A demografia da emigração portuguesa

O Observatório tem vindo a recolher dados sobre a estrutura demográfica dos fluxos e stocks da emigração portuguesa. Embora esses dados apenas estejam disponíveis para um número reduzido de países, estes são o destino de mais de 70% daquela emigração. O que já permite, portanto, fazer um retrato razoável da demografia da emigração portuguesa.
Globalmente, nos fluxos de saída, observa-se que há uma maioria de homens (mais de 60%) e um predomínio claro de ativos jovens (quase 70% tem entre 15 e 39 anos). Comparando os principais fluxos de saída por país de destino, são visíveis grandes variações. Por exemplo, mais de 85% das novas entradas de portugueses no Brasil são de homens, percentagem que baixa para 52% no caso do fluxo para França. Por outro lado, há 79% de ativos jovens (15-39 anos) no fluxo para os Países Baixos e apenas 53% no fluxo para Itália.
Independentemente das variações nacionais, sublinhe-se o grande peso dos ativos jovens na emigração portuguesa. Ou seja, a emigração é seletiva e continua a contribuir para a redução do número de jovens em idade ativa: mais de um terço dos nascidos em Portugal com idades entre os 15 e os 39 anos vivem no exterior. Entre estes estão muitas mulheres jovens em idade fértil. Consequentemente, os nascimentos no estrangeiro de mães portuguesas representarão hoje cerca de um quinto dos nascimentos em Portugal.

A emigração amplia, pois, dinâmicas demográficas recessivas em Portugal só parcialmente compensadas pela imigração.
Analisando os dados relativos aos stocks, isto é, às populações portuguesas residentes nos países de destino, observa-se um maior equilíbrio global na relação entre sexos (51% de homens, 49% de mulheres). Porém, também neste caso a variação nacional é significativa: 40% dos portugueses a residir na Noruega são mulheres, percentagem que sobe para 53% no caso dos residentes no Reino Unido.
Em termos etários é possível distinguir três tipos de países de destino:
– países com populações muito envelhecidas e em diminuição (entre outros, Brasil, Canadá, EUA e Austrália);
– países com populações em envelhecimento e em estagnação ou diminuição (como a Alemanha, Espanha, França e Suíça);
– países com populações jovens e em crescimento (caso dos anglo-saxónicos e nórdicos).
Nos destinos os efeitos da emigração são simétricos dos observados na origem. A sua diminuição está associada a envelhecimento da população emigrante nos destinos mais antigos, enquanto o seu aumento, para os novos destinos, contribui para a constituição de populações jovens e em plena expansão.

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