Os meus Pais Já não Vivem Juntos

A criança e o divórcio dos pais


A palavra divórcio significa a dissolução legal e definitiva do vínculo do casamento civil.
O número de divórcios em Portugal tem vindo a aumentar nas últimas décadas. Segundo dados do INE (Instituto Nacional de Estatística), entre 1960 e 1975, por cada 100 casamentos havia um divórcio. Em 2011, ano em que se atingiu o valor mais alto, 74 dos 100 casamentos realizados, terminaram em divórcio.
A união entre duas pessoas determina a constituição de uma família.

O fim de uma relação conjugal, pressupõe o término de um projeto a dois, originando, frequentemente, nos adultos, sentimentos de desilusão, frustração e insatisfação.
O divórcio origina grandes mudanças na estrutura familiar, com repercussões na parentalidade, assim como, na componente económica e social.

Wallerstein e Blakeslee (1989) identificaram três fases principais no processo de divórcio:

  1. Separação: Nesta fase, as discussões conjugais são bastante frequentes, culminando no abandono do lar, por um dos progenitores. Verifica-se uma grande desorganização familiar na qual as crianças são muitas vezes testemunhas de agressões físicas e verbais entre os pais. O casal desorganizado está, geralmente, mais centrado nas suas preocupações e menos atento às necessidades dos filhos.
  2. Reconstrução: Estádio transicional em que pais e filhos procuram reconstruir as suas vidas. Nesta fase, é frequente haver várias mudanças, nomeadamente de casa, de emprego e/ou de escola.
  3. Estabilização: A família volta a encontrar alguma estabilidade. No entanto, globalmente, podem ser famílias mais vulneráveis, uma vez que podem existir, maiores dificuldades económicas, menos apoios externos e mais dificuldades ligadas à parentalidade.

O divórcio implica o fim do ciclo de vida familiar tradicional e pode causar desajustamentos psicossociais nos filhos. Com vista a avaliar o impacto do divórcio no desenvolvimento emocional da criança, têm sido realizados inúmeros estudos.
Os pais promovem a segurança emocional da criança, a independência, o sucesso intelectual e a competência social.
No caso de uma rutura familiar, os estudos indicam que a estabilidade emocional dos filhos dependerá dos pais, de como eles estão ou não saudáveis psicologicamente e como é que eles vão lidar com esta nova etapa das suas vidas.
As crianças mais jovens sofrem mais com o divórcio, por, frequentemente acreditarem ser culpadas por tal acontecimento. Os educadores devem transmitir segurança, para que a criança se sinta protegida.

A maior parte das crianças vive estas mudanças, de uma forma saudável, com poucos danos psicológicos.
No entanto, para muitos autores, o divórcio é considerado como o evento que, com maior frequência, causa stress nas crianças.
Neste contexto, os conflitos inter-parentais contribuem significativamente para um sofrimento emocional nas crianças e jovens, que pode culminar, em situações mais graves, em depressão infantil.
A depressão infantil é uma perturbação psiquiátrica e não apenas um normal estado de tristeza, que pode surgir na sequência de um acontecimento, sentido pela criança como traumático.
As crianças têm mais dificuldade em exprimir verbalmente o que sentem e não existem sintomas exclusivos da depressão infantil. A duração, frequência e intensidade dos sintomas, juntamente com uma recolha de dados minuciosa aos pais e a outros cuidadores, é fundamental para se chegar a um diagnóstico.

Os estudos sobre a depressão infantil revelam que a prevalência da doença aumenta com a idade e, até à puberdade, afeta na mesma proporção ambos os sexos. Na adolescência, no entanto, a depressão é cerca de duas vezes mais comum entre as raparigas.
Sinais de Alerta:
Humor depressivo, tristeza e/ou choro frequente;
Perturbações do sono;
Alterações do apetite;
Diminuição do rendimento escolar;
Isolamento social: nomeadamente na escola;
Baixa auto-estima e constantes sentimentos de culpa;
Fadiga, falta de energia;
Apatia, perda de interesse nas brincadeiras;
Queixas somáticas (barriga, cabeça, etc.)
• Outros.

Se ao ler este artigo, ficar preocupado/a com o seu filho/a deve procurar ajuda especializada, Sugere-se que se dirija ao médico de família e solicite o encaminhamento para um Serviço de Psiquiatria e Saúde Mental da Infância e da Adolescência.

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