Tiago Araújo

Sou fotógrafo, natural de Belo Horizonte, capital das Minas Gerais no Brasil. Vivo cá em Portugal há cinco anos e vou vos falar de forma breve sobre minha perceção de conexões e fotografia.
Em 2017, duas semanas antes do meu embarque para Lisboa, passei uma semana em uma Quinta. O lugar era tão distante da “civilização” que, para se fazer uma ligação de telemóvel era necessário se deslocar 10 km da casa para achar o sinal da operadora.
Temos ai o primeiro ponto sobre conexões, que é se desconectar. Nesta semana que passei desconectado do telemóvel, do wifi e do mundo digital, pude me conectar a natureza intocada do lugar e às pessoas que lá viviam de uma maneira que raramente havia feito até aquele momento.
Se conectar as pessoas no campo da fotografia é primordial, pois, tecnicamente meu trabalho envolve luz, sombra e um instante de tempo que será registrado. Para transcender é preciso se conectar e captar essência da pessoa e do momento.

Relato da conexão de um convite para um chá por um senhor bem gentil que vive no local:

“Naquela casa simples, naquele lugar quase esquecido havia uma história.

Naquele jeito tímido, naquele olhar desconfiado existia alguém singular.

Sua pele era esculpida pelo tempo e o sol, gritava em braile.
Suas mãos, calejadas, possuíam um aperto firme e ao mesmo tempo acolhedor.
O aroma do chá de canela, e a luz alaranjada do entardecer trazia requinte e tornava o momento sinestésico.

Seu nome era Adão, me lembrei por algum instante do texto bíblico de gênesis.

Sujeito de poucas palavras, disse que a vida se inicia todos os dias com o abrir dos olhos, o nascer do sol e o cantar do galo.
Com sabedoria vive a vida que lhe é dada diariamente!”

Tiago Araújo

1 Comentário

Deixe um Comentário

Your email address will not be published.

Start typing and press Enter to search