Poesia – Ariano Suassuna

O Amor e a Morte

Sobre essa estrada ilumineira e parda
dorme o Lajedo ao sol, como uma Cobra.
Tua nudez na minha se desdobra
— ó Corça branca, ó ruivo Leoparda.

O Anjo sopra a corneta e se retarda:
seu Cinzel corta a pedra e o Porco sobra.
Ao toque do Divino, o bronze dobra,
enquanto assolo os peitos da javarda.

Vê: um dia, a bigorna desses Paços
cortará, no martelo de seus aços,
e o sangue, hão de abrasá-lo os inimigos.

E a Morte, em trajos pretos e amarelos,
brandirá, contra nós, doidos Cutelos
e as Asas rubras dos Dragões antigos.

Ariano Suassuna

Ariano Vilar Suassuna

Nasceu no dia 16 de Junho de 1927 em Paraíba do Norte, Paraíba. Destacou-se como dramaturgo, romancista, ensaísta, poeta, professor e advogado brasileiro. Deixou um legado para o Brasil dando voz especialmente ao nordeste.

Com uma obra extensa composta por poemas, folhetins, romances e peças de teatro, Ariano Suassuna é lembrado como um dos maiores nomes da literatura brasileira. Nasceu no seio de uma família abastada, visto que o seu pai, João Suassuna, era presidente do Estado, cargo que mais tarde passa a ser de governador. Com o assassinato doe seu pai na Revolução de 30, a família muda-se para Taperoá e mais tarde para Campina Grande, ambas cidades na Paraíba. Na adolescência foi viver no Recife, capital de Pernambuco. Ali, foi estudante do curso de Direito, na Universidade Federal de Pernambuco formando-se em 1950. Durante os anos na universidade, escreve a sua primeira peça de teatro “Uma Mulher Vestida de Sol” e com ela recebeu o prémio Nicolau Carlos Magno. Ao lado de Hermilo Barbosa Filho funda o “Teatro do Estudante de Pernambuco”. Essa criação foi a chave para escrever mais peças, as quais foram encenadas no local. Chegou a trabalhar na área de advocacia, no entanto, não deixou de lado sua paixão pela escrita. Assim, continuou a escrever peças e romances. Casou-se com Zélia de Andrade Lima Suassuna em 1957 e com ela teve seis filhos.

Esta rubrica pretende dar a conhecer ao mundo o melhor da poesia por diversos autores lusófonos. Os poemas são selecionados por Gilda Pereira, uma fã incondicional de poesia.

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