Sustentabilidade ambiental
Um compromisso para o futuro!
Quando respondemos às necessidades do presente sem comprometermos as das gerações futuras, estamos a falar de sustentabilidade, ou seja, utilizar algo sem que se esgote a possibilidade do seu uso por terceiros.
Se à “sustentabilidade” somamos o “ambiente”, aí estamos a falar de “sustentabilidade ambiental” – um termo usado até à exaustão por determinadas empresas exploradoras, em claras tentativas de branqueamento de actividades pouco cuidadosas em termos ambientais e sociais. A sustentabilidade ambiental vai muito além das palavras repetidas por essas empresas como um mantra ou apregoada, em jeito de propaganda, como um bónus extra oferecido por elas como contrapartida para atingirem os seus objectivos. A sustentabilidade ambiental deve estar inerente à acção diária empresarial e deve integrar a missão e os valores das empresas.
Tomemos como exemplo as empresas proprietárias ou interessadas nas explorações mineiras a céu aberto, que são exemplos paradigmáticos da utilização abusiva do termo “sustentabilidade ambiental”. Apesar das empresas insistirem que os seus projectos se baseiam na “responsabilidade social” e na “sustentabilidade ambiental” a realidade desmonta esses argumentos. Elevados consumos de água, destruição de habitats, contaminação de rios e lençóis freáticos, explosões constantes, poluição do ar, poluição sonora, alterações da paisagem, más condições laborais, são apenas alguns dos malefícios dessas indústrias.
Quando permitimos a rápida delapidação dos recursos naturais, a proliferação da pobreza, das desigualdades sociais e a falta de ética de empresas exploradoras, estamos a negar às gerações futuras, a qualidade de vida e as oportunidades que temos na nossa geração.
O desenvolvimento económico à custa da saúde das populações, das desigualdades sociais e da destruição ambiental não é desejável, nem aceitável, muito menos deve ser descrito como sustentável.
A sustentabilidade ambiental não é, ou não deveria ser, uma moda, nem uma conjugação de palavras bonitas, encaixadas à pressão na engrenagem de uma economia “dita” verde. Está muito para além disso! Quando usada de acordo com princípios éticos e de respeito pelo ambiente e pelas pessoas, consegue-se atingir a eficiência nos negócios, num desejável equilíbrio com os ecossistemas. Desse modo, assegura-se uma melhor gestão dos recursos do planeta.
Os três pilares da sustentabilidade assentam em três dimensões: a ambiental, anteriormente referida; a social e a económica. Todas devem estar interligadas, só assim haverá uma prosperidade sustentada e duradoura.
Foi na década de 80 do século passado que o termo “desenvolvimento sustentável” começou a ter uma maior relevância, numa abordagem sobre a importância de haver desenvolvimento e crescimento sem que haja a extinção dos recursos naturais. Em termos históricos existe uma ligação intrínseca entre a sustentabilidade e a luta pela justiça social.
Actualmente, a sustentabilidade é uma peça chave na estratégia das empresas, devido à crescente exigência dos consumidores/clientes, investidores e entidades reguladoras. Apostar na sustentabilidade ambiental é um factor de diferenciação positiva perante a concorrência.
A Agenda 2030 da ONU que se centra nos “Objectivos para um Desenvolvimento Sustentável” refere que as pessoas estão cada vez mais conscientes e comprometidas com a defesa e preservação dos ecossistemas e empenhadas num futuro mais sustentável e transpõem essas exigências para os seus padrões de consumo.
A CMMAD (Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento) criada pela ONU diz que só há sustentabilidade ambiental se não existirem riscos para os elementos naturais que sustentam a integridade global do ecossistema, que são a qualidade do ar, dos solos, das águas e dos seres vivos.
Por seu lado, a Agenda 21, promovida pela União Europeia, refere-se à sustentabilidade ambiental como “a relação sustentável entre padrões de consumo e produção em termos energéticos, de maneira que sejam reduzidas, ao mínimo, as pressões ambientais, o esgotamento dos recursos naturais e a poluição”.
Segundo a Estratégia Nacional para o Desenvolvimento Sustentável, a sustentabilidade pressupõe “a preocupação não só com o presente mas com a qualidade de vida das gerações futuras, protegendo recursos vitais, incrementando factores de coesão social e equidade, garantindo um crescimento económico amigo do ambiente e das pessoas”.
Através de medidas de mitigação e práticas eco responsáveis é possível diminuir os impactes da acção humana no planeta. Algumas dessas medidas passam pela redução do uso dos recursos, poupança energética, remodelação de equipamentos com melhores classes energéticas, tratamento de resíduos (separação do lixo, reciclagem, reutilização de embalagens), redução de utilização de produtos químicos, consumo de produtos naturais, hortas comunitárias, a utilização de bicicletas e transportes colectivos, entre outras.
Apesar de reconhecermos que a acção do homem no ambiente acaba por modificá-lo, a harmonia entre os dois é fundamental para que não haja prejuízos consideráveis para nenhuma das partes.
A sobrevivência humana no planeta Terra está dependente do uso de vários recursos naturais, daí a necessidade premente em os usarmos com parcimónia e de um modo sustentável. A um estilo de vida saudável podemos juntar um estilo de vida sustentável, mais virado para um modelo de consumo baseado no decrescimento. A adopção de práticas diárias amigas do ambiente beneficia a todos, aportando benefícios a médio e longo prazo.
A industrialização, as mudanças climáticas e o rápido aumento da população mundial têm contribuído para impulsionar a consciência ambiental a nível global.
Urge uma tomada de consciência ecológica sobre o carácter finito desses mesmos recursos. As escolas têm um papel fundamental no desenvolvimento desta tomada de consciência colectiva. A sustentabilidade ambiental é responsabilidade de todos. Mantendo o ritmo de consumo actual não haverá garantia de disponibilidade de recursos para os vindouros.
A preservação dos valores ambientais é de tal forma tão básica que não deveria ser necessário utilizar grandes argumentos para a defender. O empenho consciente das pessoas na sua defesa é fundamental. O caminho para a sustentabilidade faz-se a cada dia, a cada passo. Há pequenos passos que não mudam o mundo, mas ajudam, seguramente, a torná-lo num melhor lugar para viver!