A propósito… da Terapia EMDR
Todos nós temos um diálogo interno que pode ser nosso aliado ou, por vezes, nosso inimigo.
Diariamente surgem pensamentos que cruzam a nossa mente e, se esse diálogo for irracional, não os conseguimos silenciar automaticamente.
O que devemos fazer é substituir esses pensamentos por mensagens positivas. Mas isto nem sempre é fácil e, sobretudo torna-se quase uma missão impossível realizarmos sozinhos, caso não tenhamos uma boa rede de suporte, sobretudo familiar e social. Os pensamentos que emergem estão inevitavelmente interligados às crenças negativas (maioritariamente inconscientes) que temos acerca de próprios, ( p.ex: não sou capaz; não tenho valor; não me consigo integrar,…) ou positivas, tendo em conta as experiências que vivenciámos.
Caso as crenças negativas imperem, então o desfecho não se avizinha o melhor e devemos mesmo procurar ajuda especializada.
Por isso, hoje falo-Vos do EMDR – Eye Movement Desensitisation and Reprocessing.
A Terapia EMDR – Dessensibilização e Reprocessamento através dos Movimentos Oculares – foi criada no final da década de 80 pela Psicóloga Americana Francine Shapiro e usada, inicialmente para o tratamento do Stress Pós Traumático. Tem-se vindo a desenvolver muito, sobretudo nos últimos 10 anos. Desde então, diversos estudos comprovam a sua eficácia. A Organização Mundial de Saúde – OMS (2013) e a American Psychiatric Association – APA (2004) reconhecem a eficácia e recomendam a terapia EMDR. O EMDR só pode ser realizado por Psicólogos e Psiquiatras certificados.
A Terapia EMDR tem por base o modelo PAI – Processamento Adaptativo de Informação. Sabe-se que a Patologia e a Saúde surgem também em função de como as memórias são armazenadas. As memórias que são processadas inadequadamente desencadeiam patologia, por outro lado, as memórias processadas de forma adequada são a base da saúde. Assim, as experiências adversas se forem processadas inadequadamente não se ligam com informação adaptativa e acabam por resultar em queixas clínicas, sem base orgânica. Estas memórias processadas inadequadamente manifestam-se em: traços disfuncionais da personalidade, comportamentos, crenças, afetos e sensações. O foco primário de tratamento tem então a ver com este armazenamento disfuncional de memórias. O objetivo principal é o reprocessamento das experiências negativas e a sua transformação em experiências adaptativas positivas, seguindo um protocolo de 3 etapas: passado, presente e futuro.
Existem diferentes quadros de experiências adversas e nem todas têm de preencher os requisitos de situação de trauma. O EMDR pode tratar Perturbações emocionais, somáticas e relacionais, Problemas de auto-estima, Perturbações de ansiedade (pânico, fobias,…), Depressão, Perturbação de stress pós traumático, Dor, Luto, Perturbações aditivas, Perturbações do comportamento alimentar, entre outras.
Com o EMDR ativamos várias áreas cerebrais através da estimulação sensorial bilateral (visual, táctil ou auditiva), promovendo a dessensibilização daquilo que nos incomoda, através do processamento das memórias, reduzindo e eliminando os sintomas e colocando-nos num estado mais adaptativo e saudável no qual a razão, a emoção e a ação estão mais alinhadas. Tal, só é possível quando já existe uma relação terapêutica, de base sólida entre Cliente e Terapeuta.
Ana Sofia Oliveira Psicóloga Especialista em Clínica e Saúde. Terapeuta EMDR