edição do EuroAmericas Forum 2025 (EAM2025), promovido pelo Conselho da Diáspora Portuguesa (CDP), reafirmou Portugal como polo central de diálogo estratégico entre continentes. Realizado na Nova SBE, em Cascais, o encontro consolidou-se como a principal plataforma portuguesa de debate euro-americano, sublinhando o papel da diáspora como alavanca do soft power nacional e instrumento de ligação entre Europa e Américas.
O tema central, “Longevidade – Motor de Oportunidades Globais”, orientou onze debates sobre o impacto económico e social do envelhecimento. José Manuel Durão Barroso, Chairman do evento, alertou que, “na Europa, achamos que não precisamos de crescer, e isso é um erro”, defendendo uma abordagem aberta ao Atlântico. Paulo Rangel, Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, sublinhou que “a Europa terá de ser menos exigente em futuros acordos comerciais”. António Calçada de Sá, presidente da Direção do CDP, reforçou que “Portugal tem um ativo valiosíssimo: uma diáspora altamente qualificada”. A Abertura contou ainda com Nuno Piteira Lopes presidente da Câmara Municipal de Cascais, e Pedro Oliveira, dean da Nova SBE.
Com moderação de George Perry (University of Texas), a primeira sessão, The Science of Longevity: From Neurodegeneration to Healthy Ageing, abordou saúde e envelhecimento. Isabel Vaz, CEO da Luz Saúde, afirmou que é crucial “reconhecer a necessidade de uma variedade de intervenções sociais, científicas e tecnológicas para permitir um envelhecimento saudável de forma holística”. O palco foi partilhado com Ricardo Baptista Leite (HealthAI), Rahim Lakhani (TLG Global) e Cláudia Cavadas (Universidade de Coimbra), que reforçou que hábitos diários como sono, prevenção e investimento em saúde são pilares da longevidade. Em Designing Trade for Generations: Longevity & Economic Diplomacy, Joana Gaspar (AICEP) destacou as vantagens competitivas da diáspora. José Ignacio Salafranca (EuroAmerica Foundation) sublinhou que Portugal tem “um enorme legado que se espalhou pelos cinco continentes”. Alberto Ramos (Goldman Sachs) alertou que a América Latina “está a envelhecer antes de enriquecer”, defendendo reformas e investimento.
No painel Mercosur – Europe: A Long-Term Pact for Growth, moderado por Rui Faria da Cunha (EU-Legal), Hélder Sousa Silva (Parlamento Europeu) advertiu que “será trágico e catastrófico para a UE se perdermos este acordo”. Gabriel Petrus (Sciences Po Paris) frisou que “a Europa tem de sair da encruzilhada com os Estados Unidos e a China”, enquanto Paolo Garzotti (Comissão Europeia) destacou que o acordo incorpora “o conjunto de compromissos sustentáveis mais negociado de sempre”. Nuno Rangel (Rangel Logistics Solutions) e Pedro Monteiro Coelho (BPI) sublinharam o impacto económico esperado, e Paulo Matheus (ApexBrasil) concluiu que “este acordo coloca desafios importantes, mas que podem aumentar o nível competitivo do Brasil”.
Em Canada – Europe: A Case Study in Resilient Trade, Carlos Leitão (Parlamento do Canadá) alertou que “a nossa soberania depende da capacidade de diversificar o comércio”, enquanto António Leão Rocha, embaixador de Portugal no Canadá, lembrou que o CETA já aumentou o comércio bilateral em cerca de 53% desde 2017. Élise Racicot, embaixadora do Canadá em Portugal, destacou o potencial de setores estratégicos como tecnologia, defesa e farmacêutica. Gilda Pereira (Ei! Migration Advisory) e Nuno Schaller Gonçalves (Deloitte) sublinharam os benefícios do CETA para PME portuguesas, incluindo mobilidade de talento e menos burocracia. O painel foi moderado por Victor Severino (Toronto Region Board of Trade).
A sessão Innovation, Industry & Workforce Resilience reforçou o papel da inovação na longevidade. João Rui Ferreira, Secretário de Estado da Economia, afirmou que “é impossível perceber o mundo sentados a partir do nosso escritório em Lisboa”, lembrando a relevância das soft skills da diáspora. Ana Figueiredo (Altice Portugal) alertou que “vivemos um momento de intensa transformação” e que é preciso colocar “a pessoa, o indivíduo” no centro das decisões, preparando empresas para novas necessidades. A discussão foi aprofundada com Celine Abecassis-Moedas (UCP), Joaquim Coelho (CJR Renewables), Luís Guimarães (Banco Português de Fomento), Madalena Albuquerque (Meo/Altice), Olga Filipova (Workademy), Rui Meireles (MDS Group), com moderação de Viviana Silva (Dsm-Firmenich).
No tema Investment in Transatlantic Infrastructure & Longevity, Ángel Cárdenas (CAF) salientou que “há muitas relações históricas entre a América Latina e Portugal que têm de ser recuperadas”.
Em Connected Cities: Trade, Technology & Urban Diplomacy, moderado por Carolina Rendeiro (Connect2Global), Luísa Baltazar (Nova SBE) defendeu que “não podemos dissociar tecnologia, inovação e inteligência artificial das pessoas”, enquanto Luís Capão (Câmara Municipal de Cascais) reforçou que “longevidade não é só futuro, é também identidade”. Carmenza Jaramillo (IPDAL) destacou que “a cooperação é o caminho” para cidades intergeracionais mais resilientes.
O painel The Legacy of Sport abriu com Peter Fonseca (House of Commons of Canada), que abordou a dimensão económica e social do desporto. O painel reuniu Craig Allan Ahrens (CHWIT), Nina Patrick (Nina’s Notes) e Luís Gutman (OW Ventures), que salientou que “o desporto tem trazido resultados financeiros para várias áreas e tem um potencial enorme de retorno económico que está a ser potenciado pela inteligência artificial”.
Em Powering Longevity, Ramziya Muborakshoeva (Pamir Energy) frisou a importância de energia acessível e limpa e Hugo Rigor (Petrotec) destacou que a longevidade depende de sistemas energéticos sustentáveis.
O segundo dia centrou-se na democracia e geopolítica. Domingos Fezas Vital afirmou que “a democracia nunca é garantida e deve ser protegida”. Dorota Barys, (Embaixada da Polónia), lembrou que, “sem a união da UE, a Ucrânia já não existiria”. José Azeredo Lopes (UCP) alertou que “o impacto das redes sociais e da informação distorcida exige inovação institucional e educação crítica”. O painel, The Ageing of Democracies, foi moderado por João Pedro Taborda (Embraer).
A sessão The State of the World reuniu as embaixadoras Élise Racicot, Marina Teitelboim Farías (Chile) e Isabel Brilhante Pedrosa (Portugal), numa conversa que reforçou a importância da cooperação transatlântica. A conversa foi moderada pelo jornalista Germano Almeida.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, encerrou o EAM2025 referindo que a longevidade representa “uma oportunidade global” e que Portugal, fruto da “rutura de 1974”, conquistou “cargos de influência ao nível mundial e europeu”, construindo “novas pontes” para garantir “influência, visibilidade e responsabilidade global”.
Com mais de 500 participantes e dezenas de reuniões B2B, o EAM2025 consolidou-se como um espaço de reflexão estratégica, evidenciando que Portugal, através da sua diáspora e posição atlântica, possui uma oportunidade singular para liderar debates, projetos e agendas globais.



















