Ana Cristina Cesar
Soneto
Pergunto aqui se sou louca
Quem quer saberá dizer
Pergunto mais, se sou sã
E ainda mais, se sou eu
Que uso o viés pra amar
E finjo fingir que finjo
Adorar o fingimento
Fingindo que sou fingida
Pergunto aqui meus senhores
quem é a loura donzela
que se chama Ana Cristina
E que se diz ser alguém
É um fenômeno mor
Ou é um lapso sutil?
Ana Cristina Cesar
Ana Cristina Cesar
Poetisa brasileira, nasceu em 2 de junho de 1952, no Rio de Janeiro. Aos sete anos de idade, publicou as suas primeiras poesias, no jornal Tribuna da Imprensa. Anos depois, fez faculdade de Letras, e dois mestrados — Comunicação, e Teoria e Prática da Tradução Literária.
Considerada, pela crítica especializada, como pertencente à geração mimeógrafo, vinculada à poesia marginal dos anos de 1970. Os seus textos são caracterizados por um discurso confessional, tom coloquial, ironia e fragmentação. Sobre a sua poesia disse um dia: “É muito construída, muito penosa”.
Esta rubrica pretende dar a conhecer ao mundo o melhor da poesia por diversos autores lusófonos. Os poemas são selecionados por Gilda Pereira, uma fã incondicional de poesia.