Chiang Mai

Saímos de Bangkok um voo curto até Chiang Mai outrora conhecida como «Rosa do Norte».
Chiang Mai considerada por muitos a cidade cultural e o último reduto do Budismo, que permanece inalterado no tempo com as suas muralhas imponentes, usadas como proteção das sucessivas invasões Birmanesas. Ainda no avião é possível observar a magnífica geometria das construções e canais de água rodeados por uma cordilheira montanhosa. Esta proteção natural conferida pela montanha dá à cidade um clima único que contrasta com a região envolvente de fronteira entre Birmânia-Laos e Tailândia. A diferença com Bangkok é imensa, a capital da Tailândia desenvolveu o seu encanto cosmopolita, contrariamente a Chiang Mai, cidade integrante na antiga rota da ceda e cujos traços permanecem inalteráveis. O conhecimento sobre Chiang Mai é escasso e muito provém do imaginário ou da cultura cinematográfica, na qual este território se destacava pelos campos de cultivo de ópio entre as montanhas e uma selva repleta de contrabandistas.
Ancestralmente, uma cidade budista é conhecida por preservar cerca de trezentos templos, mas claro, não se iludam, seria impossível visitar todos, todavia proponho nesta viagem solta a descrição de alguns. Fiquei realmente impressionado como o Budismo integra tanta diversidade arquitetónica, tentei extrapolar para Portugal e não consegui. Digamos que por terras lusas, as igrejas são todas similares, entre altar, orientação geográfica etc. Em Chiang Mai os templos são díspares entre cores, altura, geometrias, o encanto reside no facto em que a cada cruzamento o visitante é confrontado com a incerteza, o que de certa forma transforma a viagem numa verdadeira aventura.

Wat Phra Singh – Templo do Ouro
Um dos templos mais visitados na cidade construído no século XIV, servindo como a maioria dos templos, como monumento funerário. Em Wat Phra Singh é possível observar o monumento funerário do pai do réu Pha Yu completamente forrado a ouro, nas amplas salas anexas ao recinto, destacam-se centenas de esculturas ornamentadas que retratam o quotidiano da vida dos locais.

Wat Sri Suphan – Templo de Prata
Este templo encontra-se ligeiramente fora da cidade muralhada, aproximadamente a 200 metros de uma das portas principais. A sua construção estima-se que tenha sido por volta do século XV. Este templo destaca-se dos demais pelo impressionante trabalho decorativo realizado com folha de prata. No interior da sala principal podemos observar o reflexo combinado de uma estrutura em prata decorada com espelhões.
Uma das muitas regras ainda em vigor é que este templo não pode ser visitado por mulheres, concorde-se ou não tem de se respeitar.

Wat Chedi Luang
Um templo que se impõe pela dimensão e semelhanças aos demais já visitados na cidade de Ayutthaya. Wat Chedi Luang construído em 1291 consistia, originalmente, num conjunto de três templos (Wat Chedi Luang, Wat Ho Tham e Wat Sukmin), sendo a sua principal característica o enorme túmulo “Chedi-Pagoda”, cujo intuito seria albergar as cinzas do rei Saen Muang. O término desta magnífica construção foi assinalado com uma escultura de Buda que posteriormente foi recolocada em Luang PragangLaos, mas cuja história é uma incógnita. Em 1545 um terrível terramoto afetou este templo, provocando a destruição de grande parte dos túmulos. Atualmente é possível visitar o templo já reconstruído em parte, no qual podemos vislumbrar uma cópia do Buda de Esmeralda feita em jade.

Wat Phra That Doi Suthep – Templo da Montanha
Conhecido como “Doi Suthep” ou templo da montanha, encontra-se localizado como o próprio nome indica, no alto de uma montanha, a cerca de 15 km da cidade. Este é o templo mais importante da cidade sendo inclusive o mais visitado. Construído a uma altitude de 1000 metros, o local proporciona vistas deslumbrantes para o centro da cidade. Reza a lenda que um elefante branco, que transportava as Ezequias de Buda parou e perdeu a vida neste local, o rei encarando a situação como divina, ordenou a construção de um templo. O acesso ao templo faz-se através de uma escadaria devidamente guardada por Nagas “Serpentes” que protegem Buda na maioria dos templos. O templo em si é composto por inúmeras estátuas, túmulos e sinos. As tonalidades predominantes são o dourado entalhado nos telhados incrivelmente elaborados.
Recomendo como forma de acesso ao templo o uso de “pick-ups vermelhas” que circulam na cidade, apesar de usadas pelos locais é uma excelente forma para subir à montanha.
Desenganem-se aqueles que pensam que cidade de Chiang Mai não tem vida noturna. Pela noite acendem os Led´s que dão um colorido às ruas, o povo sai com os seus grelhadores e confeciona comida no passeio. Os inúmeros mercados enchem de locais e alguns turistas curiosos, e os negócios de massagens estão ao virar de cada esquina. Todavia, pessoalmente, o dia tem outro encanto, e recomendo a todos que o mesmo comece bem cedo.

Elephant Nature Park
A visita ao Elephant Nature Park estava agendada, e a possibilidade de contactar com elefantes era enorme. Este parque caracteriza-se por um conceito único, contrariamente ao que normalmente é preconizado por parques espalhados por todo o mundo, aqui o fundamental é salvar elefantes. Neste sítio podemos encontrar de tudo, elefantes de toda a Ásia, com inúmeras patologias e vidas associadas à destruição causadas pelo ser humano. Falamos de elefantes explorados em passeios à beira-mar, elefantes subnutridos, elefantes que infelizmente acionaram minas na selva da Birmânia e alguns elefantes maltratados pelos próprios donos. O conceito deste parque é pedagógico e conta com o apoio de voluntários por todo o mundo.

Este santuário do mundo animal teve como fundadora Leik Chailert, filha de um curandeiro de animais numa aldeia nas imediações de Chiang Mai. Em boa hora observou o crescendo da exploração de elefantes no sudoeste asiático e decidiu que uma das formas de alterar a situação, seria contrariar os passeios de elefantes nas praias. Com um santuário onde os donos e os próprios elefantes vivem em liberdade. Isto permite que as pessoas “Turistas” visitem o santuário onde os elefantes vivem uma completa liberdade. O santuário tem zonas específicas, e para quem pensa que verá grades ou animais presos, saibam que tal não existe, já que os elefantes andam pela selva, floresta, rio, e descem e vagueiam pela planície quando entendem. O turista conseguirá participar na alimentação aos elefantes, nomeadamente frutícolas, assim como deliciar-se com os banhos de lama, essenciais para que os elefantes evitem as picadas dos mosquitos. Conclusão, este parque possibilita toda esta aventura com a certeza de que os animais não são, nem serão explorados.
A Leik Chailert, uma pessoa de coração cheio, que dá voz à causa da Vida Selvagem.

Save Elephant Foundation
Dedicated to Protecting Asian Elephants

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