Rastreios visuais na infância

O que é? Como tratar?


Para que a visão na criança se desenvolva de forma saudável é fundamental que, desde os primeiros meses de vida, as imagens do mundo que a rodeia sejam bem focadas pelos olhos e transmitidas ao cérebro. Isto só é possível quando os olhos têm uma estrutura normal, estão bem alinhados e não têm um erro refrativo significativo (miopia, hipermetropia ou astigmatismo) ou tendo um erro refrativo, que este esteja corrigido com óculos.
Por vezes as crianças podem dar sinais óbvios de que não veem bem, mas muitas vezes não manifestam dificuldades e não se queixam de ver mal porque nunca percecionaram o mundo de outra forma, ou ainda são muito pequenas para o verbalizar. Crianças que vejam mal de apenas um olho podem nunca apresentar queixas, por não notarem dificuldades visuais com os dois olhos abertos.

Apenas com rastreios visuais periódicos numa consulta de Oftalmologia Pediátrica é possível diagnosticar problemas oculares, como necessidade de óculos, estrabismo ou alterações na estrutura dos olhos. Estas situações nem sempre são óbvias e podem originar ambliopia, vulgarmente conhecida como “olho preguiçoso”. A ambliopia é muitas vezes silenciosa e apenas detetável em rastreios visuais. O seu tratamento só é eficaz na infância e não a tratar poderá comprometer irreversivelmente a visão para toda a vida.

Os problemas visuais influenciam negativamente o desenvolvimento global da criança e originam dificuldades a nível escolar, logo quanto mais cedo forem identificados menor o seu impacto e maiores as hipóteses de recuperação.

Deve ser realizado um rastreio visual por volta dos 2-3 anos de idade, em que a criança já é capaz de colaborar na avaliação oftalmológica, sendo muitas vezes possível quantificar a acuidade visual com recurso a símbolos. Um segundo rastreio visual, por volta dos 5-6 anos de idade, é essencial pela entrada no 1º ciclo e também porque é nesta altura que a acuidade visual atinge os 10/10, o nível de visão semelhante ao de um adulto.
De ressalvar que algumas crianças devem ser encaminhadas, à partida, para uma avaliação mais precoce e frequente, caso apresentem fatores de risco na sua saúde geral ou na sua história familiar para problemas oculares, como por exemplo: crianças com familiares próximos com erros refrativos elevados, estrabismo ou glaucoma congénito, crianças que nasceram prematuras e crianças que apresentem doenças metabólicas ou neurológicas.

Se o seu filho está em idade de realizar um rastreio visual, fale com o seu pediatra ou médico de família e marque uma consulta de Oftalmologia Pediátrica.

Rita Couceiro Médica Oftalmologista


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