Hortas comunitárias

A pequena revolução verde

As hortas comunitárias têm origem secular. Desde os primórdios das civilizações antigas até à modernidade, as comunidades foram criando laços de união para cultivarem a terra e produzirem, desse modo, os seus próprios alimentos. Ao longo do tempo, esse conceito comunitário de amanho da terra foi-se adaptando e evoluindo conforme as necessidades mais prementes de cada momento.
Na actualidade, um pouco por todo o mundo, sobretudo junto das grandes cidades, onde a disponibilidade de terra para cultivo é menor, têm sido desenvolvidos interessantes projectos de hortas comunitárias. Estes projectos apresentam um elevado potencial transformador e têm servido para ajudar no sustento das famílias; para aproximar as pessoas; para mudar vidas e para promover um sentimento de pertença às comunidades dos bairros.
As hortas comunitárias trazem incríveis benefícios e podem impactar, muito positivamente, as comunidades e o meio ambiente. Estas pequenas revoluções verdes servem para criar uma maior união e conexão entre as pessoas, assim como promover o bem-estar físico e mental, aumentar a segurança alimentar, embelezar os bairros e educar para a sustentabilidade ambiental.
Durante o século XIX, as hortas comunitárias surgiram como uma necessidade de resposta à urbanização e à industrialização. Devido ao rápido e forte crescimento das cidades, os espaços verdes começaram a escassear e as pessoas sentiam falta de ligação à natureza. Para colmatar essa necessidade, as hortas comunitárias apareceram como uma solução amplamente aceite, permitindo às comunidades citadinas um maior contacto com a natureza e o cultivo da sua própria alimentação, a baixo custo e mais saudável.

Actualmente, as hortas comunitárias continuam em franco crescimento e simbolizam muito mais que meros espaços onde se cultivam plantas. Apresentam-se como uma espécie de oásis verdes entre as cinzentas selvas de cimento das cidades – lugares multiculturais onde convivem pessoas de todas as idades, credos e origens.
Nos últimos anos, vários municípios portugueses têm disponibilizado terrenos para a criação de hortas comunitárias para alguns dos seus munícipes, cedidos a título gratuito ou mediante o pagamento de um valor simbólico.
As hortas comunitárias proporcionam espaços partilhados onde os indivíduos podem conectar-se entre si, e assim, colaborarem e aprenderem uns com os outros. O simples acto de trabalhar lado a lado, compartilhar dicas de jardinagem e histórias de vida e celebrar o sucesso das colheitas, serve para criar fortes laços de pertença à comunidade.
O sucesso das hortas comunitárias biológicas e sustentáveis não é obra do acaso. Vários factores contribuem para o alcançar, nomeadamente, o grau de envolvimento da comunidade, os recursos alocados e o apoio entre todos.

No desenvolvimento das tarefas de jardinagem, as hortas comunitárias proporcionam a aquisição de valiosos conhecimentos e uma ampla gama de habilidades, que vão desde o cultivo e cuidado das plantas até à adopção de práticas de sustentabilidade ambiental, poupança de água, compostagem de resíduos e preservação da biodiversidade, entre outras.
O cultivo de produtos frescos nas hortas comunitárias traz grandes benefícios para a saúde, através da promoção de uma dieta saudável e da prática de exercício físico. Por outro lado, fortalece o conceito do trabalho em equipa e da importância do desenvolvimento de acções colectivas para o benefício de todos.
Para concluir, poderemos afirmar que as hortas comunitárias são poderosos catalisadores de mudança nas comunidades. Estes pequenos espaços verdes são muito importantes nas dinâmicas sociais e ambientais das cidades. Ao aderir à revolução verde e abraçar o poder das hortas comunitárias, podemos criar um mundo mais verde, mais saudável, mais conectado e mais sustentável.

O autor não aderiu ao novo acordo ortográfico

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