Mensagem da Presidente da AILD
Coragem!

Se a mensagem de setembro é sempre acompanhada de um sentimento de nostalgia, este ano, particularmente, é com profunda tristeza, preocupação e angústia que me dirijo a todas as nossas comunidades, em especial àqueles que, mais uma vez, se veem obrigados a regressar aos países de acolhimento, deixando para trás as suas casas, os seus haveres e, sobretudo, a sua paz de espírito, num país que arde descontroladamente.
Portugal enfrenta tempos difíceis. Os incêndios, que ano após ano devoram florestas, aldeias e até vidas humanas, não são apenas uma tragédia nacional: são também uma ferida aberta no coração de todos aqueles que, estando longe, mantêm com a sua terra natal uma ligação profunda e indestrutível. Cada chama que consome um lar, cada fumo que invade os céus, é igualmente um golpe na alma dos nossos emigrantes que, mesmo vivendo fora, carregam consigo o amor incondicional à pátria.
Sabemos que a partida não é fácil.
Muitos em julho e agosto regressaram para junto das suas famílias, para cuidar das suas propriedades e das suas memórias, para agora enfrentarem a dolorosa decisão de voltar às suas vidas no estrangeiro com a incerteza do que encontrarão quando regressarem no próximo verão. Essa dualidade — entre a obrigação profissional e familiar no país de acolhimento e a necessidade de proteger as raízes em Portugal — é um peso enorme que recai sobre os ombros da nossa comunidade emigrante.
A AILD não pode ficar indiferente a esta dor. Como Presidente, expresso a nossa solidariedade, mas também a nossa indignação. Não podemos aceitar que, ano após ano, continuemos a assistir a este drama como se fosse inevitável. É urgente que as autoridades competentes reforcem a prevenção, a proteção das populações e o apoio às vítimas, incluindo aqueles que, mesmo estando fora, sofrem de igual forma pela perda do que é seu.
Apelo à união das nossas comunidades. Que cada um de nós, dentro das suas possibilidades, mantenha viva a chama da solidariedade. Precisamos de estar atentos, mobilizados e exigentes. Precisamos de transformar a nossa tristeza em força e a nossa angústia em esperança.
Aos nossos emigrantes que partem, deixo uma palavra de coragem: levem convosco a certeza de que não estão sozinhos. A AILD estará sempre convosco, defendendo os vossos interesses e a vossa ligação inquebrável a Portugal.
Que este tempo de dor seja também um chamamento à responsabilidade governativa e civil para a concertação de políticas que cuidem da nossa terra, para que o regresso a casa seja, um dia, apenas sinónimo de reencontro, alegria e serenidade.



