LusoJornal
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O jornal mais lido pelos Portugueses de França
É com natural empatia que constatamos que são uma publicação a pensar nos portugueses. Como nasceu essa vontade de dar voz aos portugueses no seio da comunidade em França e como nasceu afinal o LusoJornal?
Carlos Pereira: O LusoJornal é o resultado de um percurso pessoal e de uma análise da comunidade portuguesa. Desde que cheguei a França, em 1984, mergulhei na comunidade portuguesa que reside neste país. Durante uma dezena de anos fui dirigente associativo, animador sociocultural, organizei e participei em encontros, debates, estudos sobre a comunidade portuguesa, fui membro do Conselho das Comunidades Portuguesas (CCP) e cheguei mesmo a ser presidente mundial do CCP. Tenho consagrado uma vida a estas questões. O LusoJornal é apenas a solução para uma carência que constatei: a falta de informação no seio da comunidade.
Em que áreas e atividades se têm destacado mais os portugueses no vosso jornal?
Carlos Pereira: Um dos principais objetivos do LusoJornal é precisamente mostrar que a comunidade portuguesa de França é heterogénea. Viemos quebrar os preconceitos que havia. Quem ler o LusoJornal fica a saber que os portugueses de França não são todos trabalhadores da construção civil e que as mulheres não são todas domésticas. Mas também mostramos que os emigrantes portugueses não são todos empresários de sucesso. Quem ler o LusoJornal, penso que ficará com uma imagem o mais real possível dos portugueses de França. Temos essa obsessão. Todos os dias acordamos a pensar nisso.
São 18 anos de atividade. Quais foram os pontos menos positivos que destaca ao longo destes anos todos e os mais positivos?
Carlos Pereira: Para se aguentar um projeto destes durante 18 anos há só uma receita: esquecer os momentos menos positivos e apenas guardar em memória os passos, mesmo os mais pequenos, se se vão dando. No início diziam-nos que os portugueses não estavam habituados a ler, mas nós mostramos que sim. Diziam-nos que não havia mercado, mas mostramos que sim. Diziam-nos até que não havia notícias, quando é coisa que não nos falta. Diziam-nos que não se faz jornalismo sério com jornais gratuitos, mas hoje há cada vez mais jornais gratuitos. Por isso, apostámos na determinação e esse é, sinceramente, o nosso ponto positivo. O departamento comercial tem sido o elo fraco do nosso projeto. Aliás, nos últimos 10 anos, nem tínhamos departamento comercial. É um erro que estamos a corrigir agora. Tivemos um percalço administrativo em 2010 que quase deitou por terra o projeto. Na altura, tivemos de mudar de editora. Mas esse tipo de problemas reforçam-nos, dão-nos mais segurança para encarar o futuro.
Durante estes anos com certeza que surgiram histórias de cumplicidade com os vossos leitores? Contem-nos alguma que vos tenha marcado.
Carlos Pereira: Durante 18 anos, temos centenas, milhares de histórias de cumplicidades com os nossos leitores. Para muitos deles, somos o único companheiro de leitura. Muitos deles esperam ansiosamente pela quarta-feira para nos lerem. Muitos enquadram os artigos que publicamos a falar deles. Para muitos deles, somos o único jornal que se interessa às suas atividades. Costumamos dizer que muitos dos políticos das comunidades passariam despercebidos se não existíssemos. Esse é o nosso grande orgulho.
Como antevê o futuro do LusoJornal?
Carlos Pereira: É difícil prever o futuro. Estamos num mundo em mutação constante e tremendamente rápida. A edição do jornal em papel ainda se justifica porque muitos dos nossos leitores ainda só nos lê em papel, mas criámos uma edição digital para preparar o futuro, para chegar aos leitores mais habituados à navegação digital. Dizem-nos que no futuro deixaremos de ter jornais impressos. Será verdade? A língua portuguesa é importante para nós, é o elo de ligação entre muitos dos nossos leitores, mas cada vez escrevemos mais em francês, para chegar a mais público, menos familiarizado com a língua portuguesa. Dizem-nos que no futuro os nossos leitores só vão ler francês. Será verdade? Há só um ponto sobre o qual não abdicamos: a seriedade, a deontologia, a forma de encarar a missão do jornalista. Fazer um jornal a sério nas comunidades, não é impossível, e acreditamos que nos resta uma reserva de engenho e arte para continuar a mostrar o que sabemos.
Novidades para 2022 que nos possa revelar?
Carlos Pereira: Estamos num processo de mudanças, mas tenho a impressão que este processo nos acompanha desde o primeiro dia da nossa existência. O LusoJornal é gratuito e por isso, a nossa única fonte de receitas é a venda de publicidade. No entanto, a pandemia veio perturbar muito o nosso plano de desenvolvimento comercial. Vamos ver se em 2022 a venda de publicidade retoma. Pouco a pouco, vamos também melhorando o nosso site. O lançamento da área de vídeo do LusoJornal veio trazer uma nova forma de fazer jornalismo. As entrevistas, outrora feitas pelo telefone, são agora feitas em direto nas redes sociais, criámos programas específicos, com especialistas, e tudo isto faz de nós únicos.
Carlos Pereira nasceu há 56 anos em Vila Real e mora em França desde 1984.
É licenciado em Física Fundamental pela Universidade de Paris 7. Foi animador sociocultural, Diretor Executivo da Coordenação das coletividades Portuguesas de França, fundou e dirigiu o Festival de Teatro Português em França. Também assumiu a função de formador de dirigentes associativos em vários países da Europa e organizador de encontros internacionais de jovens. Durante 11 anos foi membro do Conselho das Comunidades Portuguesas (CCP) e foi Vice-Presidente e Presidente Mundial deste órgão de consulta do Governo português. Antes de criar o LusoJornal era Diretor de marketing e vendas da Marconi France, uma empresa do grupo Portugal Telecom. Para além de ser jornalista e Diretor do LusoJornal, trabalha também para televisão, nomeadamente para a RTP desde 2005. Também já produziu programas para a SIC e para a CLP TV.