Isabel Flores Manique
A nobreza na Alma
É impossível ficar indiferente quando encontramos Isabel, ela transmite logo energia positiva através do seu riso comunicativo genuíno, ilumina com a sua sabedoria, espalha amor e alegria, além de ser muito humilde. É uma mulher de fé, sonhadora, uma cidadã do mundo, nasceu em Angola, no Bailundo, vive há mais de trinta anos em Portugal, tem 59 anos e já vivenciou várias experiências quer pessoalmente quer profissionalmente que fortaleceram a sua caminhada digna ao longo de todos esses anos, é uma mulher que nos inspira e cativa logo pela sua simpatia, simplicidade e pelo seu entusiasmo. É CEO e fundadora da Revista Mulher Africana, lançada no dia 16 de março de 2011 e é também co-autora da obra « Uma viagem para empreender ». Gestora de empresas de formação, sempre teve uma visão bem clara do modelo de liderança, ou seja, uma liderança humanizada porque acha que o melhor e maior capital da empresa é o capital humano.
Celebrou 12 anos da Revista Mulher Africana em Almada Velha em Março, é um sucesso, qual é o seu parecer?
No dia 18 de março na Casa da Cerca em Almada Velha, A Revista Mulher Africana comemorou o seu aniversário de 12 anos com um evento especial «12 anos, 12 mulheres, 12 histórias», histórias inspiradores de mulheres que superaram desafios nas suas vidas pessoais e profissionais. Alguém disse que a força das mulheres está em “fazer as coisas acontecer”, passaram 12 anos desde que saiu a primeira Revista Mulher Africana e escrevi no meu primeiro Editorial: « Podemos dizer que este é um projeto fruto da persistência, de continuar a acreditar ser possível unir a comunidade, dar visibilidade, prestigiar as mulheres anónimas que lutam diariamente ». Hoje com a primeira Revista deste 12o ano na mão, não poderia estar mais certa, ultrapassámos grandes desafios e naturalmente muitos outros virão, mas eu hoje quero acima de tudo celebrar e agradecer muito a Deus. Agradecer igualmente a todos os que passaram pela Redação da Revista e deixaram a sua impressão digital, com o seu contributo, para que hoje fosse possível, continuar com o nosso propósito maior, que é o de partilhar histórias e dar a conhecer ao Mundo “Mulheres que fazem Acontecer”. Deixámos de ser uma Revista regional porque hoje estamos presentes em países de vários Continentes destacando o Brasil assim como todos os países de expressão portuguesa. É uma revista direcionada para as mulheres africanas mas não só, é também para todas as mulheres, afinal África representa a diversidade.
Teve várias experiências enquanto empreendedora, quais foram os seus maiores desafios ao longo do seu percurso?
Sempre trabalhei por conta própria, o meu primeiro projeto foi o salão Pêndulo Bar Cabeleireiro para cabelos como os meus porque na época não havia, em Coimbra, abri também um café nesse salão, fui a primeira empresária da zona centro e isso motivou outras mulheres africanas a empreender, mais tarde, quando fiquei grávida, quis ficar com a minha filha mais tempo porque enquanto mãe achava importante estar com ela, criei um espaço de creche « Os Pimpolhos » com o propósito de ajudar outras mães, foi uma experiência muito boa, os pais iam descansados para o trabalho e viam que os filhos estavam bem entregues porque quando chegavam já tinham o cheirinho da comida que os filhos iam comer, preparava tudo muito cedo, até os meus filhos têm ótimas lembranças, tudo o que fazemos com amor dá resultados, até as crianças não queriam voltar para casa à noite (risos) e trespassei a creche para duas colaboradores quando a minha filha entrou na escola, a seguir tive o projeto de uma trading, quis fazer importações exportações para Angola e como havia uma grande falta de alguns produtos específicos ou chegavam a Angola com valores especulativos, então decidi vendê-los a um preço mais razoável até que fui desafiada a fixar-me em Angola para trabalhar num projeto familiar, nessa altura, era oportuno porque passava por um processo de violência doméstica, até quase fiquei sem vida, a minha sorte foi ter aceite o convite, contratei uma pessoa para ficar com os meus filhos e fiquei um ano na empresa porque me apercebi que o modelo de liderança não correspondia ao meu modelo de gestão, entretanto um cliente desafiou-me em fazer a gestão de uma cozinha industrial numa refinaria e criei uma empresa de gestão de refeitórios, « Cores Sons e Sabores, Ida » com 150 funcionários, tivemos resultados financeiros excelentes contribuindo também para a formação de muitos jovens. Finalmente, atualmente sou CEO da Revista Mulher Africana. Durante todo esse percurso, os principais desafios, sem dúvida, foram financeiros mas sempre tive o capital próprio. Tenho orgulho nisso.
Como definiria o sucesso?
O sucesso, para mim, é um conjunto de situações, ou seja, sucesso é permanecer no processo, ter foco no resultado. A quem ache que ser bem sucedido é ser rico. Não sou rica mas acredito que sou uma mulher de sucesso porque permaneci no meu propósito e estar aqui hoje a partilhar o meu processo, a minha caminhada de empreendedora, partilhar a minha experiência e conhecimento para outras mulheres, apoiá-las, com toda a certeza é um sucesso.
Que mensagem deixa a todas as mulheres?
Não desistem dos seus sonhos, sejam persistentes, peçam ajuda, não fiquem sozinhas, a caminhada do empreendedorismo é também uma viagem interior que vale a pena ser vivida.
Julyana Santos
1 ano agoQue história e tamanha bagagem de experiências. Parabéns por ter se mantido em seu proposito de vida. Uma mulher que atua em sua própria vida e espalhando amor e conhecimentos por onde passa. Desejos longos anos em sua empresa e em sua vida, e claro, com muita luz!
Roberto Cysne
7 meses agoDeus a encha de felicidade.