Sónia Aniceto

Sonia Aniceto continua a eliminar as barreiras entre a pintura e arte de fibra.

Licenciada em Pintura pela Faculdade de Belas Artes de Lisboa, beneficiou duma Bolsa Erasmus no ano 2000, para estudar na Academia de Belas Artes de Bruxelas, no ateliê de Tapeçaria contemporânea. Em 2001 foi artista residente do Centro Cultural Depianofabriek. Frequentou os seminários da pós-graduação em teoria de Arte da Academia de Belas Artes assim como o DEA interuniversitário em Arte Atual da ULB (Universidade Livre de Bruxelas). De 2001 a 2006 trabalhou nos ateliês de cenografia da Ópera Real La Monnaie.
Em 2005 obteve a Agregação oficial para exercer no ensino das artes plásticas. Para além do ensino artístico, Sónia Aniceto é regularmente artista convidada de Mus-e para animar ateliês e realizar projetos de artes plásticas nas escolas de Bruxelas.
Em 2007 recebe a nomeação para os Prémios Talento na categoria das Artes Visuais (Prémio atribuído pelo Ministério de Negócios Estrangeiros de Portugal). Nominação prémio Hamesse 2011, Bruxelas. Seleção Canvas /RTBF collectie 2012 – Bozar, Palais des Beaux Arts de Bruxelles. Biennal Contextile 2012 e 2020, Guimarães. Seleção Scythia 2013 – Exposição Internacional de arte têxtil contemporânea, na Ucrânia. Prémio « técnica e originalidade » ART-Spanner 2014 – Mostra Internacional de arte têxtil contemporânea em Essen, Alemanha. Biennal d’art contemporain de Tinos 2017 na Grécia. Residêcia artistica com o coletivo “Espírito Mundo” no See U, Bruxelas.

Quando e como iniciou a sua atividade artística?

Difícil dar uma data pois sempre desenhei e pintei, desde criança. Nunca desejei desenvolver outro tipo de carreira que nas artes plásticas. Tive a minha primeira exposição individual durante o meu segundo ano da FBAUL.

Como tem sido a evolução da sua carreira?

Tenho vindo a desenvolver a minha carreira na Bélgica, na França, na Alemanha, em Portugal, na Holanda e nos EUA, onde sou representada por várias galerias. O meu trabalho

encontra-se em coleções públicas e privadas. A participação em grandes feiras de arte internacionais permitiu-me uma projeção mais global. Sempre que posso, tento participar em Bienais, principalmente no campo da arte têxtil contemporânea. Cada vez mais me interesso em residências principalmente no âmbito do desenvolvimento de projetos artísticos colaborativos. Num futuro próximo, gostaria de intensificar colaborações com artistas de disciplinas como média digital e artistas performativos, pois gostaria de desenvolver peças “instalativas” e em “site spécific”.

Quais foram as principais influências que marcaram o seu percurso de artista plástica?

Tal como o desenho e a pintura, o médium têxtil sempre fez parte do meu universo. No entanto a prática deste médium na arte contemporânea era pouco conhecida há 20 anos, certamente em Portugal…

Lembro-me do choque que o trabalho de Gada Amer me causou. As qualidades gráficas do fio enquanto desenho, a dimensão táctil, os fios suspensos, as tramas tiveram uma influência irreversível no meu trabalho. Desde o início desejei desenvolver os dois médiuns simultaneamente. Assim, escolhi a tecnologia de tapeçaria na FBAUL e fiz Erasmus no ateliê de arte têxtil na Academia de Belas Artes de Bruxelas.

O meu interesse pelo médium têxtil consolidou-se com a minha experiência profissional nos ateliês de cenografia da Ópera Real La Monnaie. Foi aqui que aprendi a trabalhar com uma máquina de costura. Foi onde estudei inúmeras técnicas e a importância da luz. Foi onde tive contacto com materiais inovadores como o drop paper com o qual desenvolvo a série recente “Peles rebeldes”.

No seu meio artístico, o que é necessário para alcançar o sucesso/êxito?

Ser perseverante e resiliente. Manter a curiosidade e a vontade de experimentar e inovar. Não levar as deceções demasiado a sério e considerar as críticas como uma alavanca para continuar a avançar. Apreciar igualmente grandes e pequenos sucessos.

Considera importante as artes para o desenvolvimento dos países? Existem apoios do Estado para a sua atividade artística? Que tipo de apoios?

Sem arte e cultura , do meu ponto de vista não existe civilização. Os apoios são muito importantes principalmente no início de qualquer atividade. Para além de subsídios atribuídos a projetos e residências artísticas, existe o chamado “estatuto de artista”. É uma espécie de fundo de desemprego que permite aos artistas e outras profissões intermitentes, a segurança dum rendimento constante. Antes de entrar no ensino artístico tive acesso a esse estatuto.

Já expôs em Portugal?

Sempre fiz questão de trabalhar com galerias em Portugal. Manter a ligação com o país e aí poder mostrar o meu trabalho é muito importante para mim. Também tento descentralizar e não me ficar por Lisboa e Porto. Por isso, vou participando em coletivas na Galeria Sete, em Coimbra e em Braga com a plataforma online da Zet Gallery ou ainda em Guimarães com a Bienal Contextile.

Fala Português ou tem vontade de aprender a língua?

Sou Portuguesa…infelizmente, por vezes já me falta vocabulário…

Inevitável no momento que estamos a atravessar perguntar-lhe como está a “sobreviver” a esta pandemia?

Complicado do ponto de vista da motivação. Exposições e feiras adiadas… instabilidade e impressão de “standby”. Penso que todos os artistas precisam de “nutrição” cultural e aqui, com teatros fechados e poucas exposições de escala internacional, esta começa a faltar…


Quais são os seus projetos para este ano?

Desenvolver um projeto de exposição individual para 2022, em Lisboa.
Desenvolver um projeto de criação colaborativa e pluridisciplinar, com um grupo de quatro artistas portugueses, residentes temporariamente em Bruxelas (Apoio da Embaixada) e preparar duas feiras internacionais de arte contemporânea ( Art Karlsruhe – Alemanha) e (Lille Art Up – França) adiadas por duas vezes desde o início da crise sanitária. Continuamos a esperar que estas se realizem em 2021!

Qual é o seu maior sonho?

Continuar a desenvolver o meu trabalho, tentando dar-lhe a maior visibilidade possível, a nível internacional.
Além disso, tenho a oportunidade de ter um ateliê luminoso e espaçoso. Gostaria de conseguir tempo para organizar encontros, discussões e colaborações artísticas com artistas que aprecio.

Uma mensagem para todos os artistas do mundo.

Continuem a ter prazer com o vosso trabalho artístico! Digo isso muitas vezes aos meus alunos.
Lembrem-se que o processo é mais importante do que o resultado. Confiem nos vossos instintos e criatividade, mas sempre com um olhar autocrítico.

Website da artista plástica

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