Poesia – Ondjaki

Na foz do rio Kwanza

A foz – lugar que te quero mostrar um dia
irmos lá ver as margens e espreitar
os mangais verdes
perto de uma água lisa
bonita de os pássaros e as árvores e as nuvens
se espelharem nela, nessa água bonita
mostrar-te as margens brancas
e uma língua extensa de areia onde
a margem do rio
toca
a alma salgada do mar.
um rio lindo
de se deitar os olhos
kwanza
é o nome dele.

Ondjaki

Ndalu de Almeida, popularmente conhecido como Ondjaki nasceu em Luanda em 1977. Prosador, às vezes poeta. Licenciou-se em Sociologia e é membro da União dos Escritores Angolanos. Interessa-se pela interpretação teatral e pela pintura (duas exposições individuais, em Angola e no Brasil). Já em Lisboa, fez teatro amador durante dois anos e um curso profissional de interpretação teatral. No ano 2000 recebeu uma menção honrosa no prémio António Jacinto (Angola) pelo livro de poesia Acto Sanguíneo. Participou em antologias internacionais (Brasil e Uruguai) e também numa antologia portuguesa. Co-realizou um documentário sobre a cidade de Luanda (Oxalá Cresçam Pitangas – Histórias de Luanda).

Entre todos os estilos artísticos visitados, o poeta sempre retorna à literatura, onde ele se sente em casa. Embora ele escreva mais poemas, eles são menos publicados pelo autor, que também navega com facilidade e prazer pelos contos. O escritor considera cada vez mais complexo o ato da escrita, pois hoje, com o passar do tempo, tem uma percepção mais acurada desse processo.

Esta rubrica pretende dar a conhecer ao mundo o melhor da poesia por diversos autores lusófonos. Os poemas são selecionados por Gilda Pereira, uma fã incondicional de poesia.

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