Editorial junho 2021

Caros Leitores

Este mês de junho, como em todos os junhos desde 1880, celebra-se no dia 10 o Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas.
Desde muito nova senti sempre orgulho no meu país e em ser portuguesa. Claro está que nunca fui acrítica aos aspetos que Portugal tem para melhorar, nomeadamente as inclinações para encarar a vida como se canta no fado. Mas a verdade é que acredito ser muito mais frutífero olharmos para o nosso país como Luís Vaz de Camões o descreveu n’Os Lusíadas. Nesta magnífica obra, que integra a tradição dos grandes livros há séculos, o nosso poeta descreve dois tipos de portugueses: o velho do Restelo e o português marinheiro. No fundo Camões dá forma humana à dualidade da alma lusitana, onde o espírito aventureiro e o pessimismo receoso se guerreiam permanentemente. Dualidade essa que se mantém atual!
Contudo, acredito piamente que esta ideia jaz em cada um dos portugueses; existe a determinação e a temeridade de enfrentar o desconhecido, desbravando caminhos nunca antes explorados, que servem tanto para nós como para o mundo. E por este motivo acredito ser tão importante celebrarmos o 10 de junho, estando aqui ou além-fronteiras, pois não há mais nenhuma data do calendário que apele tanto à importância que tem sermos portugueses, nem à memória que nos motive para sermos a nossa melhor versão.

Por conseguinte, gostaria de aproveitar a ocasião para deixar a seguinte mensagem: passaram-se mais de 500 anos desde a época dos Descobrimentos e os livros de História não nos deixam esquecer todas as adversidades, desafios e obstáculos que tivemos de superar desde os tempos do Tratado de Tordesilhas. E passado mais de meio milénio, estamos finalmente a ver as janelas de oportunidade que estão a surgir, com todos os contornos e pormenores que definem os tempos modernos, para que Portugal possa voltar a ser uma referência de país propício para a estabilidade, crescimento e segurança. E os portugueses marinheiros que nos representam no estrangeiro serem símbolos de resiliência, zelo profissional, integridade de caráter e espírito empreendedor.
Dito isto, gostaria de convidar todos a aproveitar a leitura desta edição sob esta lente da esperança que, acredito, poderá elevar-nos a níveis já há muito não visitados.
Deixo por último uma nota de agradecimento a todos aqueles que visitaram e vão ainda visitar a exposição “Obras Capa”, pelo artista santomense, Ismaël Sequeira, que tão bem ilustrou as capas da revista em 2020.
Como é do conhecimento geral a revista pretende divulgar a língua e cultura portuguesa em todos os países lusófonos, daí a importância desta exposição pela divulgação dos artistas plásticos.

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