Arte e Saúde

A Arte cuida!
A Arte desempenha um papel significativo na Saúde. A ligação entre estas duas áreas, em constante evolução, é aceite pela comunidade médica e reconhecida pela Organização Mundial de Saúde (OMS), com base em milhares de estudos científicos com evidências físicas e biológicas em como a Arte é benéfica para a Saúde, desde a gestação ao nascimento e até ao fim da vida, em crianças, adolescentes, adultos e idosos, com ou sem doenças estabelecidas físicas ou mentais. As experiências artísticas emergem das interações dos múltiplos processos cognitivos e afetivos. Na busca de evidências biológicas, pesquisas integradas por estudos neuropsicológicos e de neuroimagens, nomeadamente com ressonâncias magnéticas (RM) e marcadores neuro endócrinos, mostram o impacto das ligações das redes cerebrais com as experiências artísticas que podem produzir ondas cerebrais com impacto em ambos os hemisférios cerebrais comprovados por registos de Eletroencefalogramas (EEG) bem como o do fluxo sanguíneo cerebral ou a produção de mediadores químicos como a dopamina e serotonina ligados à sensação de prazer e de satisfação. Os resultados mostram que a Arte é impactante na prevenção e promoção da Saúde afetando os determinantes sociais da saúde, apoiando o desenvolvimento infantil, incentivando comportamentos saudáveis, prevenindo hábitos hostis e apoiando o cuidado e o autocuidado.

Uma obra de Arte é uma linguagem universal e pode falar com qualquer um! Cores, linhas e formas falam sem dizer uma palavra! Relembremos as Pinturas Rupestres, como forma de expressão e de comunicação, feitas há milhares de anos atrás quando o Homem produziu Arte antes da Escrita!
A criatividade é inata. Na nossa infância todos nós fazemos “rabiscos aparentemente sem sentido” e ao longo do nosso crescimento vamos progredindo na forma de nos expressarmos.
A OMS definiu em 1948, a saúde como “um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência de doença”.
É neste contexto que é necessário entender a Saúde, devendo englobar nomeadamente questões de segurança, promoção da igualdade de género, condições económicas e sociais, isolamento social versus suporte social ou meio ambiente. Todas estas vertentes estão interligadas com impacto e repercussão na Saúde física e emocional e consequentemente na qualidade de vida.
Quando falamos em Arte falamos em Música, Canto, Dança, Teatro, Cinema, Artes Visuais, Artesanato, Pintura, Desenho, Escultura, Instalações e Performances, Design, Fotografia, Literatura, Leitura e Escrita Criativa, Poesia, Artes Digitais e de uma forma geral em todas as atividades e expressões criativas, artísticas e culturais.
Assim deveremos considerar a Arte uma aliada das Ciências Médicas em que a criatividade contribui para a inovação na Saúde e consequentemente para uma melhoria da prestação dos serviços assistenciais e na qualidade de vida.
O impacto da Arte e da Cultura na promoção do bem-estar e da Saúde deverá ser reconhecido a nível político, administrativo e estrutural, com a criação de programas, projetos e iniciativas aumentando a inclusão individual, comunitária e social e propiciar e facilitar a acessibilidade e as oportunidades de participação.
A Direção geral das Artes (DGARTES) apoia dezenas de projetos, nomeadamente no âmbito do Programa Arte e Saúde Mental desde 2020. De realçar a parceria com a Associação P28 – Associação de Desenvolvimento Criativo e Artístico (Centro Hospitalar Psiquiátrico de Lisboa /Projeto “Manicómio “fundado em 2019) promovendo o combate à discriminação e ao estigma associado à doença mental. Entre os muitos projetos desenvolvidos pelo “Manicómio” é de salientar as colaborações com diferentes estruturas que passam pela chocolataria portuguesa Arcádia até às “Consultas sem Paredes” em parceria com o Museu de Arte e Tecnologia ( MAAT ) e o Centro de Arte e Comunicação ( Ar. Co).

Portugal está integrado nas diferentes plataformas da União Europeia e da OMS bem como tem colaboração ativa com Instituições Internacionais dedicadas à temática da Arte e Saúde.
A Arte pode e deve ser utilizada na humanização da assistência médica, na medicina preventiva, de reabilitação, curativa e paliativa sendo um veículo para expressar experiências, reflexões e procedimentos complexos com potencial para a melhoria da saúde e da medicina como um todo, defendendo a qualidade dos serviços prestados.
Todos nós devemos exercitar o nosso cérebro para que fique saudável com maior capacidade de raciocínio, de memória e de aprendizagem. A criatividade promovendo a exposição a uma atividade nova ou complexa propicia a formação de novas conexões e a remodelagem das previamente existentes entre as células cerebrais melhorando assim a neura plasticidade.

Assim é reconhecido que a Arte proporciona:

Melhoria da saúde em geral com particular relevância na estratégia das questões da saúde mental
Melhoria global funções cognitivas
Melhoria da memória e aumento do poder de concentração
Aumento do autoconhecimento, autoestima e confiança
Melhoria da Empatia e Expressividade de sentimentos e emoções
Melhoria da comunicação verbal e não verbal
Melhoria da reatividade emocional e da organização dos sentimentos e memórias
Melhoria significativa da resiliência psicológica
Desenvolvimento do Pensamento crítico
Facilitação na tomada de decisões responsáveis
Facilitação do desenvolvimento de competências sociais
Facilitação na abordagem de comportamentos e adições
Redução dos sintomas da ansiedade e depressão
Redução do estigma de Doença Mental.
Melhoria do envelhecimento ativo e saudável
Melhoria da qualidade de vida
Diminuição do risco de mortalidade

Museus e galerias de Arte são Amigas do cérebro. Na contemplação artística o “simples” olhar para uma obra de arte pode ser muito benéfico para a Saúde e bem-estar, diminuindo a ansiedade e estimulando pensamentos flexíveis e a criatividade. Uma “simples” visita a um museu tem um impacto real na Saúde física, mental e no bem-estar social, diminuindo o isolamento social e contribuindo para a melhoria da qualidade de vida.
A ligação entre a Arte e a emoção é intrínseca pelo que qualquer expressão artística desperta alguma emoção. A neuro estética usa a neurociência para tentar entender o que acontece no cérebro a nível neurológico quando este se depara com a Arte, seja para criar, seja para contemplar, baseado nas diferentes perceções estéticas que há em cada um de nós.
Acredita-se que o ser humano seja a única espécie capaz de atribuir diferentes níveis de beleza às coisas e, assim como a emoção, a beleza, considerando que a perceção do belo está nas cores, formas e proporções, também é intrínseca à Arte e consequentemente também tem a ver com a nossa Saúde mental.
Museus e Galerias de Arte são Espaços Seguros e Educacionais na Saúde física, emocional e mental. Centenas de museus e de galerias estão a facilitar a acessibilidade e a desenvolver projetos voltados para o bem-estar, tornando-se verdadeiros promotores da saúde.
Sendo toda a Arte emocional os benefícios da Arte em contexto terapêutico / psicoterapêutico traduzem-se no campo da subjetividade criativa, permitindo estimular o equilíbrio da mente na construção do pensamento e da linguagem.
A Terapia pela Arte tem o potencial de melhoria no bem-estar geral até transformações estruturais, gerando novas formas de estar na vida e de ver o mundo. É com o estímulo à criatividade que se tornam possíveis estas transformações.
A criatividade, como meio de renovação, é fundamental para uma vida saudável e equilibrada. Não é preciso ser artista! A expressão criativa pode ser feita de várias maneiras e formas espontaneamente e livremente sem quaisquer limites ou barreiras.

As prescrições médicas de visitas culturais e a galerias de Arte e a implementação de oficinas artísticas são desejáveis e são encorajadoras as já existentes em alguns museus, hospitais e serviços assistenciais.
A criação de oficinas artísticas nos serviços de saúde é uma mais-valia, particularmente nos serviços de assistência à doença mental. A nossa capacidade criativa, como capacidade inerente de produção, varia em grau e nível de complexidade e permite-nos evoluir na organização do que é subjetivo ou abstrato, gerar algo novo, gerar símbolos ou reconhecer ideias e alternativas para solucionar problemas e desenvolver funções reguladoras da mente e operacionais que nos permitem ter capacidades de adaptação à realidade interna ou externa, criando conexões sinápticas e novos caminhos neuronais.
A OMS divulgou dados que apontam para uma tendência crescente da depressão que se deverá tornar até 2030 a doença mais comum do mundo, pelo que se impõe a necessidade de sensibilização, de consciencialização e de debate sobre a doença mental. É neste contexto que foi lançada a campanha “A Saúde mental é um direito humano universal” que visa envolver comunidades e instituições de todo o mundo.
Em outubro de 2023 o Museu Nacional Soares dos Reis assinalou o Dia Mundial da Saúde Mental (dia 10 de outubro criado em 1992 pela Federação Mundial da Saúde Mental) com conversas sobre “Arte e Normalidade” com a participação de Psiquiatras, Artistas, Historiadores e Investigadores em Arte e Design que partindo da exposição de obras associadas a autorrepresentação e produzidas em contexto de doença mental, proporcionaram momentos de reflexão e debate sobre a interseção entre Arte e Saúde Mental.

Promover a Arte é um investimento na Saúde influenciando políticas públicas e práticas sociais motivando alterações significativas na acessibilidade e no apoio de cuidados de saúde para todos. A Arte permite-nos reorganizar os nossos padrões mentais perante os obstáculos emocionais, promovendo igualmente conexões sociais, ampliando redes de apoio combatendo a solidão e o isolamento com diminuição do declínio físico e mental relacionado com o envelhecimento, prolongando a expectativa de vida e melhoria da qualidade de vida. A Arte e a Educação articulando com a Saúde Mental na Contemporaneidade leva-nos às propostas de inclusão do ensino e da aprendizagem da Arte nomeadamente na formação dos profissionais de saúde. Merecem destaque na problemática da Arte, Saúde e Envelhecimento ativo os projetos COMPANHIA MAIOR e LATA 65.

Partis & ART for Change / Fundação Calouste Gulbenkian / Fundação “la Caixa”

Projeto Causa Maior/ Companhia Maior
A Companhia Maior de Dança Contemporânea, foi fundada em 2010, com bailarinos profissionais com mais de 60 anos de idade considerando que a atividade artística não tem idade limite, promovendo a desconstrução do conceito do idadismo. Neste projeto, a estética, a criatividade e a contribuição cultural para uma cidadania ativa está presente em todas as reflexões coletivas e interdisciplinares valorizando a investigação, as ciências sociais e as políticas públicas sobre o envelhecimento ativo.

Projeto LATA 65
Plataforma de intervenção artística com realização de Workshops de Arte Urbana para população sénior no contexto do envelhecimento ativo, criado em 2012. Em junho de 2023 o Ministério da Cultura reconheceu o LATA 65 como um Projeto de Interesse Cultural, enquadrando-o no Regime do Mecenato Cultural.
Este projeto que considera que a idade é apenas um número, aproxima os menos jovens a uma forma de expressão habitualmente associada aos mais jovens, promovendo e valorizando o acesso à Arte Contemporânea e particularmente à Arte Urbana. O projeto tem ações realizadas em Portugal de norte a sul e várias internacionalizações nomeadamente em Espanha, nos Estados Unidos da América (EUA) e Brasil, com a participação de mais de 700 entusiastas seniores ao longo de mais de 70 edições.
Celebremos o Dia 15 de Abril, Dia Mundial da Arte, Dia do nascimento de Leonardo Da Vinci.

TRAGAM ARTE À VOSSA VIDA!

A autora não aderiu ao novo acordo ortográfico

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