Teletrabalho

Numa das minhas últimas reuniões com um empresário, este anunciou-me que estava farto de acompanhar os colaboradores que estavam em teletrabalho e para simplificar a sua vida, tinha tomado a decisão de pôr fim ao mesmo, até porque, não tinha evidência de que a produtividade da sua empresa tivesse melhorado, e inclusive tinha constatado que as chefias perdiam mais tempo com a gestão das suas equipas.
Ainda pensei demovê-lo, mas também não conheço estudos bem feitos e científicos sobre esta matéria. Encontram-se muitas opiniões, sentimentos, teorias, mas de base científica é difícil encontrar. Pensei recorrer à minha experiência empírica, mas rapidamente desisti, pois desde que o teletrabalho passou a ser prática usual dos funcionários públicos, está cada vez mais difícil estabelecer contactos com eles e tudo leva muito mais tempo. Seria bastante útil que existissem estudos de produtividade antes e após o uso a implementação do teletrabalho, para se ter uma melhor perceção sobre este tema.
Podia partilhar inúmeras histórias de clientes, tanto empresas como de pessoas singulares, mas vou recorrer a minha última experiência. A pedido de uma cliente estrangeira ausente do país, tentei obter um documento da AT atestando que o contribuinte não tinha nenhuma dívida e que, portanto, não fazia sentido haver uma penhora por parte da AT junto do Registo Automóvel. Sabendo que o método mais rápido para obter o documento seria deslocar-me pessoalmente ao respetivo serviço de finanças, assim fiz. Cheguei às 15h, o serviço de finanças tinha as persianas para baixo, não se vendo o interior, mas optei por entrar e deparei-me com duas senhoras sentadas nas cadeiras destinadas ao público e outras três, de pé, atrás do balcão.

Satisfeito por haver tão pouca gente, tentei obter uma senha para ser atendido, mas o dispositivo informava que as senhas estavam indisponíveis. Ao dirigir-me a uma funcionária atrás do balcão, fui informando que a repartição não fazia atendimento de contribuintes da parte de tarde. Afinal todas as pessoas que estavam dentro da repartição de finanças eram funcionárias, decerto a trabalhar de forma muito diligente, e apesar de todas as minhas tentativas para resolver a questão, ficaram tranquilas quando abandonei o serviço de finanças, obrigando-me a voltar na manhã seguinte.
Voltei na manhã seguinte, mas infelizmente fui recebido com uma grande má vontade. A funcionária parecia querer encontrar todo e qualquer problema que me impedisse de realizar o ato da véspera, mas consegui ultrapassar todos os obstáculos que me foi levantando. Quando pensei que sairia com a declaração desejada, fiquei surpreso que me obrigasse a preencher um requerimento em papel, para que o mesmo fosse analisado por um colega, reclamei, pois para isso teria feito pela internet, respondeu que mesmo assim este era o método mais rápido, e informou-me que o colega me mandaria uma referência multibanco para pagar o custo administrativo da emissão da certidão que receberia após o pagamento.
A verdade é que três semanas depois continuo sem receber a referência multibanco. Toda esta situação aconteceu porque a AT penhorou o carro do meu cliente, não informando o Registo Automóvel que a mesma já não faz sentido à mais de um mês….
É impressionante o tempo que se pode perder para obter uma simples certidão de não dívida….

Parte II

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