A evolução da diáspora portuguesa na Alemanha

A emigração portuguesa começou a ganhar expressão a partir do século XIX, mas foi no século XX que se tornou um fenómeno de massa.
Teve início oficial em 1964, com a assinatura de um acordo bilateral de recrutamento de trabalhadores. Este acordo inseria-se no contexto do programa alemão Gastarbeiterprogramm, criado para colmatar a escassez de mão-de-obra após a Segunda Guerra Mundial.
Os primeiros emigrantes eram maioritariamente homens jovens oriundos de zonas rurais, enfrentando condições de vida difíceis e barreiras linguísticas. Eram conhecidos como “Gastarbeiter” (trabalhadores convidados) e trabalharam na construção civil, indústria automóvel e serviços.
Com o tempo, muitos decidiram permanecer, trazendo as famílias e criando raízes.
Na sequência, surgiram associações culturais, missões católicas e redes de apoio.
Durante as décadas de 1980 e 1990, novas vagas migratórias ocorreram, impulsionadas pela entrada de Portugal na CEE e pela reunificação alemã.

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A partir dos anos 2000, especialmente após a crise financeira de 2008, verificou-se uma nova vaga de emigração qualificada. A Alemanha, com uma economia forte, atraiu profissionais de saúde, engenheiros, técnicos e investigadores.

Em 2020, havia cerca de 138.555 portugueses registados na Alemanha, com forte presença em estados como Renânia do Norte-Vestefália, Bade-Vurtemberga e Hesse.
Muitos sentem-se portugueses e alemães ao mesmo tempo, embora o grau de ligação a Portugal varie.
A língua portuguesa é muitas vezes falada em casa, mas nem sempre dominada fluentemente.
Participam em associações culturais, ranchos folclóricos, festas populares e frequentam escolas de língua portuguesa (oferecidas por Portugal através do EPE – Ensino Português no Estrangeiro).
Ao nível do movimento associativo ativo registam-se mais de 150 associações que promovem cultura, apoio social e integração.
O futuro da comunidade portuguesa na Alemanha está a ser moldado por mudanças geracionais, novos perfis migratórios e desafios de identidade e coesão.
A geração mais jovem tem, em geral, maior escolaridade do que os pais.


A comunidade portuguesa está a tornar-se cada vez mais qualificada academicamente. Muitos emigrantes atuais chegam com diplomas universitários, ao contrário das gerações anteriores que vinham com pouca escolaridade
Há um crescimento de profissionais altamente especializados, como engenheiros, investigadores, profissionais de saúde e empreendedores.
Muitos lusodescendentes estão hoje em áreas como educação, saúde, engenharia, administração pública e empreendedorismo.
Há também jovens artistas, músicos e atletas com raízes portuguesas a ganhar visibilidade. Cada vez mais há lusodescendentes envolvidos em política local, ativismo comunitário e projetos de media que dão voz à comunidade.
A nova geração está mais presente nas redes sociais, promovendo a cultura portuguesa de forma criativa e moderna.
A comunidade portuguesa continua a ser bem integrada e pouco controversa na sociedade alemã.
O aumento do turismo alemão em Portugal também tem gerado maior empatia e interesse pela cultura portuguesa.
As terceiras e quartas gerações enfrentam um desafio inverso ao dos seus avós: aprender português e manter a ligação cultural com Portugal.
Ainda assim, o cenário é de confiança, há espaço para novas lideranças comunitárias, projetos culturais inovadores e maior ligação digital entre Portugal e a diáspora.


Fundação AEP

Rede Global da Diáspora

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