Ismaël Sequeira

Ismaël Sequeira nasceu em 1969, na ilha de São Tomé. Começou a pintar como autodidacta desde muito novo. Em 1980 participa em diversos acontecimentos artísticos na sua cidade natal e aos treze anos participa, com desenhos à cera, na sua segunda exposição colectiva. Em 1991 viajou para Lisboa e começou um novo ciclo de formação artística, que culminou em 2003 com a licenciatura em Artes e Escultura na Faculdade de Belas Artes. Atualmente desenvolve o seu trabalho como artista plástico e participa em vários projectos na área artística e cultural em Portugal e em São Tomé e Príncipe.

Como nasceu a paixão pela pintura?

A infância é o melhor estágio nato para qualquer criança manifestar as suas qualidades artísticas e criativas. A dedicação, estudo e trabalho fazem o resto… E comigo aconteceu assim, nesta terra equatorial onde a força da natureza e a vivência estimulam a criatividade e o contexto sócio familiar ajudaram o meu crescimento artístico.

Quais foram as principais influências das artes plásticas na sua pintura? Porquê?

A minha pintura tem várias influências e não são somente do universo artístico.
Durante o meu crescimento e vivências tive contactos com livros e revistas primeiramente na infância, com obras e alguns artistas nacionais como o Canarin, Sum Desenho, Flávio Trindade, o meu avô Veoide Pires dos Santos, o Cesaltino da Fonseca, Protasio Pina entre outros em São Tomé. Ainda na adolescência os mestres coreanos com que trabalhei na realização de cenários para espectáculos culturais e desportivos. O Leonardo da Vince, Rafael e Miguel Ângelo foram os homens do renascimento que muito admiro. O contacto com Malangatana na realização de dois murais na ilha foi fantástico. Depois de estudar belas artes as minhas referências aumentaram muito.

Participa frequentemente em ações diversas ligadas às artes plásticas e não só. A cultura tem uma grande importância na sua vida?

A cultura é o motor que move a sociedade. É o oxigénio que alimenta essência. Sempre tive o privilégio de estar neste meio e assim estruturar a minha vida.

Nasceu em São Tomé e Príncipe mas acabou a viver com a sua família em Portugal. Passados estes anos, acha que foi uma boa opção?

Sem dúvida que foi a melhor escolha, mas com muita dor por não fixar a minha residência no arquipélago e empreender com mais empenho no desenvolvimento do país. Não tenho dúvidas que estar no exterior temos mais oportunidades e meios para contribuir com outras valências para o crescimento da nossa terra.

O que mais gosta em Portugal e São Tomé e o que menos gosta nos dois países?

Não gosto de fazer este tipo de comparação. São países com realidades antagónicas e gosto das duas. De São Tomé e Príncipe a sua beleza natural e de Portugal gosto do ambiente sociológico.

A exposição itinerante Obras de Capa iniciou a sua viagem pelo mundo, estando neste momento as suas obras expostas no Camões – Centro Cultural Português em São Tomé. Fale-nos um pouco da sua envolvência neste projeto, e o que pensa deste formato para a divulgação dos artistas plásticos?

Este projecto tem o seu início como ilustração de doze capas de revista, na qual fui desafiado pelo Jorge Vilela e respondi com paixão e tudo fiz na crença de que o mesmo poderia crescer. O Vilela é enérgico e eu gosto de ser positivo. Assim andamos juntos a idealizar, a planear, a construir e discutir muito para que as coisas pudessem acontecer. A minha viagem de férias foi mais um factor que permitiu o início do percurso itinerante e internacional deste projecto expositivo. Vamos iniciar a viagem no Centro Cultural Português de São Tomé.

Acha que é possível viver em Portugal só da pintura?

Sim, é possível, mas é muito difícil para um mercado pequeno e instável.

Como consegue conciliar a sua profissão (no SEF), a família e os inúmeros projetos culturais que está envolvido?

“Quem corre por gosto não cansa.” Para se conseguir é necessário planear com rigor, ter disciplina e organização do trabalho e dormir pouco.

Sabemos que gosta muito de escrever. Para quando o primeiro livro?

O meu saudoso bisavô paterno dizia que um intelectual não tem propriamente a obrigação de escrever um livro, mas sim a de produzir informação, escrever memórias e um dia alguém há de partilhar esse conhecimento em livro. Por enquanto, vou seguir o seu caminho e quem sabe um dia …?

Quais são os seus projetos para 2022?

Tenho vários projectos em andamento. Um deles é concluir o mural monumental de mosaico cerâmico de homenagem ao meu avô Veoide Pires dos Santos.

Pensa regressar a São Tomé e Príncipe?

Já não penso no regresso. Tenho a vida bem construída em Portugal. Terei sempre o prazer de todos os anos visitar a ilha e regar as plantas ornamentais do meu sonho.

Qual é o seu maior sonho?

Ter um jardim e um templo de arte em São Tomé.

Uma mensagem para todos os artistas do mundo.

Sonhem e trabalhem muito com paixão.

Website oficial
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Instagram
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