O Clarim

Jornal Impresso | Semanal | Distribuição em Macau, sendo enviado em papel e formato pdf para vários países

Fundado à 74 anos

O jornal O Clarim, semanário fundado em 1948, é hoje uma referência em Macau. Como nasceu este projeto?

O Clarim foi oficialmente fundado a 1 de Maio de 1948, tendo o primeiro número saído da prensa no dia seguinte, a 2 de Maio. O Clarim é resultado da evolução de uma revista com o mesmo nome, criada em 1943, ano em que Macau se encontrava completamente isolado do mundo devido à Guerra do Pacífico. A título de curiosidade, a revista que antecedeu o jornal foi projetada pelos então alunos da disciplina de Religião e Moral do antigo Liceu de Macau, com a coordenação do seu professor, o Padre Manuel Teixeira. Já o jornal surgiu da boa vontade dos padres Fernando Leal Maciel e Júlio Augusto Massa, que desde o primeiro minuto se mostraram recetivos ao desafio que lhes foi lançado pela juventude católica. Sob o lema “Por Deus e Pela Pátria”, com cabeçalho do pintor russo George Smirnoff e visado pela Censura do Estado Novo, O Clarim passou, assim, a fazer parte do quotidiano de Macau até aos dias de hoje. Já lá vão 74 anos…

Quais são as principais temáticas tratadas na edição impressa e na online? Quais os principais traços que as distingue?

O Clarim é o jornal de língua portuguesa mais antigo de Macau em atividade. Não podemos confirmar, mas segundo alguns investigadores é o segundo mais antigo em circulação, depois do jornal Va Kio, este de língua chinesa. Este dado explica a evolução da linha editorial d’O Clarim desde a sua fundação até aos dias de hoje. Começou por ser um jornal com uma vertente política muito acentuada, evoluindo aos longo dos tempos para uma linha mais confessional, por assim dizer. Hoje dedica-se quase exclusivamente às atividades da Diocese de Macau, das suas paróquias e entidades a ela afetas, bem como da Igreja Católica em todo o mundo, com especial incidência nos “mundos” português e chinês. Atualmente, O Clarim é impresso em português e chinês, e publicado online em inglês. Quem aceder ao nosso site www.oclarim.com.mo encontra as três edições. Embora a linha editorial seja igual para as três línguas, os conteúdos diferem consoante os públicos-alvo. Mesmo as matérias que são publicadas nas três línguas são muitas vezes abordadas sob diferentes perspetivas. Estamos a falar de culturas diferentes e o que pode interessar mais para uns, pode não interessar tanto para outros, e vice-versa. Respondendo à pergunta, não há nada que distinga as edições impressa e online. Na realidade, o que as distingue é a língua em que as notícias são publicadas, o que influi no modo como as matérias são tratadas.

Acha que o jornal impresso vai acabar nos próximos anos? O digital já é sustentável?

Há mais de vinte anos que se ouve que os jornais impressos têm os dias contados. A realidade é que publicações de referência, como o Diário de Notícias, em Portugal, extinguiram a edição impressa e centraram-se apenas no online, vindo depois a desistir dessa opção. Mesmo nos Estados Unidos, onde supostamente os jornais em papel já deviam ser coisa do passado, começa-se a verificar que mais facilmente os leitores pagam por um produto que podem tocar, sentir, do que por algo apenas “virtual”. Em 2016, a Newsweek foi a primeira publicação a entender, pelas piores razões (uma quebra significativa das vendas), que os seus leitores queriam continuar a receber a revista em papel. Daí que atualmente haja publicações impressas que estão também no online, sendo que o online é mais utilizado para as notícias do dia-a-dia ou de última hora. N’O Clarim também o fazemos, o que não quer dizer que à sexta-feira, na edição impressa, não voltemos a publicar matérias já divulgadas, tanto no nosso website como no Facebook e no Instagram, ao longo da semana.

Quais foram os pontos menos positivos que destaca ao longo destes 74 anos e os mais positivos?

Os menos positivos prenderam-se, sobretudo, com divergências ocorridas entre o jornal, personalidades de vários quadrantes da sociedade e as autoridades oficiais, em momentos – refira-se – meramente pontuais. Claro está que facilmente não teríamos este tipo de constrangimentos no nosso currículo, se não estivéssemos há tantos anos nas bancas. Os pontos mais positivos são todos aqueles momentos em que sentimos que o jornal alcançou – e alcança – os objetivos a que se propõe, e sempre que algo muda para melhor. Também motivo de regozijo é verificar que o jornal é hoje mais conhecido a nível internacional, o que para muito tem contribuído o online, embora haja sempre quem, mesmo longe, goste de “tocar” n’O Clarim.

Como tem sido viver na “bolha fechada” por causa da Covid-19?

Cada pessoa vive este confinamento, ou semi-confinamento, de maneira diferente. Por isso é difícil falar pelo coletivo. No que respeita ao jornal, a Igreja Católica em Macau continuou o seu caminho dentro da normalidade, sem nunca descurar a situação em que nos encontramos. Curiosamente, verificou-se um aumento do número de fiéis nas celebrações eucarísticas e noutras atividades religiosas, o que permitiu a’O Clarim ter matéria-primeira para continuar a trabalhar.

Que projetos a curto/médio prazo para O Clarim?

Sem descurar a edição impressa – a nossa joia da coroa – estamos a reforçar a presença no online. Ainda há dias estabelecemos uma parceria com o site Vatican News (www.vaticannews.va), tendo os seus responsáveis autorizado a inserção do widget do Vatican News na página online d’O Clarim, o que representa um sinal de confiança da Santa Sé, mais precisamente do Dicastério para a Comunicação, no nosso trabalho. Outras parcerias do mesmo género estão a ser estudadas, o que para nós é um motivo de orgulho.

Que mensagem quer deixar aos leitores do vosso jornal?

Primeiro, agradecer a todos os nossos leitores pela fidelidade que há muito vêm demonstrando; segundo, prometer que iremos continuar a trabalhar com o máximo afinco para continuar a merecer a sua confiança, o que para um jornal com uma linha editorial tão específica nem sempre é fácil. Mas com o apoio do Senhor Bispo D. Stephen Lee, da Cúria Diocesana e de todos os fiéis, não há razão para más vindimas.

O Clarim

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