Crescimento económico e ambiente
Um equilíbrio na corda bamba!
O crescimento económico exerce, regra geral, uma forte pressão sobre a produção e o consumo de recursos, sejam eles renováveis ou não renováveis, cujos custos acabam sempre por ser imputados, directa ou indirectamente, ao meio ambiente. Desde a segunda etapa da Revolução Industrial, entre 1860 e 1900, até à actualidade, a extracção de recursos aumentou dez vezes e, prevê-se que até ao ano 2030, duplique. A manter esta tendência, a cadeia de exploração e fornecimento entrará em colapso, pois, não existem modelos de crescimento infinitos num planeta de recursos finitos.
O crescimento económico está muitas vezes alinhado com o “progresso”, com a criação de emprego e com melhores salários. É comum pautar os níveis de desenvolvimento dos países, tomando por base o seu crescimento económico. Todavia, os impactes ambientais resultantes desse mesmo crescimento são muito elevados e traduzem-se em altos níveis de poluição, no aumento do consumo de recursos não renováveis, na perda de habitats e no aquecimento global. No entanto, importa ressalvar o seguinte: é possível reduzir a poluição e até aumentar a produção, através do desenvolvimento e implementação de novas tecnologias.
É imperativo o desenvolvimento de modelos económicos assentes na sustentabilidade, com reduzidos impactes ambientais e sociais. Assim como também urge o desenvolvimento de uma consciência assente na racionalização dos padrões de consumo. Viver bem, não é, necessariamente, gastar mais! A ideia de que, uma economia em crescimento contínuo melhora a vida da sociedade é, profundamente, errada. O crescimento económico, baseado na relação consumo-produtividade, gera uma necessidade constante de se
produzir mais, para se consumir mais, que por sua vez vai originar novas necessidades de produção, num processo contínuo e ininterrupto de geração de novas necessidades.
Nesta lógica de mercado capitalista, a palavra de ordem é crescer, não importa o quê, nem como, nem onde, nem para quem. Crescer, não para dar resposta e alimentar as necessidades humanas, mas antes, para alimentar a lógica do lucro capitalista. Cria-se a falsa convicção de que, a posse de bens materiais se traduz no correspondente status social da pessoa.
Não raras vezes, os custos ambientais e sociais do “desenvolvimento” são muitas vezes pagos pelas populações mais vulneráveis, pelos mais pobres, pelos que não conseguem fazer ouvir a sua voz contra os grandes interesses económicos instalados.
Nos últimos anos, tendo como objectivo a redução da poluição e da exploração de recursos naturais, os governos adoptaram um sistema baseado na aplicação de impostos ambientais. Todavia, o princípio do poluidor-pagador assenta numa falsa premissa, no que à protecção ambiental diz respeito, pois não reduz a pressão sobre os ecossistemas, nem protege o meio ambiente.
O autor não aderiu ao novo acordo ortográfico
Trata-se de um “salvo-conduto” que permite ao seu portador a possibilidade de poluir, pagando.
Nesta busca contínua de “desenvolvimento” e “crescimento”, a Terra tem sido, muitas vezes usada, como um depósito, do qual se pode extrair tudo e, no qual, do mesmo modo, se pode depositar tudo, após uso.
É importante salvaguardar os ecossistemas e garantir que, devido aos impactes resultantes do crescimento económico, não ficarão irremediavelmente destruídos. O crescimento económico e o ambiente, caminham, lado a lado, num periclitante equilíbrio em cima da corda bamba.